Temas e Referências Bíblicas 2400 a 4484

4400 - CORAZIM é identificada na atualidade com as ruínas conhecidas (em árabe)
como Kerazh, situada quase 3 km ao norte de Cafarnaum. Entre as extensas ruínas,
encontram-se os restos de uma sinagoga, semelhante à que havia em Cafarnaum,
embora menor. Essa sinagoga foi construída com pedras de basalto negro e está
abundantemente adornada, tal como a sinagoga de Cafarnaum, porém é muito mais
bela. Podem ser vistos símbolos esculpidos, alguns dos quais são pagãos (uma cabeça
de medusa e um centauro lutando contra um leão). Outros representam aves e animais e
pessoas recolhendo uvas e espremendo-as. Nessa sinagoga os escavadores descobriram
um assento de pedra que correspondia à cadeira de Moisés que Jesus menciona (Mt
23:2). Era uma cadeira especial de honra, reservada para o mestre ou pregador principal
das sinagogas na época. Possuía braços, um encosto alto e, na parte da frente, uma
inscrição em aramaico: “Lembrado seja para sempre Yudan, filho de Ismael, que fez o
pórtico e as grades no portal. Que sua recompensa seja ter parte com os justos”.
Ver tb: Mt 11:21, Lc 10:13
4401 - CORINTO foi uma das cidades mais orgulhosas, ricas e perversas do mundo
antigo. Estava localizada na faixa de terra de 6 km de largura que unia a parte sul do
Peloponeso à parte continental da Grécia. Converteu-se facilmente no maior centro
comercial da Grécia por estar situada na estrada norte-sul e por possuir dois portos
marítimos florescentes: o de Cencréia, no leste, e o de Lechaeum, no oeste. Estava,
portanto, literalmente “na encruzilhada dos caminhos”. Em seus arredores, havia terras
férteis onde cresciam oliveiras, parreiras, tamareiras e outras árvores frutíferas.
Como cabeça da liga da Acaia, foi destruída em 146 a.C. por Múmio, o cruel líder
romano, que enviou carregamentos de esculturas, quadros e outros tesouros artísticos
para Roma. No ano 46 a.C., Júlio César reconstruiu a cidade, dotando-a de ruas amplas,
praças de mercado, templos, teatros, estátuas, fontes e o santuário de mármore branco e
azul, o rostra, onde eram pronunciados discursos e sentenças. Ao sul, estava a
Acrocorinto, colina que se levantava 152 m acima da cidade. No seu ápice, erguiam-se
o templo e a estátua de Afrodite (Astarte), deusa do amor e da fertilidade, que dominava
grande parte da vida social e religiosa do povo e cuja adoração estimulava a propagação
da imoralidade entre os cidadãos coríntios e os viajantes.
Paulo chegou a Corinto por volta de 52 d.C. e permaneceu ali um ano e meio, ganhando
a vida como fabricante de tendas. Durante esse tempo, judeus e gregos foram
convertidos pela sua pregação, e ele fundou a igreja à qual escreveu duas cartas
imortais. A cidade permaneceu quase sempre habitada até 1858, quando um grande
terremoto a destruiu. Os sobreviventes edificaram a nova Corinto a 6 km do local da
anterior. A cidade antiga encontrava-se em ruínas, sendo gradualmente enterrada por
muitos metros de areia, quando em 1856 a Escola Americana de Estudos Clássicos de
Atenas tomou posse do local e escavou vinte fossos experimentais em vários lugares.
No fosso número 3, desenterraram uma rua pavimentada de mais de 14 m de largura,
com calçadas e canais, mas sem rastros de rodas, o que indicava ser utilizada apenas por
pedestres. A rua estava orientada no sentido norte-sul, o que levou os escavadores a
segui-la, esperando encontrar a ágora (praça do mercado). Explorações sucessivas
revelaram muitos achados pequenos, tais como pedaços de esculturas, fragmentos de
jarros, relevos, objetos de barro cozido, um anjo, o umbral de mármore de uma porta
que continha a inscrição: “Sinagoga dos hebreus” e um bloco de pedra calcária sobre a
qual uma inscrição do século I dizia que Erasto, comissário e administrador da cidade,
havia pavimentado a praça com recursos próprios. Paulo menciona um “Erasto,
administrador [ou tesoureiro] da cidade” (Rm 16:23). É possível que a inscrição se
refira ao mesmo homem, mais tarde convertido ao cristianismo e em valioso
colaborador de Paulo. Entre as maiores descobertas constam um teatro grego, o templo
de Apolo, a antiga corte e fonte de Peirene, a ágora e a plataforma de julgamento, à qual
provavelmente Paulo foi trazido e colocado na presença de Gálio, sendo em seguida
absolvido. Foi encontrado também o piso inferior onde os gregos “se voltaram contra
Sóstenes, o chefe da sinagoga, e o espancaram diante do tribunal” (At 18:17)
A via Lecaion. Ao fundo, a Acrocorinto, rocha íngreme de cume plano que domina
a cidade.

“Erasto”: inscrição encontrada em Corinto.

Ver tb: At 18:1, At 19:1, 1Co 1:2, 2Co 1:1, 2Co 1:23, 2Tm 4:20
4402 - CORSABADE, a magnífica capital de Sargom, rei da Assíria, está situada 16
km ao norte de Nínive. As escavações começaram em 1842, sob a direção de Paul
Emile Botta. Ele encontrou uma grande cidade de 300 ha, disposta na forma de um
quadrado fortificado de 1600 m de largura, com sete portas e uma imponente área de
palácio de 10 ha. O palácio, com seu amplo centro doméstico, o luxuoso harém, três
magníficos templos e o elevado zigurate, estava situado sobre a plataforma terraplenada
de ladrilho de 10 ha, que se elevava 14 m sobre a área circundante. As paredes do
palácio foram construídas com grandes pedras quadradas cuja espessura variava de 3 a 5
m. Em determinado lugar, chegavam a 8 m de espessura. Dentro do palácio, havia
grandes salões de recepção profusamente adornados com inscrições, esculturas e
baixos-relevos que representavam deuses, reis, cenas de batalhas e cerimônias
religiosas. Muitas paredes estavam adornadas com touros alados detalhadamente
decorados e belamente fundidos ou lavrados em bronze. As entradas principais estavam
flanqueadas por magníficos e impressionantes touros alados com cabeças humanas, cujo
peso variava entre dez e trinta toneladas cada um. “As entradas e salas de recepção
mostravam todo o esplendor que os artistas assírios puderam dar-lhes. Os apartamentos
do harém estavam elegantemente adornados com afrescos, arabescos e estátuas de
mármore. Todos os pisos do interior foram construídos com lajes ou argila prensada, e
sobre eles eram colocados finos tapetes. Os pátios exteriores e os espaços abertos
estavam calçados com lajes muito coloridas e blocos de mármore. Nas paredes, quadros
esculpidos descreviam em liguagem visual rica em detalhes a vida diária, os prazeres, a
aparência, os costumes, a religião e a história dos assírios. As lajes das paredes de três
dos magníficos salões do palácio mostravam em minúcias o relato dos quinze anos de
reinado do poderoso monarca. Encontravam-se magnificamente descritas algumas
batalhas, como as de Ráfia e a segunda de Karkar. Vários aspectos da vida ativa do
poderoso rei eram mostrados, inclusive sua campanha na Palestina e na costa
mediterrânica, quando demoliu toda resistência e ocasionou a ruína de todos os países,
exceto Judá.”Os arqueólogos encontraram “tantas esculturas, tantas estátuas e um
número tão grande de relevos que ficaram aturdidos. Porém, prosseguiram o trabalho
com harmonia, ânimo e dedicação nos quentes e poeirentos meses de verão até outubro,
quando todos os vestígios das paredes do palácio desapareceram”.Victor Place
responsabilizou-se pelas escavações durante o ano de 1851, e “seus trabalhadores árabes
descobriram catorze barris cilíndricos inscritos com registros históricos, um armazém
cheio de cerâmica, outro cômodo cheio de lajes e outro que continha ferramentas
diversificadas em excelente estado de conservação. Ele foi particularmente feliz ao
recolher pequenos objetos de argila, de pedra, de vidro e de metal, que lançaram mais
luz sobre a vida cotidiana do povo. Place desenterrou ainda os banheiros, o forno e a
adega do rei, esta facilmente identificada pelas jarras pontiagudas que descansavam em
fila dupla nas pequenas cavidades do piso, das quais despendeu um forte odor de
levedura depois que a primeira chuva dissolveu os sedimentos vermelhos. Place
descobriu também dois magníficos touros com cabeça humana, que sem dúvida são os
produtos mais impressionantes da escultura assíria existentes hoje. Ele entregou os
touros a Rawlinson como permuta, e hoje eles estão na entrada da galeria assíria, no
Museu Britânico. Place não realizou tantas descobertas surpreendentes de grandes
monumentos quanto Botta. Contudo, os numerosos objetos pequenos que desenterrou
eram de grande importância. E o mais importante de tudo foi que seu trabalho tornou
possível uma visão mais clara da cidade de Corsabade e de seu fundador e poderoso
governador, Sargom II, o grande rei, o poderoso rei [...] o rei da Assíria. Mas, quem foi
esse Sargom? Antes dessas descobertas, nenhum historiador secular havia feito menção
nem do reinado nem de um monarca assírio com esse nome. Até então, o único escritor
a mencionar Sargom pelo nome era Isaías, o profeta eloqüente, que entre p.rênteses
havia dito: No ano em que o general enviado por Sargom, rei da Assíria, atacou Asdode
e a conquistou (Is 20:1). Alguns eruditos, porém, fora do campo da fé na realidade
histórica da Bíblia, haviam afirmado que jamais existira um rei assírio com esse nome.
No entanto, nas crônicas de Sargom talhadas nas paredes de seu palácio, estava a versão
autorizada do assédio final e captura de Samaria e da deportação de seus habitantes: No
primeiro ano de meu reinado [...] sitiei e capturei a cidade de Samaria. Levei cativas de
seu meio 27290 pessoas. Tomei cinqüenta carros de guerra que foram somados à minha
força real [...] Regressei e fiz mais do que anteriormente havia feito para a residência
deles. Nomeei meus funcionários governadores sobre eles. Impus sobre eles tributo e
impostos à maneira assíria. Mais adiante, ainda em suas crônicas, Sargom ajuda a
explicar a passagem de Isaías 20, que descreve a tomada de Asdode: Azuri, rei de
Asdode, também planejou em seu coração não pagar impostos, e entre os reis seus
vizinhos espalhou o ódio contra a Assíria. Devido ao mal que ele havia feito, cortei seu
domínio sobre o povo de seu país. Na ira de meu coração, não passei em revista o
grosso de meu exército. Não reuni todo o meu acampamento. Apenas com minha
guarda pessoal de hábito, marchei contra Asdode. Eu a sitiei e conquistei. Tomei como
despojo seus deuses, sua esposa, seus filhos, suas filhas, suas propriedades, os tesouros
de seu palácio, junto com o povo de seu país’”.
4403 - DAMASCO, a “Pérola do Leste”, é considerada a mais antiga cidade do mundo
a ter história contínua, que começa na época de Uz (neto de Noé) e chega aos nossos
dias. Durante esses longos séculos, Damasco sempre foi “a cidade mais importante da
Síria” e a metrópole dos povos do deserto. Sua longa existência deve-se ao fato de estar
localizada em uma planície de 24 000 ha (689 m acima do nível do mar), que é um dos
oásis mais férteis do mundo. A cidade e a planície circundante devem sua vida e
prosperidade aos famosos rios Farfar e Abana, de reputação bíblica (2Rs 5:12). O
Abana, conhecido atualmente como Barada, divide-se como um leque em sete
tranqüilos braços, que por sua vez se subdividem em muitos riachos, os quais abastecem
os lares, jardins, hortos e vinhas de cerca de 400 mil pessoas de Damasco e arredores.
Esses riachos submergem adiante, nas areias do deserto, uns 29 km na direção leste. O
Farfar, hoje conhecido como Ava, nasce nas colinas ao pé do monte Hermom e flui
cerca de 11 km até o sul de Damasco, onde rega o campo de hortos circundantes. Nessa
cidade, ainda existem ruínas de muros e portas muito antigos, alguns da época romana.
Em dois lugares distintos, é apontada uma janela enladrilhada como aquela através da
qual Paulo foi “baixado numa cesta” (2Co 11:33). Todavia, isso serve apenas para
ilustrar a história, pois a obra de alvenaria que aparece imediatamente ao redor das duas
janelas dificilmente pertenceria à época romana. A rua chamada Direita começa na
porta Oriental e prossegue na direção oeste até atingir o centro da cidade. A casa de
Ananias, conforme pode ser vista hoje, é uma capela baixa, semelhante a uma caverna, a
5 ou 6 m abaixo do nível da rua. Essa é possivelmente a localização correta da casa, mas
a rua Direita estava então em um nível mais baixo, conforme o demonstra a descoberta
das ruínas de outra rua. A rua atual já não é o amplo passeio público de 1,5 km
comprimento e quase 30 m de largura, ao longo da qual “rangiam os carros de guerra
romanos”. Todavia, é bastante reta, e no extremo ocidental estão alguns bazares
telhados que apresentam a cena admirável e variada de um comércio bastante animado,
tão genuinamente oriental quanto poderia ser encontrado em qualquer parte do mundo.
A Grande Mesquita, que quanto ao caráter sagrado só pode ser superada pelas mesquitas
de Meca, Medina e Jerusalém, é o edifício mais antigo e venerado de Damasco.
Representa três períodos da história e as três religiões que a dominaram: o paganismo, o
cristianismo e o islamismo. Os maciços alicerces e as colunatas exteriores pertencem a
um templo grego ou romano. Na opinião de alguns, é provável que seja esse o lugar do
templo de Rimom (Hadade), onde Naamã depositou a terra carregada por duas mulas e
ergueu seu altar particular (2Rs 5:17,18). Mais tarde, Acaz viu o altar desse templo e
mandou que o reproduzissem em Jerusalém (2Rs 16:10-13). Sob o domínio dos
romanos, o templo foi dedicado a Júpiter. Depois que Constantino converteu-se ao
cristianismo, no século IV, o templo foi reconstruído e transformado em uma imensa
igreja que Teodósio dedicou a João Batista. Quando os muçulmanos capturaram
Damasco, em 634 d.C., a edificação foi remodelada e convertida em suntuosa mesquita.
O edifício sofreu três incêndios, sendo, porém, restaurado em todas as ocasiões. Em sua
condição atual, a Grande Mesquita consiste de uma estrutura quadrangular de 146 x 99
m, rodeada de excelentes muros de alvenaria e coroada com uma esplêndida cúpula, três
torres elevadas e uma multidão de minaretes (torres pequenas). Um desses minaretes é
conhecido como “o minarete de Jesus”, porque, segundo a tradição islâmica, “Jesus
aparecerá no alto desse minarete no dia do Juízo final”. No lado sul da mesquita, na viga
superior de uma pouco usada mas esplêndida porta, há uma inscrição em grego: “Teu
reino, ó Cristo, é um reino eterno”.
Ver tb: Gn 14:15, Gn 15:2, 2Sm 8:6, 1Rs 11:24, 1Rs 19:15, 1Rs 20:34, 2Rs 5:12, 2Rs
8:7, 2Rs 14:28, 2Rs 16:9, 1Cr 18:5, 2Cr 16:2, 2Cr 24:23, 2Cr 28:5, Is 7:8, Is 10:9, Is
17:1, Ez 27:18, Ez 47:16, Ez 48:1, Am 1:3, Am 3:12, Am 5:27, Zc 9:1, At 9:2, At 9:8,
At 9:19, At 22:6, At 22:11, At 26:12, At 26:20, 2Co 11:32, Gl 1:17
4404 - DÃ, conhecida atualmente como Tel el-Qadi [Pequeno Monte do Juiz], foi
considerada durante muito tempo a fronteira setentrional da terra de Israel, “desde Dã
até Berseba”. Além do mais, foi a cidade onde Jeroboão ergueu o bezerro de ouro. Hoje
em dia Tel el-Qadi é um montículo quadrangular que se eleva de 9 a 24 m sobre a
planície e tem uns 457 m de comprimento por 213 de largura. O montículo está ocupado
por ruínas de pouca importância: três grandes árvores, uma quantidade considerável de
arbustos, muitos jardins e a tumba de um santo muçulmano. É o maior manancial
encontrado em terras bíblicas e possivelmente no mundo. Nasce no extremo ocidental
do montículo e é um dos principais afluentes do Jordão. Ainda que até hoje só se
tenham realizado explorações superficiais no lugar, elas demonstram que Dã foi
ocupada de 2600 a 600 a.C., aproximadamente. Tanto a história sagrada quanto a
secular convergem para ali em acontecimentos singulares e emocionantes. O montículo,
por ser atraente, tornou-se um dos lugares de maior desafio para a escavação em todas
as terras bíblicas.
Ver tb: Dt 33:22, Dt 34:1, Js 19:47, Jz 13:25, Jz 18:27, Jz 18:29, 1Rs 4:25, 1Cr 21:2,
2Cr 30:5
4405 - DERBE foi a cidade em que Paulo pregou o evangelho e ganhou muitas pessoas
para Jesus, entre as quais Gaio (At 14:6,20; 20:4). Derbe ainda não foi localizada com
segurança. Todavia, é geralmente identificada com um monte de considerável tamanho
localizado 24 km a sudeste de Listra. Ali foi encontrada uma inscrição de dedicatória
por um concílio, feita pelo povo de Derbe em honra do imperador Antonino Pio, no ano
57 d.C. Nessa região, foram descobertas colunas romanas e restos de cerâmica e
moedas, indicando que o lugar foi habitado nos períodos helenístico e romano.
DESERTO DA JUDÉIA, CAVERNAS DO (v. Cavernas do deserto da Judéia)
Ver tb: At 14:6, At 14:20
4406 - DIBOM foi em certa época a capital de Mesa, rei de Moabe. Está situada à beira
da estrada, 5 km ao norte do rio Arnom. Suas extensas ruínas cobrem as ladeiras de dois
montículos adjacentes. O montículo do sul está ocupado por uma cidadela e pela aldeia
atual, e, afortunadamente para os propósitos arqueológicos, o do norte está totalmente
desocupado. Ambos estão rodeados de muros que parecem antigos. Dibom tem sido
notável para a arqueologia desde 1868, quando um amigável xeque árabe despertou a
atenção do dr. F. A. Cline para uma pedra ovalada na parte superior, que sobressaía do
solo poeirento. Na superfície frontal, havia uma inscrição em caracteres hebraicos,
levando o dr. Cline a acreditar que ela teria valor histórico. Após copiar algumas
palavras do monumento, enviou-as ao museu de Berlim e ofereceu ao xeque
quatrocentos dólares pela pedra, mas o xeque ficou protelando, sem querer dar uma
resposta. Enquanto isso, a notícia chegou aos ouvidos de M. Clermont-Ganneau,
renomado orientalista do consulado francês em Jerusalém. Ele tomou providências para
que se fizesse um fac-símile (impressão sobre a superfície do papel, ou “cópia fiel”) da
inscrição sobre a pedra e apresentou uma oferta maior de dinheiro ao xeque.
Despertados para o possível valor da pedra, os árabes esquentaram-na até uma alta
temperatura e derramaram água fria sobre ela, quebrando-a em muitos pedaços. Em
seguida, segundo o costume árabe, distribuíram os fragmentos entre as famílias mais
destacadas da tribo da pessoa que havia achado a pedra. Clermont-Ganneau, por meio
de seu ajudante árabe, adquiriu das diferentes famílias quase todos os pedaços. Em
seguida, usando o fac-símile como guia, reconstituiu o monumento pedaço por pedaço e
transportou-o para o Museu do Louvre, em Paris. Permitiu que o Museu Britânico e
outras entidades similares fizessem réplicas. A pedra Moabita (conforme é conhecida
hoje) é um bloco de basalto negro semelhante a uma lápide sepulcral do século XIX.
Mede 1,17 m de altura, 60 cm de largura e 36 de espessura. Na superfície frontal,
existem 34 linhas de escritura alfabética, que em conteúdo é semelhante e complementa
o relato bíblico da rebelião de Mesa (2Rs 3:1). A pedra foi erigida por Mesa em Dibom,
por volta de 850 a.C. A inscrição, em parte, diz: “Eu sou Mesa, filho de Quemos [...] rei
de Moabe, o dibonita [...] Meu pai governou sobre Moabe trinta anos, e eu governei
depois de meu pai. Edifiquei este lugar alto a Quemos [ou Camos] por causa da
libertação de Mesa, porque ele me salvou de todos os reis e me permitiu ver meu desejo
sobre todos os que me odiavam. Onri, rei de Israel, oprimiu a Moabe durante muitos
dias porque Quemos estava desgostoso com seu país. Seu filho lhe sucedeu e também
disse: eu oprimirei a Moabe. Em meus dias, ele falou segundo essa palavra, mas vi meu
desejo sobre ele e sobre sua casa, e Israel pereceu com uma perda eterna. Onri se havia
apossado de toda a terra de Medeba e morou nela em seus dias e na metade dos dias de
seu filho [...] Mas Quemos a restaurou nos meus dias”.As Escolas Americanas de
Investigação Oriental iniciaram em Dibom importantes escavações em 1950,
continuando por muitas temporadas. Até agora foram descobertos cinco muros da
cidade, uma grande torre quadrada, muitos edifícios, considerável quantidade de trigo
carbonizado e um pequeno fragmento de uma estela inscrita, parecida com a pedra
Moabita. Um dos muros foi construído com blocos grandes e quadrados, medindo 2,3 a
3,3 m de espessura. Acredita-se que seja da época em que a cidade estava sob o governo
de Mesa. Ali existe alvenaria desde a Idade do Bronze Antigo (3000-2000 a.C.) até a
época dos árabes, mas há muito da Idade do Bronze Médio, bem como do Tardio. Tudo
indica que o lugar era pouco mais que um nome quando Israel passou por suas
proximidades a caminho de Canaã.
Desenho da pedra Moabita. Há 34 linhas escritas na pedra, descrevendo a história
moabita e mencionando um conflito com Israel.

Ver tb: Nm 21:30, Nm 32:3, Nm 32:34, Nm 33:46, Js 13:9, Js 13:17, Ne 11:25, Is 15:2,
Jr 48:18, Jr 48:22, Jr 49:23
4407 - DOTÃ, atualmente conhecida como Tell Dotha, situa-se 19 km ao norte da
antiga cidade de Samaria. Encontra-se representada por um pequeno monte de 4 ha na
parte superior e 6 nas laterais. Foi ali que os irmãos de José o lançaram em uma cisterna
e em seguida o venderam a uma caravana de ismaelitas e midianitas que passava (Gn
37:17-28). Foi também o lugar em que Eliseu teve a visão das montanhas cheias de
cavalos e de carros de guerra celestiais, que o motivou a informar seu criado de que
“aqueles que estão conosco são mais numerosos do que eles” (2Rs 6:13-23). As
escavações realizadas nesse lugar desde a primavera de 1953 sob a direção do dr.
Joseph P. Free, da Wheaton College, revelaram onze níveis de ocupação sucessiva,
desde a Idade do Bronze Antigo (3000-2000 a.C.) até a Idade do Ferro Médio (1000-
586 a.C.). Em todos esses níveis, foram encontrados portas, muros e outros objetos.
Todavia, é dada atenção especial ao nível da Idade do Bronze Médio (2000-1500 a.C.),
a cidade dos dias de José, e ao nível da Idade do Ferro Médio (900-586 a.C.), a cidade
dos dias de Eliseu. Próximo ao primeiro nível, havia um pesado muro. Em uma de suas
esquinas, foi encontrado o esqueleto de um menino sepultado em um cântaro de
cerâmica da Idade do Bronze Médio. Os escavadores concluíram que esse pode ter sido
um sacrifício similar ao que fez Hiel nos alicerces do muro da cidade que construiu,
quando reedificou Jericó (1Rs 16:34). As áreas exploradas da cidade dos dias de Eliseu
mostram ruas estreitas e casas pequenas com porões de armazenamento e fornos de pão.
Nesse nível, foram encontradas quinze peças de prata guardadas em uma caixa de
cerâmica. É provável que se trate do preço da alforria de alguém.
Ver tb: Gn 37:17, 2Rs 6:13
4408 - EBLA (TELL MARDIK). A nordeste da Síria, na metade do caminho entre o
Egito e a Assíria, existe uma série de impressionantes pequenos montes. Por muitas
décadas, foram negligentemente apontados como montículos erguidos por causa do
assédio dos hicsos às cidades durante sua expansão rumo ao sul, nos séculos XVI e XV
a.C. Outros diziam que eram cidades árabes dos séculos VII e VIII d.C. O mais
impressionante dentre eles é conhecido como Tell Mardik, localizado cerca de 48 km ao
sul da moderna Alepo. Eleva-se uns 15 m sobre a planície e cobre uma superfície de 57
ha. Na primavera de 1964, o dr. Paolo Matthiae, professor de arqueologia do Oriente
Próximo da Universidade de Roma, obteve permissão para escavar Tell Mardik em
companhia da esposa Gabriela e de uma eficiente equipe de ajudantes. Eles escavaram
fossas quadradas de 4 x 4 m, separadas por 1 m, semelhantes às que haviam sido feitas
por Kathleen Kenyon em Jericó e em Jerusalém. Em cada quadrado, trabalhavam um
cavador, um homem com uma pá e outro com um carrinho de mão. Os supervisores
eram o diretor, o sub-diretor e um chefe de campo. Nos primeiros anos, foram
realizadas sondagens em várias partes do montículo. Desenterraram as portas da cidade,
semelhantes às de Salomão em Gezer e Megido, bem como dois pequenos templos em
forma de capela, parecidos com os famosos templos de Siquém, Megido e Hazor. Todos
datam de entre 2000 e 1600 a.C., período correspondente à Idade do Bronze Médio I e
II. Em 1968, os arqueólogos descobriram uma estátua real que trazia uma inscrição
dedicada a um tal Ibbit-Lim, “senhor da cidade de Ebla, e à deusa Istar”. Imediatamente,
constatou-se que estavam escavando a notável metrópole do reino de Ebla — um
imenso império semítico, cujo centro estava localizado nas planícies da moderna Síria.
Os arqueólogos pressentiam havia muito tempo a existência dessa civilização no norte
da Síria, baseados em referências ocasionais encontradas em inscrições antigas
provenientes das cidades de Ur, Lagash, Nipur e Mari e do Egito. Agora tinham diante
de si a confirmação da existência de muitos lugares ligados a acontecimentos históricos.
Em 1973, foi iniciado o trabalho na Ebla da Idade do Bronze Antigo (2400-2225 a.C.).
Uma tabuinha encontrada pelos escavadores indicava que a cidade nesse período estava
dividida em dois setores: uma acrópole (a cidade alta) e a cidade baixa. A acrópole
continha quatro complexos de edifícios: o palácio da cidade, o palácio do rei, o palácio
dos servos e os estábulos. A cidade baixa estava dividida em quatro instalações, e cada
uma delas tinha uma porta: a porta da cidade, a porta de Dagam, a porta de Rasape e a
porta de Sipis. Em 1975, ao escavar o palácio da cidade, centro administrativo principal,
encontraram as ruínas de um grande palácio real de três andares, que florescera quatro
gerações antes do nascimento de Abraão. O palácio tinha um amplo auditório (de 30 a
52 m, com um pórtico de colunas de pedra e de madeira entalhada, adornadas de ouro e
lápis-lazúli), um quarto na torre e dois quartos menores na entrada do pátio. No quarto
da torre, havia 42 tabuinhas cuneiformes com anotações sobre negócios e uma tabuinha
pequena com exercícios escolares. No ano seguinte, os escavadores trabalharam nas
duas salas à entrada do pátio. Na primeira, encontraram cerca de mil tabuinhas com
anotações de negócios e assuntos administrativos, “espalhadas e desordenadas”. A
segunda sala era uma grande biblioteca — guardava arquivos reais autênticos, que
consistiam de 15 mil tabuinhas, colocadas em ordem nas estantes de madeira. Porém, o
palácio fora consumido por um incêndio. As chamas devoraram as estantes de madeira,
mas as tabuinhas ficaram amontoadas. A senhora Matthiae informou: “Era uma cena
assombrosa. Eu não podia acreditar que havíamos descoberto um tesouro tão imenso,
tão belo e tão importante. Até meu marido, que raramente perde o sangue-frio,
comoveu-se diante de experiência tão emocionante. De repente, sentiu o que devem ter
sentido os arqueólogos do século passado, como Botta, ao descobrir os arquivos de
Assurbanipal, ou Hilprecht, quando desenterrou as tabuinhas de Nipur”.
Em uma sala próxima, foram descobertas outras mil tabuinhas de barro, semelhantes a
rascunhos de escritura. Os escavadores concluíram que a sala pertencia a um escriba.
Em outra sala, havia oitocentas tabuinhas e, junto a elas, figuras de madeira belamente
entalhadas, impressões de selos e placas de madeira, de ouro e de lápis-lazúli. Foi
encontrada também uma lâmina de ouro. Consciente da gigantesca tarefa que se erguia à
sua frente, o dr. Matthiae chamou em seu auxílio Giovanni Pettinato, Diretor do
Departamento de Assiriologia e Sumeriologia da Universidade de Roma. Pettinato
concluiu que a maioria das tabuinhas estava escrita em caracteres sumérios cuneiformes
(em forma de cunha), o idioma escrito mais antigo do mundo. As próprias tabuinhas,
todavia, datavam da metade do III milênio a.C. Uma tabuinha maior que as demais era
nada menos que um dicionário, pelo qual Pettinato pôde decifrar muitas outras
tabuinhas eblitas. Cerca de 20% das tabuinhas estavam escritas no idioma semítico
usado na região nordeste, ao qual Pettinato chamou paleocananeu (cananeu antigo),
embora a escrita utilizada fosse também suméria cuneiforme. Ele afirmou que esse era o
idioma falado em Ebla, próximo do hebreu bíblico no vocabulário e na gramática mais
que qualquer outro dialeto cananeu, inclusive o ugarítico. Conteúdo e significado das
tabuinhas. As tabuinhas desenterradas até agora somam quase 20 mil. A maior parte
delas é de grande tamanho. As que foram traduzidas (somente uma fração do total)
informam sobre a economia, a administração, a educação, a religião, o comércio e as
conquistas do grande império comercial esquecido nas tradições históricas do Oriente
Próximo. Os escavadores trabalharam 18 temporadas, até novembro de 1982. Acreditase
que sejam necessários duzentos anos para explorar o restante de Tell Mardik e
adjacências e digerir toda a informação recolhida nas tabuinhas. Ainda assim, o que foi
achado até agora trouxe luz a muitos aspectos da investigação no campo da história da
Antiguidade e da arqueologia bíblica. Em muitos pontos, as tabuinhas de Ebla são
consideradas as mais significativas, pois esclarecem a história antiga e os antecedentes
primitivos da Bíblia mais que qualquer outra descoberta arqueológica ocorrida até hoje.
A cidade de Ebla, cuja população — indicada em uma tabuinha — era de 260 mil
habitantes, foi uma das maiores potências do antigo Oriente Próximo no III milênio a.C.
A influência comercial e política desse império estendeu-se para além de suas
fronteiras, desde o Sinai, no sudoeste, até a Mesopotâmia, no leste. Como centro
comercial de grande importância, controlava as rotas comerciais leste—oeste de grãos e
de gado provenientes do oeste, de madeira de cedro do Líbano e de metais e têxteis da
Anatólia, a terra dos hititas. Controlava também o intercâmbio de prata, de ouro e de
várias outras mercadorias que provinham de Chipre e de outros países mediterrâneos.
Ebla foi uma florescente civilização semítica. Suas “artes prosperaram, e seus artesãos
eram muito conhecidos pela qualidade do trabalho em metal, dos têxteis, da cerâmica e
das obras de carpintaria. Eles fabricavam telas de escarlate e de ouro, armas de bronze e
móveis de madeira. O sistema educativo era muito avançado. Conservavam registros na
própria língua em tabuinhas de barro, e estas eram guardadas em arquivos nas
profundidades dos sótãos do palácio real”. Tudo isso existiu mais de mil anos antes da
brilhante civilização de Davi e Salomão. Ebla teve um rei e uma rainha. À semelhança
de Israel, seus reis eram ungidos. Também havia profetas. O rei estava sempre bem
informado dos assuntos de Estado, e à rainha era dedicado respeito semelhante. O
príncipe herdeiro ajudava nos assuntos domésticos e administrativos, enquanto o
segundo filho auxiliava o pai nos assuntos estrangeiros. As tabuinhas são explícitas
acerca da estrutura do Estado e da dinastia real. Mencionam seis reis, entre os quais
figura Ebrum. A semelhança do nome com o de Éber, pai dos semitas (Gn 10:21), é
surpreendente, já que é praticamente o mesmo nome do descendente direto de Noé e
antecessor de Abraão, na sexta geração. Outros nomes encontrados nesses textos e mais
tarde encontrados em personagens bíblicas são: Abraão, Esaú, Saul, Miguel, Davi,
Israel e Ismael. Eram cerca de quinhentos os deuses adorados em Ebla, entre eles El e
Yah. El é a forma abreviada de Elohim, usada mais tarde pelos hebreus, e que aparecia
também nas tabuinhas ugaríticas. Alguns crêem que Yah seja a forma abreviada de Iavé
ou Jeová, usada pelos habitantes de Ebla para designar seu Deus supremo e os deuses
em geral. Os outros deuses principais eram: Dagam, Rasap (Resef), Sipis, (Samis),
Astar, Adade, Kamis e Malique. Ao registrar o comércio e os tratados de Ebla, as
tabuinhas mencionam o nome de centenas de lugares, entre os quais Urushalim
(Jerusalém), Gaza, Láquis, Jope, Astarote, Dor e Megido, bem como o de cidades a leste
do Jordão. A tabuinha 1860 menciona as cidades da planície na mesma ordem em que
são citadas em Gênesis 14:2 (Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Belá, ou Zoar) —
com as quais Ebla mantinha movimentado intercâmbio. Era a primeira vez que os
nomes desse lugares eram encontrados fora da Bíblia. O dr. David Noel Freedmen
afirmou que o registro é anterior à grande catástrofe que envolveu Ló, porém muitos
estudiosos modernos consideram a declaração totalmente fictícia. Os textos contêm
histórias cananéias da Criação e do Dilúvio e um código cananeu de leis. A tabuinha da
Criação, um belo poema de dez linhas, concorda mais com a narrativa de Gênesis que
qualquer outra encontrada até hoje. Em síntese, parte do poema diz: “Houve uma época
em que não existia o céu, e Lugal (“o Grande”) o formou do nada. A terra não existia, e
Lugal a fez. A luz não existia, e ele a fez”.A história do Dilúvio é registrada nas cinco
colunas de uma tabuinha. Só haviam sido decifradas duas colunas quando este artigo foi
escrito. Até agora, Ebla foi apenas parcialmente escavada. Já foram descobertos, no
entanto, parte do palácio real, dois templos, uma fortaleza, três portas da cidade e cerca
de 20 mil tabuinhas. As tabuinhas são parte dos arquivos oficiais de um grande império.
Em certa época, Ebla governou sobre Mari e lhe cobrava tributos. Os contratempos
vieram, e a antiga Ebla foi destruída. Tudo indica, porém, que a destruição foi
incompleta, pois Ebla experimentou uma sobrevida na primeira parte do II milênio a.C.
Desse período, os escavadores só encontraram restos arquitetônicos e a estátua do rei
Ibbit-Lim. Por volta de 1800 a.C., Ebla tornou-se Estado vassalo do grande reino de
Alepo, que as cartas de Mari mencionam como Yamhad. Duzentos anos depois, Naram-
Sin, rei de Acade, derrotou Ebla em uma batalha e destruiu a cidade. Ebla jamais se
recuperou do desastre e permaneceu sepultada sob os próprios escombros, até que os
escavadores modernos começaram a ressuscitá-la. A contribuição de Ebla à arqueologia
e à geografia histórica enriquece o cenário bíblico, tornando-o mais real, embora Ebla
haja precedido o Israel antigo de quatrocentos a mil anos. Ela proporciona ao estudante
da Bíblia uma compreensão mais plena da vida e da época do mundo mediterrâneo
oriental do III milênio a.C. e da civilização que formou parte da herança de Abraão.
Uma das tabuinhas de argila descobertas em Ebla. O grande número de tabuinhas e a
data remota em que foram escritas tornam o lugar especialmente significativo para os
estudiosos da Bíblia.

4409 - ECBATANA, atualmente conhecida como Hamadã, era a primitiva capital dos
medos. Mais tarde, chegou a ser a capital suméria de Ciro, o Grande. Em Esdras 6.2,
lemos que o rolo sobre o qual Ciro escreveu seu decreto para a libertação dos judeus e a
reconstrução de Jerusalém não pôde ser encontrado “nos arquivos da Babilônia”.
Todavia, o rolo foi encontrado mais tarde no palácio de Ecbatana, onde, ao que parece,
Dario, o Medo (Gobrias), o havia colocado. Sendo o general de mais alta graduação no
exército de Ciro, Dario fora nomeado rei da Babilônia por um tempo. Ao sair em
direção à sua cidade, Ecbatana, levou o decreto consigo e colocou-o nos arquivos do
palácio. Escritores antigos dizem que a cidade tinha sete muros, cada um de uma cor
diferente, e que o muro interior era revestido de ouro. Semíramis, rainha assíria,
construiu em Ecbatana um formoso palácio, no ano 800 a.C., e em 546 a.C. Ciro
conquistou a Lídia e trouxe seu rei, Creso, e sua riqueza para Ecbatana. A moderna
cidade de Hamadã está construída sobre o montículo da antiga Ecbatana, tornando
quase impossível a escavação das ruínas dessa capital fabulosamente rica. Porém foram
feitas descobertas casuais de alguns objetos de ouro e prata e de uma cabeça de boi com
chifres em forma de lança, adornada com um leão em relevo. A cabeça encontra-se
atualmente no Museu Britânico e data de cerca de 1200 a.C. Também foi encontrada
uma inscrição trilíngüe, em persa, elamita e babilônico, línguas de Artaxerxes Mnemon,
rei da Pérsia de 405 a 362 a.C. No Museu Britânico, acha-se o pedaço da tabuinha de
argila na qual estão inscritas as crônicas de Nabonido, que registra a captura da cidade
por Ciro. Cerca de 128 km a oeste de Ecbatana, situada no alto de uma ladeira, está a
famosa inscrição de Behistum — o maior letreiro ao ar livre já erigido no mundo, que
retrata Dario, o Grande, recebendo homenagens de dez reis vencidos. A história
completa é relatada em uma inscrição trilíngüe que acompanha a gravura.
Ver tb: Ed 6:2
4410 - EDREI é o lugar em que Ogue, rei de Basã, foi derrotado pelos israelitas.
Atualmente, a cidade é conhecida pelo nome de Deráh e forma uma importante
confluência de caminhos situada uns 97 km ao sul de Damasco. O montículo próximo
da cidade moderna possui muitas ruínas, inscrições e restos superficiais de cerâmica que
dão testemunho de sua contínua ocupação desde o III milênio a.C. até épocas recentes.
Todavia, sua fama é devida à inigualável cidade subterrânea que se encontra sob o atual
montículo. Chega-se a essa cidade antiga através de um comprido pátio, e um passadiço
estreito conduz para baixo até uma porta de pedra, que serve de entrada à cidade
propriamente dita. Nesse lugar há salas, passagens em espiral, uma ampla rua com
habitações e calçadas de ambos os lados, muitas ruas transversais, uma praça de
mercado e um esplêndido salão de reunião cujo teto plano é formado de uma única
lousa de jaspe. Tudo é sustentado por colunas de três metros de altura e ventilado por
entradas de ar. Acredita-se que essa extraordinária cidade tenha sido construída próximo
da época de Herodes, o Grande, ou possivelmente antes, como lugar de refúgio para os
tempos de distúrbios ou de guerra. Nesse lugar, as pessoas estavam preparadas para
resistir ao assédio de qualquer inimigo, “enquanto seus depósitos estivessem cheios de
comida, seus estábulos de gado e suas cisternas de água”. Essa cidade subterrânea
permaneceu habitada a maior parte do tempo desde que foi construída.
Ver tb: Nm 21:33, Dt 1:5, Js 13:31
4411 - ÉFESO era o centro comercial, político e religioso da Ásia ocidental e estava
situada próximo do lugar em que os rios Caister e Meandro desembocam no mar Egeu.
Plínio dizia que, “nos tempos antigos, o mar lavava o templo de Diana”, mas o porto e a
superfície em geral se sujaram gradualmente. Na atualidade, as ruínas da cidade jazem
em uma planície baixa, a 6 ou 8 km do mar.Éfeso, à semelhança de outras cidades da
Antiguidade, era profundamente religiosa. Sua devoção principal estava voltada para
Diana (chamada Artemis pelos gregos), a deusa da fertilidade. Foram construídos para
ela, no mesmo lugar, três santuários em épocas primitivas (o primeiro data do fim do
século VIII a.C., aproximadamente) e dois formosos templos. O primeiro templo foi
iniciado por volta de 550, dedicado em 430 e incendiado em 356 a.C., na noite do
nascimento de Alexandre, o Grande. A construção do último templo levou mais de
trinta anos. As mulheres de Éfeso venderam suas jóias a fim de arrecadar fundos para a
construção. Os
reis doaram colunas e artefatos de ouro, enquanto mobiliários de toda classe chegavam
de muitas nações. Quando o templo foi concluído, em 323 a.C., consideraram-no o mais
esplêndido edifício de todo o mundo grego e uma das sete maravilhas do mundo antigo.
O templo chegou a ser imensamente suntuoso devido ao volume de presentes e doações.
Tornou-se particularmente conhecido graças à imagem de Diana, a qual os crédulos
diziam haver caído do céu (At 19:35). Paulo trabalhou em Éfeso três anos e pôs o
fundamento da igreja cristã mais forte do século I. Seu ministério foi tão eficaz que os
crentes que “tinham praticado ocultismo reuniram seus livros e os queimaram
publicamente” (At 19:19). Além disso, o culto a Diana declinou até que Demétrio, o
ourives, provocou um motim contra Paulo (At 19:24,38). Timóteo e João continuaram a
obra ali e em outras seis igrejas da região. À medida que o cristianismo avançava, o
culto a Diana entrava em declínio. Em 262 d.C., o templo foi saqueado e incendiado
pelos godos e finalmente abandonado após o edito de Teodósio, que fechou os templos
pagãos. A cidade diminuiu de tamanho em conseqüência de epidemias de paludismo, e
os edifícios invadidos pelo lodo do rio foram sepultados pelo pó das eras. As escavações
em Éfeso começaram no dia 2 de maio de 1863, por encargo do Museu Britânico e sob a
direção do arquiteto J. T. Woody, e estenderam-se até 1874. O principal objetivo de
Wood era localizar o templo de Diana, mas trabalhou durante seis anos sem resultado
significativo. Ao escavar no teatro, porém, encontrou uma inscrição que narrava como
as imagens de Diana eram levadas do templo ao teatro no dia do aniversário da deusa e
como a procissão entrava na cidade pela porta Magnésia e saía pela porta Corésia.
Wood encontrou essas portas e assim descobriu a rua que conduzia ao templo, que foi
descoberto e escavado durante cinco anos. Davi C. Hogarth continuou o trabalho no
templo nos anos 1904 e 1905. O Instituto Austríaco de Arqueologia começou a escavar
em 1898 e por mais de trinta anos realizou minuciosas escavações que lhe permitiram
uma visão geral da cidade. Os escavadores constataram que os muros da cidade de
Éfeso mediam quase 8 km de comprimento e encerravam uma extensão de mais de 400
ha. Eram muros altos, e algumas ruas estavam calçadas de mármore. A rua mais
importante conduzia do teatro ao porto, situado a 800 m de distância. A rua media 11 m
de largura e estava flanqueada por colunatas, atrás das quais existiam armazéns e outros
edifícios esplêndidos. Em cada extremo, havia entradas monumentais. O lugar do
templo da “Artemis dos Efésios” situava-se quase 1,5 km a noroeste do muro da cidade.
O muro fora construído sobre uma enorme plataforma de concreto de 71 x 127 m,
enquanto o templo propriamente dito media 50 x 104 m. O teto descansava sobre 127
colunas jônicas de 1,8 m de diâmetro e 18 de altura. Wood encontrou entre as ruínas o
que acreditou ser um altar, porém mais tarde Hogarth deu alguns golpes no “altar” e
ouviu um som oco. Resolveu abri-lo e encontrou dentro dele uma grande e importante
coleção de jóias, moedas e objetos de arte. Muitos concluíram que o suposto altar era o
depósito das oferendas para a cerimônica da colocação da pedra angular (ou inaugural)
nos alicerces, quando o templo começou a ser construído. No meio da cidade foi
encontrada a ágora (praça do mercado) — área retangular de 110 m de comprimento
rodeada de vestíbulos com colunas, armazéns e salas. No meio do espaço aberto, havia
um relógio de água e de sol. A noroeste da ágora, na ladeira ocidental do monte Piom,
os escavadores desenterraram um anfiteatro cujas fileiras de assentos podiam acomodar
pelo menos 24 mil pessoas. Nas cidades gregas, o anfiteatro era o local habitual de
reunião do povo, e esse em particular apresenta uma das mais vívidas cenas do NT, já
que nesse lugar Demétrio e seus companheiros de ofício lideraram a multidão no grande
motim contra Paulo, devido ao culto à Diana e à diminuição da venda das miniaturas do
templo, que os ourives faziam e comercializavam (At 19:23-41).
Ao norte do anfiteatro, perto da porta Corésia, foi encontrado o antigo estádio (outro
anfiteatro), onde eram realizados jogos, combates de gladiadores e lutas com animais
selvagens. Teria Paulo lutado “com feras” ali? (1Co 15:32). Outras descobertas incluem
uma bela casa de banho (de mármore, com muitos cômodos), uma magnífica biblioteca,
uma grande basílica dedicada a “São João, o Teólogo”, a “catacumba dos Sete
Adormecidos”, na qual foram encontrados centenas de locais de sepultura, e um templo
dedicado à adoração do imperador. Ali havia uma estátua de Domiciano, o imperador
que exilou João na ilha de Patmos e perseguiu os cristãos no tempo em que Cristo
revelava as últimas coisas ao quarto evangelista. Nenhuma cidade tem sido escavada tão
minuciosamente quanto Éfeso. As escavações lançam considerável luz sobre as
epístolas de Paulo e os escritos de João, especialmente no que se refere às sete igrejas
do Apocalipse.
Ver tb: At 18:20, At 18:24, At 19:17, At 19:26, At 20:16, 1Co 15:32, 1Co 16:8, 1Tm
1:3, 2Tm 1:18, 2Tm 4:12, Ap 1:11, Ap 2:1
4412 - ELÃO era um país que compreendia a cordilheira dos Zagros e outros
territórios extremamente cobiçados a leste da Babilônia. Susã era sua capital. Ciro, o
Grande, agrupou a Média, Elão e Ashan (“terra da Pérsia”) em um único império, que
veio a ser conhecido como Pérsia. Elão figura destacadamente nos textos assírios e
babilônicos porque estava próximo dessas nações. O país, por sua vez, proporcionou
muitas descobertas arqueológicas que confirmaram certos aspectos da história bíblica.
Os elamitas estavam presentes em Jerusalém no dia de Pentecoste, quando o Espírito
Santo desceu sobre os discípulos (At 2:9).
Ver tb: Gn 10:22, Gn 14:1, Gn 14:9, Ne 7:12, Is 21:2, Jr 25:25, Jr 49:34, Jr 49:38, Ez
32:24, Dn 8:2
4413 - EMAÚS, CAMINHO DE. Três dias após a crucificação de Jesus, dois
discípulos iam caminhando de Jerusalém para Emaús, quando o Cristo ressuscitado se
juntou a eles na viagem e “explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as
Escrituras” (Lc 24:13-33). Quatro diferentes povoações modernas são apontadas como
possível local de Emaús. O único lugar que satisfaz com precisão as descrições de
Lucas e Josefo, todavia, é uma aldeia conhecida atualmente como el-Qubeibeh,
localizada em um ponto elevado e favorecido, 11 km a noroeste de Jerusalém, no
caminho romano mais setentrional que passa por Nebi Samwill, na direção oeste. Dali é
possível contemplar a região por vários quilômetros em todas as direções, especialmente
a oeste, onde a planície de Sarom e o mar Mediterrâneo se destacam no horizonte. Nas
proximidades do local, em 1099, os cruzados encontraram um pequeno forte romano
chamado Castellum Emaús. Quando os franciscanos, em 1878, erigiram no local a
Igreja de São Cleofas, desenterraram as ruínas de uma igreja que se supõe ser a dos
cruzados. Atualmente, existe ali uma bela igreja alemã e um hospício, em cujo jardim
há pinheiros, carvalhos e medronheiros.
Ver tb: Lc 24:13
4414 - EN-GEDI (Ain Jidy, “a fonte do cabrito”) é um lugar célebre, localizado cerca
de 122 m acima da costa ocidental do mar Morto, onde grandes fontes de água morna
fluem de sob os penhascos de pedra calcária e caem em forma de cascata em uma
planície pequena, porém fértil, de 80 m de largura e 1,5 km de comprimento. Nesse
lugar, em épocas antigas, cultivavam-se vinhas, palmeiras, bálsamo, alcachofra, goma
arábica, cana-de-açúcar, melões e muitas outras frutas e plantas comestíveis que fizeram
do lugar um dos hortos mais famosos do mundo. A aldeia (ou povoado) de En-Gedi
estava localizada possivelmente em um nível mais baixo que o manancial, na margem
da planície, como indicam as espalhadas ruínas de alvenaria. Em um nível mais alto e
nos arredores das fontes, há penhascos e uma área silvestre chamada floresta de En-
Gedi, que ninguém podia subestimar como lugar de refúgio. Há numerosas cavernas na
região, e algumas deram proteção a Davi e seus seguidores quando habitaram ali algum
tempo “nas fortalezas de En-Gedi” (1Sm 23:29). O rei Saul, com três mil homens,
procurou Davi nesse “penhasco de cabras silvestres”. Foi em uma dessas cavernas que
Davi, sem ser visto, cortou a orla do manto de Saul (1Sm 24:4). O dr. Yigael Yadin
escavou muitas dessas cavernas e encontrou peças de alvenaria e outros restos
indicadores de ocupação antiga.
Ver tb: Js 15:62, 1Sm 23:19, 1Sm 24:1, 2Cr 20:2, Ct 1:14, Ez 47:10
4415 - EN-ROGEL (conhecido agora como “poço de Jó”) era um marco familiar que
separava o território de Benjamim do território de Judá (Js 18:16). Estava localizado no
extremo mais baixo do vale do Cedrom, no ponto exato em que este se une com o vale
de Hinom. O Cedrom ficava próximo de Jerusalém, mas não podia ser visto da cidade,
pois quando Jônatas e Aimaás esperavam notícias para informar Davi dos movimentos
de Absalão, permaneceram em En-Rogel, “pois não podiam arriscar-se a serem vistos
na cidade” (2Sm 17:17). E quando Adonias, depois de dizer: “Eu serei o rei” (1Rs 1:5),
organizou a frustrada cerimônia para coroar-se rei, Salomão e as forças leais, um pouco
tardiamente, encontravam-se mais acima do vale de Cedrom, na fonte de Giom
(chamada atualmente a fonte da Virgem), e apressadamente completaram a cerimônia
de coroação, depois da qual o povo passou a gritar: “Viva o rei Salomão!” (1Rs 1:9-39).
O poço En-Rogel tem agora a profundidade de aproximadamente 38 m e transborda
durante a época das fortes chuvas invernais, depois da qual pode fluir por dois ou três
dias, quando se torna uma grande atração para o povo de Jerusalém, que se reúne em
multidão para visitar o “Cedrom que flui”.
Ver tb: Js 15:7, Js 18:16, 2Sm 17:17, 1Rs 1:9
4416 - EREQUE. As extensas ruínas da antiga cidade de Ereque (Uruque ou Warka),
fundada por Ninrode, o construtor fenomenal e “o mais valente dos caçadores” (Gn
10:9,10), situam-se 32 km a noroeste de Ur. Era a residência real e cidade fortificada do
rei Gilgamés, herói da lenda babilônica do Dilúvio. As escavações foram iniciadas em
1852, continuando a intervalos por mais de cem anos. Alguns dos primeiros achados
compreendiam um muro de ladrilhos de 12 a 15 m de altura, que rodeava a cidade por 9
km, um templo parto adornado com mosaicos coloridos, um extenso cemitério parto
contendo grande quantidade de ataúdes envernizados e em forma de sapatilha, um
zigurate piramidal de 30 m de altura e milhares de tabuinhas cuneiformes
neobabilônicas, algumas guardadas em capas de argila. Escavações posteriores
alcançaram terras virgens e estabeleceram uma cronologia relativa que recua até cerca
de 4000 a.C. Nos estratos mais antigos, foram desenterrados os restos de um grande
muro que data de 3000 a.C., selos cilíndricos e 575 tabuinhas que apresentam a mais
antiga forma de escritura pictográfica. Essas tabuinhas registram muitos fatos da história
religiosa e indicam que os primeiros habitantes de Ereque (Warka) criam na existência
de duas divindades somente, uma anterior à outra. Foram alcançados dois estratos com
vestígios de inundação, mas os escavadores não puderam determinar sua relação exata
com o Dilúvio.
Tabuinha e invólucro babilônicos (Ereque).

Ver tb: Gn 10:10
4417 - EZIOM-GEBER foi o lugar da vigésima parada dos israelitas durante a viagem
do Egito a Canaã. Mais tarde, seria o porto naval do rei Salomão. A cidade situava-se na
ponta do golfo de Ácaba, que é um braço do mar Vermelho. O local exato era
desconhecido, até que, em 1937, o explorador alemão Fritz Frank descobriu o pequeno
Tell el-Kheleifeh a menos de 800 m da costa. Na superfície, havia fragmentos de
alvenaria. Fritz acreditou serem suficientemente antigos para pertencer a Eziom-Geber.
No ano seguinte, partiu de Jerusalém uma expedição liderada pelo dr. Nelson Glueck,
que entrou imediatamente no uádi el-Arabh, o grande vale de Rift localizado ao sul do
mar Morto. Em muitos lugares, à medida que avançavam para o sul através do vale,
encontraram montões de escória de ferro e de cobre e galerias escavadas em ladeiras
rochosas. Eram os restos de minas que haviam sido abandonadas muito tempo atrás.
Prosseguiram até a extremidade do desértico vale de 170 km de extensão, chegando
finalmente a Tell el-Kheleifeh — montículo de uma cidade que se levantava solitário na
planície sem sombras, 800 m ao norte do golfo de Ácaba. Nos poços de prova, foram
encontrados anzóis de cobre, ladrilhos, vasos de barro e restos de muros. A alvenaria
data dos anos 1000 a 900 a.C., precisamente a época do rei Salomão, que “construiu
navios em Eziom-Geber, que fica perto de Elate, na terra de Edom, às margens do mar
Vermelho” (1Rs 9:26). Durante as três temporadas de escavação que se seguiram, foram
descobertos os restos de um povoado extenso, onde havia numerosos moldes de
fundição, grande quantidade de escória e um grande edifício com manchas verdes nas
paredes. O edifício era um alto forno assombrosamente bem construído. As paredes de
ladrilho no lado norte tinham encravadas duas fileiras de aberturas que funcionavam
como condutores de ventilação. Esses condutores eram habilmente construídos, e
através deles sopravam os incessantes ventos do norte provenientes do uádi el-Arabah,
que serviam de foles para a refinaria — construída de forma semelhante aos sistemas
Bessemer do século XIX. As escavações da cidade com seu distrito residencial e
comercial, com suas paredes em forma de casamata, com sua porta sólida e com seu
grande e alto forno (além de muitas outras descobertas) não somente provam que se
trata da antiga cidade de Eziom-Geber como também levaram o dr. Glueck a escrever:
“Eziom-Geber foi o resultado de uma planificação cuidadosa. Ela foi edificada como
instalação-modelo de notável habilidade arquitetônica e técnica. Na realidade,
praticamente toda a cidade de Eziom-Geber, levando-se em consideração o lugar e a
época, era um fenomenal distrito industrial, sem comparação na história do antigo
Oriente. Eziom-Geber era a Pittsburgh, a Pensilvânia da Palestina antiga e ao mesmo
tempo seu mais importante porto marítimo”.
Ver tb: Nm 33:35, Dt 2:8, 1Rs 9:26, 1Rs 22:49, 2Cr 8:17, 2Cr 20:36
4418 - FILIPOS deve seu nome a Filipe da Macedônia (pai de Alexandre, o Grande).
Filipe arrebatou a cidade das mãos dos trácios no século IV a.C. e pôs nela o próprio
nome. A cidade estava estrategicamente localizada sobre a via Inaciana, que corria na
direção leste—oeste entre Roma e a Ásia, e serviu como ponto de partida para
Alexandre, o Grande, quando este iniciou sua campanha para conquistar o mundo.
Paulo veio diretamente a Filipos depois de uma visão na qual um homem lhe rogava:
“Passe à Macedônia e ajude-nos” (At 16:9). Aqui Paulo pregou o evangelho à margem
de um rio, foi lançado na prisão e estabeleceu sua primeira e mais amada igreja no
continente europeu. A Escola Francesa de Atenas realizou escavações em Filipos de
1914 a 1938. Foram desenterrados muitos trechos da cidade. Receberam especial
atenção o foro (de 92 x 46 m), a praça do mercado, o anfiteatro, uma biblioteca e sala de
leitura e um pódio retangular que servia de tribuna para os oradores. Os fundamentos de
uma grande porta abobadada que se estendia sobre a via Inaciana, a qual saía pelo lado
nordeste da cidade, despertaram o interesse dos estudiosos da Bíblia. Muitos acreditam
que Paulo saiu por essa porta a caminho da margem do rio, em busca de um local de
oração, onde também pregou o evangelho a um grupo de mulheres. O único rio nas
proximidades de Filipos (At 16:12,13) dista cerca de 1,5 km dessa porta, a oeste.
Fórum romano em Filipos.

Ver tb: At 16:12, At 20:6, Fp 1:1, 1Ts 2:2
4419 - GIBEOM, conhecida atualmente por el-Jib, situa-se 13 km a noroeste de
Jerusalém. Ali moravam os gibeonitas que viajaram a Gilgal e enganaram Josué,
levando-o a fazer um pacto com eles, tornando-se servos de Israel (Js 9:3-27). Foi nesse
lugar que os soldados de Abner e os de Joabe travaram uma batalha “no açude de
Gibeom” (2Sm 2:12-17). O Tabernáculo permaneceu um tempo em Gibeom, após ter
sido trasladado de Nobe, até o Templo ser concluído por Salomão. Nesse lugar,
Salomão preparou uma grande festa e teve um sonho maravilhoso, escolhendo a Deus e
a sabedoria, em vez de riquezas e honra (2Cr 1:3-13). Em 1956 e 1957, o dr. James B.
Pritchard realizou escavações nesse lugar, limpando dos escombros um tanque escavado
na rocha, de 11 m de diâmetro e 10 de profundidade. Uma escada em espiral de
aproximadamente 1,5 m de largura conduzia até o fundo do tanque, onde foram
descobertas 27 asas de jarras, todas com o nome “Gibeom” impresso em hebraico.
Muitas dessas jarras traziam entalhados nomes como Amarias, Azarias e Hananias,
todos de personagens bíblicas. Hananias, adversário de Jeremias, era de Gibeom (Jr
28:1). No fundo do tanque, os degraus seguiam por um túnel, o qual se prolongava a
uma profundidade superior a 15 m, chegando a um manancial subterrâneo que se
constituía na principal fonte de abastecimento de água da cidade. Isso levou o escavador
a exclamar: “Teria sido esta impressionante proeza de engenharia, um tanque cavado na
rocha, com degraus que conduzem a um manancial 25 m abaixo da superfície, o cenário
da contenda entre os homens de Joabe e os de Abner?”. Ele concluiu que sim, e muitos
estão de acordo com ele. Durante as três temporadas de escavação, foram encontradas
muitas relíquias religiosas que datam da Idade do Bronze Médio em diante, mas para os
estudantes da Bíblia as relíquias mais interessantes e significativas são as do período
israelita.
Ver tb: Js 9:3, Js 9:17, Js 10:1, Js 10:12, Js 11:19, Js 18:25, 2Sm 2:12, 1Rs 3:5, 1Cr
14:16, 1Cr 21:29, 2Cr 1:3, Ne 3:7, Ne 7:25, Is 28:21, Jr 28:1
4420 - GAZA era a cidade mais meridional e a mais famosa das cinco cidades
confederadas dos filisteus. Estava localizada a 3 km do mar, sobre uma colina
arredondada que se levantava 18 m acima da planície circundante. Situava-se à margem
da grande estrada costeira entre o Egito e a Mesopotâmia, no ponto de união da rota
comercial do sul e do centro da Arábia. Gaza foi importante centro comercial e militar
desde a época dos cananeus, e parece ter sido densamente povoada ao longo dos
séculos. Muita gente famosa passou por ela, tais como Sansão, Alexandre, o Grande,
Napoleão e Allenby. No outono de 1922, W. J. Phythian-Adams, subdiretor de
antiguidades, realizou sondagens no local e encontrou um “acúmulo formidável de
escombros”. Mas não é possível realizar qualquer trabalho arqueológico ali, devido à
presença da cidade moderna sobre o local da antiga.
Ver tb: Gn 10:19, Dt 2:23, Js 11:22, Js 15:47, Jz 1:18, Jz 6:4, Jz 16:21, 1Sm 6:17, 1Rs
4:24, 2Rs 18:8, 1Cr 7:28, Am 1:6, Sf 2:4, Zc 9:5, At 8:26
4421 - GERAR. Cidade em que Abraão e Isaque permaneceram algum tempo,
cavaram poços e prosperaram sob o generoso convívio com o rei Abimeleque (Gn 20 e
26). Durante certo tempo, Gerar foi identificada como Tell Jemmeh, localizada cerca de
13 km ao sul de Gaza. O local foi parcialmente escavado por W. J. Phythian-Adams
(1922) e por sir Flinders Petrie (1927). Na escavação de Phythian-Adams, foram
encontrados quatro níveis da cidade, que se estendiam da época patriarcal até o período
romano. Em outra temporada, o dr. Petrie e sua esposa desenterraram selos,
escaravelhos sagrados, ídolos, armas, utensílios domésticos, ferramentas agrícolas,
grandes fossos de grão, um “forno de espadas” (onde se afiavam as ferramentas e as
armas de ferro) e uma grande variedade de vasilhas de barro. Nada foi encontrado,
todavia, que identificasse o lugar como Gerar. Estudos mais recentes levaram
importantes autoridades a crer que Gerar seja Tell Abu Hureirah, às margens do uádi
Es-Sariah, 18 km a sudeste de Gaza. O montículo cobre aproximadamente 16 ha, e
sobre sua superfície há uma quantidade considerável de cacos. Isso indica que a cidade
desfrutou grande prosperidade durante a Idade do Bronze Médio, ou seja, a época dos
patriarcas.
Ver tb: Gn 10:19, Gn 20:1, Gn 26:6, 2Sm 23:29, 2Cr 14:13
4422 - GERIZIM. Gerizim e Ebal são montanhas gêmeas localizadas na Palestina
central. O monte Ebal ergue-se 938 m acima do nível do mar, e Gerizim, 868 m. Os dois
montes representaram papel significativo na história primitiva de Israel — e na história
dos samaritanos, a partir de 700 a.C. — até o presente. Entre os dois montes está o fértil
vale de Siquém, de 800 m de largura, o mais bem irrigado da Palestina central. O monte
Gerizim é chamado geralmente o monte da Bênção, porque depois de cruzar o rio
Jordão Josué colocou metade de seus homens diante do monte Gerizim e metade diante
do monte Ebal. As bênçãos sobre os que guardassem a Lei foram pronunciadas no
monte Gerizim, e as maldições sobre os que a violassem, no monte Ebal (Js 8:30-35). A
parábola de Jotão acerca das árvores foi contada aos homens de Siquém, estando o
narrador posicionado em uma saliência notável (o cume do monte), localizada
aproximadamente na metade do caminho da encosta. Essa protuberância é hoje
popularmente conhecida como “o púlpito de Jotão”. Depois de regressarem do cativeiro
babilônico, os judeus negaram aos samaritanos o privilégio de ajudar na reconstrução do
Templo. Então os samaritanos estabeleceram sacerdócio próprio e edificaram um
templo no monte Gerizim. Esse templo foi destruído por João Hircano em torno de 128
a.C. A mulher, junto ao poço, disse a Jesus: “Nossos antepassados adoraram neste
monte” (Jo 4:20). Até o dia de hoje, a pequena seita dos samaritanos vive em Nablos e
celebra as festas da Páscoa, do Pentecoste e das Cabanas ano após ano no monte
Gerizim. Eles veneram as grandes ruínas de um templo que, segundo dizem, foi
construído por Sambalate. Outros afirmam que as ruínas pertencem a uma igreja
edificada por Justiniano no século V. Há outras ruínas localizadas no cume da
montanha, e ao pé do monte jazem as ruínas de um templo cananeu que data de 1600
a.C., identificado como santuário de Baal.
Alicerces do templo samaritano no nome Gerizim.

Ver tb: Dt 11:29, Dt 27:12, Js 8:33, Jz 9:7, Jr 47:1, Jo 4:20
4423 - GETSÊMANI. O jardim do Getsêmani era um olival, com sua prensa de azeite,
localizado na ladeira ocidental do monte das Oliveiras, separado de Jerusalém pela
torrente do Cedrom. O jardim era o lugar isolado para onde Jesus ia freqüentemente
com os discípulos. Ali ele também orou em agonia antes de ser traído por Judas (Lc
22:39-44). Uma tradição do século IV situa o jardim cerca de 46 m a leste do poente do
Cedrom, onde atualmente existe uma área cercada (c. 0,5 ha), na qual vicejam belas
flores, além de oito nodosas oliveiras, muito antigas e extraordinariamente grandes.
Acredita-se que essas árvores datem de tempos tão remotos quanto a época do Senhor.
A doce simplicidade em que se mantém o jardim e sua tranqüilidade fazem dele um
lugar adequado à meditação. Milhões de pessoas visitam o lugar e impressionam-se
profundamente. Todavia, de vez em quando surgem dúvidas: “Seria o jardim tão
pequeno? Podem as árvores ser tão antigas?”. Josefo declara que Tito mandou cortar
todas as árvores ao redor de Jerusalém durante o assédio, no ano 70 d.C. Isso pode ter
acontecido, porém os troncos cortados das oliveiras costumam rebrotar, e assim a árvore
sobrevive indefinidamente. A uns 91 m, na direção norte, há um lugar mais distanciado
da estrada que alguns consideram “mais adequado e menos artificial”. De qualquer
modo, o monte das Oliveiras, onde o Filho de Deus padeceu agonia pela humanidade,
está situado em algum lugar dessa região.
Ver tb: Mt 26:36, Mc 14:32, Lc 22:39, Jo 18:1
4424 - GEZER é conhecida atualmente como Tel el-Jezer. Situava-se no cume de uma
colina de 11 ha que dominava a planície marítima, 29 km a oeste de Jerusalém, e
controlava o caminho de Jope a Jerusalém e a estrada que liga o Egito à Síria. Portanto,
era uma das cidades mais bem localizadas, do ponto de vista estratégico, de toda a
Palestina. Em algumas épocas, a cidade pertenceu ao Egito e, em outras, à Palestina,
desempenhando, portanto, importante papel na história dos dois países. Por ocasião do
casamento do rei Salomão com uma princesa egípcia, o pai da noiva deu a ela a cidade
como dote. Salomão a reconstruiu e fez dela uma cidade para seus carros de guerra (1Rs
9:16,17). As escavações realizadas por R. A. Macalister (1902-1905 e 1907-1909) e A.
Rowe (1934) revelaram que os primeiros habitantes de Gezer, alguns dos quais viviam
em cavernas, eram descendentes de um povo não-semítico. Algumas cavernas eram
naturais, enquanto outras foram cuidadosamente escavadas na suave pedra calcária,
possuindo até escadas talhadas com grande esmero. Muitas das paredes das salas mais
amplas estavam adornadas com pinturas que revelavam a religiosidade do povo, cuja
subsistência baseava-se na agricultura e na caça, tal como seus antepassados através dos
séculos. Por volta de 2500 a.C., um povo de origem semítica tomou a cidade e a
manteve em seu poder até o final da monarquia hebraica. Outras civilizações habitaram
ali até cerca de 100 a.C. A descoberta de um antigo lugar sagrado lançou considerável
luz sobre a adoração cananéia a Baal e Astarote. Esse centro de adoração possuía uma
fileira de leves colunas de pedra toscamente cinzeladas, a mais alta medindo 3,28 m, e a
mais baixa, 1,8 m. Em alguns lugares, os beijos dos devotos haviam polido a superfície
das colunas até torná-las lisas. Na plataforma, ao redor das colunas de pedra, havia
placas de alvenaria representando Astarote com exagerações grotescas dos órgãos
genitais e outros indícios da adoração sensual dos cananeus. Tudo isso trouxe intenso
realismo ao estrito mandamento do Senhor: “Derrubem os seus altares, esmigalhem as
suas colunas sagradas e queimem os seus postes sagrados; despedacem os ídolos dos
seus deuses e eliminem os nomes deles daqueles lugares” (Dt 12:3). Na parte sudeste da
cidade, que data de 2000 a 1400 a.C., havia um grande túnel escalonado, cavado na
rocha de 4 m de largura por 6 de altura, que conduzia através de 67 m de rocha a um
grande manancial de água localizado 29 m abaixo da superfície. Dentro dos muros, de
inclinação descendente, havia nichos (cavidades) com lâmpadas que iluminavam o
caminho para quem subisse com água do manancial. As manchas de fumaça acima dos
nichos demonstram que eram empregadas lâmpadas de azeite de oliva há quase 4 mil
anos. Em outro lugar, mais próximo do centro do montículo, Macalister encontrou um
enorme depósito com capacidade para 7,5 milhões de litros de água. Tudo indica que o
depósito foi construído depois que se esgotou o manancial do fundo do túnel. Também
foi encontrada a pedra de um altar, dedicada a Heraclus. A pedra pertencera a um altar
hebreu, pois Jeová é mencionado na inscrição. Macalister desenterrou um complexo de
edificações de muros sólidos, com uma magnífica porta e uma série de torres. Isso
levou-o a crer que se tratava do castelo edificado por Simão Macabeu para sua
residência em 142 a.C. (1Macabeus 13:47-48). Porém descobertas mais recentes de uma
porta e muros salomônicos em Megido e Hazor levaram as autoridades no assunto a crer
que foram construídos pelo rei Salomão, quando este reconstruiu e fortificou Gezer. As
dimensões da porta nesse lugar “coincidem de maneira assombrosa” com as edificadas
por Salomão em Megido e Hazor. No quarto nível semítico, que data da última metade
do século X a.C., Macalister encontrou uma pequena placa de pedra calcária, de 11 cm
de comprimento por 7 de largura. Era o caderno de anotações escolares de um menino.
Nessa placa, o menino havia traçado um calendário, no qual dava a ordem das principais
operações agrícolas conforme a estação do ano e que em bom hebraico clássico dizia:
Seus dois meses são de colheita de oliveira;
Seus dois meses são de semeadura de grão;
Seus dois meses são de semeadura tardia;
Seu mês é de limpar com enxada o linho;
Seu mês é de colheita de cevada;
Seu mês é de colheita com festa;
Seus dois meses são de cuidar da vide;
Seu mês é de fruto de verão.
Ver tb: Js 10:33, 1Rs 9:15, 1Rs 9:17
4425 - GIBEÁ foi a primeira capital do Israel unificado e lugar de residência do rei
Saul. Está situada 6 km ao norte de Jerusalém. A colina cônica, terraplenada desde a
base até o cume e coberta de ruínas intrigou durante muito tempo os arqueólogos, até
que, em 1922 e em 1933, o dr. Albright liderou expedições que descobriram sete níveis
de ocupação, datando de 1100 a.C. a 70 d.C. No primeiro nível, o mais antigo, Albright
encontrou as cinzas e as ruínas carbonizadas de um povoado israelita que havia sido
queimado por volta da última metade do século XII a.C. Acredita-se que isso
corresponda à destruição mencionada nos capítulos 19 e 20 do livro de Juízes. No
segundo nível da cidade, edificado antes do ano 1000 a.C., os escavadores
desenterraram a fortaleza do rei Saul, que tinha a forma de um castelo de dois andares e
media cerca de 47 x 52 m. Os muros de pedras cinzeladas a martelo tinham a espessura
de 2,4 a 3 m. Uma escada externa de pedra conduzia ao segundo piso. A sala de
audiências, na qual, acredita-se, Davi tocava sua harpa para sossegar Saul, media cerca
de 4 x 7 m, ou seja, o tamanho médio de uma sala de estar moderna. Nas ruínas, foram
encontradas panelas de cozinha, baixelas polidas, pedra de moer, volantes de pedra e um
tabuleiro de jogos. No sótão, havia jarras para armazenagem de vinho e azeite e um
lugar para armazenagem de grãos, dos quais ainda havia uma quantidade considerável,
embora carbonizados pela passagem de quase três milênios.
Ver tb: Jz 19:12, Jz 20:4, Jz 20:13, Jz 20:31, Jz 20:43, 1Sm 10:26, 1Sm 11:4, 1Sm
13:15, 1Sm 14:2, 1Sm 15:34, 1Sm 23:19, 1Sm 26:1, 2Sm 21:6, 1Cr 11:31, Is 10:29, Os
5:8, Os 9:9, Os 10:9
4426 - GIOM, conhecida hoje como o manancial das Virgens, é uma fonte intermitente
de água pura que brota das profundezas do vale do Cedrom, a leste de Jerusalém e
diante da aldeia de Siloé. Desde a Antiguidade, tem sido o único manancial contínuo
próximo de Jerusalém. Na realidade, a cidade estava localizada nesse altiplano por
causa do abastecimento de água. Os moradores jebuseus de Jerusalém escavaram um
profundo canal (ou túnel subterrâneo) a oeste da fonte, que levava a água à cidade por
debaixo dos muros e lhes permitia retirar a água sem sair dos muros da cidade. Também
lhes permitia obter toda a água de que necessitavam em tempo de assédio sem se expor
ao inimigo. Supõe-se que era esse túnel a “passagem de água” através do qual Joabe
conduziu seus soldados ao interior da cidade, tomando a guarnição de surpresa e
tornando-se general do rei Davi (2Sm 5:8). Depois que Davi conquistou a cidade, o
túnel subterrâneo tornou-se cada vez menos necessário, pois parece que Davi construiu
dois depósitos (tanques), um superior e outro inferior, onde armazenava água para
consumo interno e para regar os jardins do vale dos Reis. Em 1867, Warren descobriu o
túnel e o poço de onde obtinham água. No final do túnel, havia um tanque e um poço
que conduzia ao cume de uma colina dentro da cidade. Na parte de cima do poço, havia
um aro de ferro através do qual passavam uma corda para retirar água do tanque.
Salomão foi coroado no manancial de Giom e em seguida regressou à cidade montado
na mula real de Davi. Isso significava perante o povo que ele agora era o rei, tal como
fora seu pai antes dele. As muitas destruições de Jerusalém encheram o vale do Cedrom
com uma quantidade considerável de escombros, tanto que hoje em dia, para alcançar o
manancial de Giom, há uma descida pronunciada de trinta degraus até chegar à água. O
manancial, todavia, flui com força, mas, por ser intermitente, flui apenas quatro ou
cinco vezes por dia na temporada das chuvas e uma ou duas vezes durante a seca
estação de verão.
Ver tb: 1Rs 1:33, 1Rs 1:45, 2Rs 18:17, 2Rs 20:20, 2Cr 32:30, 2Cr 33:14, Ne 2:14, Is 7:3
4427 - GILGAL foi o primeiro acampamento de Israel, depois que o povo cruzou o rio
Jordão. Aqui os israelitas erigiram doze pedras comemorativas que retiraram do leito do
Jordão (Js 4:20), circuncidaram os homens (5:3) e celebraram a Páscoa (5:10). No
mesmo lugar, Josué viu o comandante do exército do Senhor (5:14) e Israel estava
acampado enquanto capturava a cidade de Jericó (4:19), ao fazer pacto com os
gibeonitas (9:6) e quando iniciou a campanha contra os cinco reis amorreus (10:6).
Gilgal permaneceu como ponto de reunião para Israel durante muitas gerações. No
registro bíblico, a cidade localiza-se “na fronteira leste de Jericó” (Js 4:19). Josefo
declara que os israelitas, depois de cruzarem o Jordão, avançaram cinqüenta estádios e
estabeleceram acampamento a dez estádios de Jericó (Antiguidades, V.1.4). No
Onomasticon, Eusébio situa Gilgal “mais ou menos no segundo marco a partir de
Jericó”. Khirbet el-Mefjir, promontório situado 2 km a noroeste de Jericó, coincide
quase exatamente com os cálculos dos especialistas. Estimando-se que o estádio romano
tenha 185 m, o local está a 10,87 estádios da antiga Jericó e a 50 estádios do rio Jordão.
Durante sondagens efetuadas em um dos pequenos montes de Khirbet el-Mefjir, em
1955, James Muilenburg desenterrou os restos dos períodos Tardio e Médio da Idade do
Ferro, que correspondem de maneira precisa aos longos anos em que Gilgal foi tão
importante na história de Israel.
Ver tb: Dt 11:30, Js 4:19, Js 10:6, 2Sm 19:15, 2Rs 2:1, 2Rs 4:38, Os 4:15, Os 9:15, Am
4:4, Am 4:5
4428 - HAMATE, que em certa época foi a cidade real dos heteus, está representada
pela atual cidade de Hama, situada ao norte de Baalbek, sobre o rio Orontes. O rei dessa
cidade enviou presentes a Davi quando este derrotou o rei de Zobá (2Sm 8:6). Hamate
com freqüência é mencionada na Bíblia como a fronteira ideal do norte de Israel (2Rs
14:25). Mas somente durante breves intervalos, sob os reinados de Davi, Salomão e
Jeroboão II, Hamate e a região que a rodeava estiveram sob o domínio de Israel, se bem
que esse domínio, acredita-se, tenha sido simbólico. A moderna cidade de Hama conta
com cerca de 100 mil habitantes e está edificada ao redor do impressionante montículo
antigo que se eleva 40 m acima do nível do rio. Em 1812, Burckhardt descobriu uma
inscrição hieroglífica em Hamate, e D. Wright, da Inglaterra, adquiriu em 1872 essa
inscrição para o museu de Constantinopla, tornando-a assim disponível à investigação
científica. Em 1871, foram descobertas inscrições hetéias em monumentos, e
posteriormente foram feitas outras descobertas sem importância. Todavia, a maior parte
de nosso conhecimento sobre Hamate deve-se à escavação dinamarquesa dirigida pelo
professor H. Ingholt, de 1932 a 1938. Ingholt descobriu doze níveis de ocupação, e o
mais antigo datava do período neolítico. O período babilônico antigo (1830-1550 a.C.) e
a época de Amarna (1300 a.C.) foram de grande importância na vida da cidade, mas o
trabalho de escavação está ainda incompleto.
Ver tb: Nm 13:21, Nm 34:8, Js 13:5, 2Sm 8:8, 2Rs 14:28, 2Rs 17:24, 2Rs 17:30, 2Rs
23:33, 1Cr 18:3, 2Cr 8:4, Is 11:11, Is 36:19, Is 37:13, Jr 39:5, Jr 49:23, Ez 47:17, Ez
48:1, Am 6:2, Zc 9:2
4429 - HARÃ foi o primeiro ponto de parada de Abraão a caminho de Canaã. Era um
centro mercantil e ponto de união muito importante, situado sobre o rio Balik, cerca de
64 km a leste de Carquemis, na estrada pela qual trafegavam com freqüência exércitos e
caravanas. A cidade situava-se 965 km a noroeste de Ur dos caldeus e cerca de 644 km
a nordeste de Canaã. Nas tabuinhas de Mari e em outras fontes cuneiformes, Harã é
mencionada com freqüência, citada como cidade florescente nos séculos XIX e XVIII
a.C., quando Abraão, Rebeca, Naor e Jacó viviam na região. Depois da queda de Nínive
(612 a.C.), os assírios refugiaram-se em Harã, e esta passou a ser a capital da Assíria até
cair nas mãos dos babilônios em 609 a.C.O antigo montículo de Harã está despovoado,
mas ao seu lado há uma aldeia muçulmana na qual a maioria das casas foi construída no
estilo “favos de mel”, muito comum no norte da Síria. Os habitantes da atualidade
possuem muitas tradições relacionadas com Abraão e com um poço próximo, do qual se
diz ter sido nele que Eliézer encontrou Rebeca quando buscava esposa para Isaque. As
escavações realizadas no montículo revelaram uma história contínua desde 2000 a.C.
até cerca de 1000 d.C.. Na maior parte desse tempo, a cidade teve um templo dedicado a
Sin, o deus-lua. Não foi encontrada inscrição alguma, mas foram descobertos alguns
fragmentos de um leão assírio e também as ruínas de um castelo muito antigo e os
restos de uma antiga catedral.
Ver tb: Gn 11:31, Gn 12:5, Gn 27:43, Gn 28:10, Gn 29:4, 2Rs 19:12, 2Rs 19:13, Is
37:12, Ez 27:23, At 7:4
4430 - HAZOR, a cidade de “Jabim, rei de Hazor”, situava-se 6 km a sudoeste das
“águas de Merom”, sobre um magnífico montículo de 80 ha. Situada no cruzamento de
duas rotas de comércio internacional, sua posição era suficientemente dominante para
merecer o título de “a cabeça de todos” os reinos setentrionais dos cananeus (Js 11:10).
Josué destruiu o lugar, mas Salomão o reconstruiu juntamente com Megido e Gezer
(1Rs 9:15). Tiglate-Pileser III, da Assíria, tornou a destruí-la, em 733 a.C. Garstang fez
trabalhos de reconhecimento no montículo (hoje conhecido como Tell el-Qedah) em
1928 e deduziu que Josué destruiu Hazor por volta de 1400 a.C., mas as inspeções
foram demasiado breves para serem consideradas definitivas. Em 1955, o professor
Yigael Yadin começou a realizar escavações em Hazor, sob o patrocínio de James A. de
Rotchild, efetuadas muitos anos por um grupo de até duzentos trabalhadores dirigidos
pelo dr. Yadin e por um grupo de 45 pessoas, composto de arqueólogos, arquitetos,
fotógrafos, desenhistas e estudantes de arqueologia. A escavação consta de duas partes.
A cidadela tem 37 m de altura e cobre uma superfície de 10 ha. Na parte norte, ao pé da
cidadela, encontra-se uma grande meseta retangular que compreende cerca de 71 ha,
utilizada algumas vezes como acampamento e outras como zona residencial. A cidade
inteira foi fortificada com grandes muros e largos baluartes de terra calcada,
suficientemente sólidos para inspirar confiança em quem quer que a habitasse. Em uma
parte da cidade, os escavadores encontraram dez níveis, o que indicava que as cidadelas
e os templos haviam sido construídos uns sobre os outros. No nível salomônico, foi
encontrada uma esplêndida porta, quase idêntica em tamanho e estilo à descoberta em
Megido e à que foi encontrada mais tarde em Gezer. Yadin concluiu que foram
construídas pelo mesmo arquiteto real. O assentamento israelita esteve confinado a uma
área de 10 ha da cidadela. Na meseta retangular inferior, foi encontrado um templo
cananeu de 17 x 24 m. No “lugar santíssimo”, encontrou-se um sortimento completo de
móveis e utensílios rituais, além de quatro estatuetas de bronze, muitos selos cilíndricos
e um selo de escaravelho sagrado egípcio que pertencia a Amenotepe III (1413-1376). A
destruição da cidade por Tiglate-Pileser no ano 733 a.C. ficou ilustrada claramente nas
camadas de cinzas e fragmentos carbonizados encontrados na cidadela e em outros
lugares que datam desse período. As numerosas vasilhas estavam no lugar habitual, o
que parece indicar que a destruição foi repentina. Embora não tenha descoberto muita
coisa, o dr. Yadin comenta: “Ter a Bíblia em uma mão e a pá na outra pareceu ser o
método mais eficaz para descobrir as relíquias dessa cidade bíblica”.
Ver tb: Js 11:1, Js 11:10, Js 19:36, Jz 4:2, 1Rs 9:15, 2Rs 15:29, Jr 49:30
4431 - JABNEEL, Jâmnia ou Jabne (Js 15:11; 19:33) está situada a 6 km do mar
Mediterrâneo e 14 km a nordeste de Asdode. Uzias (783-742 a.C.) recapturou Jabneel
das mãos dos filisteus, abrindo uma brecha no muro (2Cr 26:6). Foi utilizada pelos
sírios gregos como base de operações contra os asmoneus (1Macabeus 5:58), mas foi
conquistada por Simão Macabeu em 147 a.C. e durante muito tempo fez parte do reino
judeu. Com a ascensão de Herodes ao trono, integrou o reino desse monarca, que a
ofereceu como presente à irmã Siloé. Mais tarde, Antônio deu-a a Cleópatra, rainha do
Egito, como presente de casamento. Com a derrota de Antônio, o lugar passou
novamente às mãos de Herodes.Jabneel desempenhou importante papel nos
acontecimentos que levaram à primeira revolta judaica. E, depois da destruição de
Jerusalém em 70 d.C., Tito deu permissão para a fundação de uma colônia judaica nesse
lugar. A essa cidade trouxeram os judeus seus rolos sagrados, convertendo-se Jabneel
no “centro de exílio” para o Sinédrio e em florescente centro de estudo da Lei. Aqui
reuniu-se o Sínodo de Jâmnia no ano 100 d.C., quando foi estabelecido o cânon das
Escrituras hebraicas com os 39 livros que compõem o AT. No princípio da segunda
rebelião liderada por Bar Kokhba, em 132 d.C., Jabneel foi gradualmente abandonada, e
o foco de judaísmo transferiu-se para o norte, a Galiléia, concentrando-se em cidades
como Safade, Tiberíades, Merom e Bete-Searim. Acredita-se que Jabneel seja o
proeminente montículo de Yabneh. Não se realizou escavação alguma no lugar, mas
foram encontrados na superfície resíduos de cerâmica da Idade do Ferro e do período
persa. Existem também restos de edificações e de tumbas dos períodos romano e
bizantino.
JACÓ, POÇO DE (v. Poço de Jacó)
Ver tb: Js 15:11, Js 19:33, 2Cr 26:6
4432 - JERICÓ, primeira cidade conquistada pelos israelitas sob o comando de Josué,
é agora um montículo de 3 ha chamado Tell es-Sultão, localizado ao lado do abundante
manancial conhecido como fonte de Eliseu. O montículo foi escavado por Charles
Warren (1868), por Ernst Sellin (1907-1911), por John Garstang (1929-1936) e por
Kathleen Kenyon (1952-1958).O primeiro escavador concentrou sua atenção tãosomente
no montículo, enquanto o segundo realizou descobertas suficientes para
despertar grande interesse geral. Mais tarde, Garstang desenterrou partes de quatro
cidades que haviam existido sucessivamente no mesmo lugar desde o ano 3000 a.C. Ao
escavar até a base do montículo, encontrou vestígios de civilizações de antiguidade
extraordinária, as mais antigas encontradas na Palestina até hoje. O quarto nível de
ocupação, o qual Garstang denominou “cidade D”, adquiriu importância primordial para
os estudiosos e historiadores da Bíblia, bem como para os arqueólogos, os quais
discutiam freqüentemente a data do Êxodo e a subseqüente entrada de Israel na
Palestina. Os eruditos discordavam em dois séculos ou mais em seus cálculos ao datar o
acontecimento. Jericó era o lugar onde a dúvida podia ser estudada mais a fundo. O
quarto nível parecia ser a cidade que Josué havia tomado, e os escavadores procederam
com muito cuidado. Dois muros de 9 m de altura, que corriam quase paralelos,
rodeavam o cume do monte. Foram construídos de ladrilhos secados ao sol, cada um
medindo 10 cm de espessura e com uma extensão de 60 a 90 cm. O muro interior tem a
espessura de 3,4 a 3,7 m e foi construído sobre os alicerces de um muro anterior. Esse
muro anterior tem mais ou menos 1,82 m de espessura e localiza-se na borda do
montículo. O espaço entre os dois muros varia entre 4 e 8 m, e os muros acham-se
unidos a intervalos por paredes de ladrilho. Nas imediações do montículo antigo da
cidade, Garstang descobriu um cemitério. Abriu um grande número de tumbas das quais
extraiu muitas vasilhas de cerâmica, considerável quantidade de jóias e cerca de 170
escaravelhos sagrados. Nessas tumbas, Garstang encontrou peças de alvenaria dos
períodos Antigo, Médio e Tardio da Idade do Bronze, mas foram encontrados somente
uns poucos fragmentos de vasilhas micênicas, que começaram a ser importadas por
volta de 1400 a.C. Os escaravelhos sagrados egípcios podem ser datados com exatidão,
já que mencionam vários faraós pelo nome e representam cada um deles, a partir de
Tutmósis III (1490-1436 a.C.). Um escaravelho sagrado traz o nome da rainha HatShep-
Sut e o de Tutmés III. Outro menciona o nome de Amenotepe II, representado
como um arqueiro, o que coincide com os registros de sua tumba no Egito. A série de
escaravelhos sagrados datados finaliza com os dois selos reais de Amenotepe III, que
reinou de 1413 a 1376 a.C. Nenhuma outra coisa nas tumbas indica datas posteriores.
Ao regressar ao montículo da cidade, Garstang comparou detidamente os fragmentos de
cerâmica com os que haviam sido descobertos nas tumbas e descobriu que alguns deles
correspondiam à Idade do Bronze Tardio. Depois de examinar detidamente 100 mil
pedaços de cerâmica, 1500 vasilhas intactas, oitenta escaravelhos nas mesmas
condições, os muros caídos e outras evidências, Garstang não hesitou em datar a queda
da cidade em cerca de 1400 a.C., identificando-a como a cidade cananéia de Jericó que
caiu nas mãos dos israelitas comandados por Josué. Os restos carbonizados que se
encontravam por toda parte eram para Garstang a confirmação do registro bíblico de
que os israelitas “incendiaram a cidade inteira e tudo o que nela havia” (Js 6:24), e os
muros caídos comprovam que “cada um [dos israelitas] atacou do lugar onde estava, e
tomaram a cidade” (Js 6:20). Desejando ser o mais cuidadoso possível e agindo como
verdadeiro cientista, Garstang consultou três dos principais arqueólogos e especialistas
em alvenaria de toda a Palestina: Pere Vincent, Clarence S. Fisher e Alan Rowe.
Quando essas autoridades examinaram detidamente e em separado a cerâmica, as ruínas
carbonizadas e os muros caídos, assinaram declarações conjuntas com Garstang
confirmando a data de 1400 a.C. Essa data concorda com a cronologia de 1Reis 6:1. O
reinado de Salomão começou por volta de 961 a.C. Se essa data é correta, o quarto ano
de seu reinado seria aproximadamente o ano 957 a.C. Somando 480 anos, 1437 a.C. é a
data mais provável da saída dos israelitas do Egito. Se levarmos em conta os quarenta
anos que os israelitas passaram errantes no deserto, chegamos à data de 1397 a.C. para a
destruição de Jericó, e isso está dentro dos limites de Garstang. Todavia, essas
descobertas e interpretações não satisfizeram alguns pesquisadores, porque não podiam
encontrar lugar em sua mente para uma Jericó que se ajustasse tão bem ao registro
bíblico. Durante quase dois decênios, houve constante oposição às conclusões de
Garstang e foram exercidas pressões para que se reexaminasse Jericó. Esse desejo foi
satisfeito no início de 1952, quando uma expedição conjunta da Escola Britânica de
Arqueologia, o Fundo de Exploração da Palestina, as Escolas Americanas de
Investigação Oriental e o Departamento de Antiguidades do Jordão começaram a
escavar novamente em Jericó, sob a direção de Kathleen Kenyon. O trabalho foi
realizado com diligência pelo espaço de cinco temporadas, durante as quais escavaramse
fossos até o leito rochoso em seis lugares diferentes do montículo. Em um deles,
próximo ao extremo norte-oriental, foram encontrados restos da primeira ocupação de
Jericó. Dois períodos neolíticos caracterizavam essa ocupação mais antiga. No primeiro
período, o povo edificava casas de estrutura primitiva que, a julgar pelos seus restos,
não passavam de simples choças. Mais tarde, edificaram casas permanentes de ladrilhos,
de forma redonda, desenvolveram boas ferramentas de quartzo e fabricaram pratos
polidos de pedra calcária. O povoado estava rodeado de um sólido muro de pedra de 2
m de espessura por 3,7 a 7 m de altura, sobre o qual havia uma sólida torre de
observação de 9 m de altura e 8,5 m de diâmetro. Uma escadaria interior de 22 degraus,
cada um dos quais era uma lousa de pedra de 1 m de parapeito, conduzia à parte
superior da torre. Esses habitantes primitivos desfrutavam uma civilização bastante
cômoda. Depois da destruição dessa cidade, outra foi edificada sobre suas ruínas, a qual
também estava rodeada de um muro de pedra construído sobre novos fundamentos.
Seus habitantes edificaram casas retangulares sólidas e grandes, de ladrilhos de barro
enlarguecidos. Também cobriram o piso e as paredes com gesso de cor vermelha ou
creme e poliram-nos até dar-lhes um acabamento muito fino. A descoberta de facas de
pedra, foices de quartzo, pequenos moinhos e mãos de pilão, junto com várias espécies
de grãos, confirmou a natureza predominantemente agrícola de seus moradores. Os
moradores dessa segunda cidade sepultavam muitos de seus mortos sob o piso, e em
alguns casos faziam o retrato do ente querido envolvendo cuidadosamente o crânio do
morto com argila. Depois disso, formavam artisticamente os traços do morto com argila
moldável. Algumas caveiras tinham conchas brilhantes no lugar de
olhos. A análise da cidade mais antiga com carbono-14 resultou em datas diferentes
(aproximadamente): 5850, 6250 e 6800 a.C. Testes realizados posteriormente deram
como resultado datas ainda mais anteriores, como 7705, 7800 e até mesmo 8350 a.C.
Para a segunda cidade, as provas de carvão radioativo deram como datas 5820 e 6880
a.C. Outros testes produziram ainda datas diferentes. As grandes variações entre os
resultados dos testes levaram muitos estudiosos a considerá-los não confiáveis. Quando
insinuaram que as datas se haviam mostrado demasiado antigas, a srta. Kenyon
comentou: “As etapas entre essas datas e 3000 a.C. [a ocupação seguinte] estendem-se
até um grau inquietante”. E acrescentou: “Com nosso conhecimento atual, a datação
com carbono-14 deve ser empregada com precaução, já que sua confiabilidade tem de
ser submetida à prova de uma experiência mais completa. Todavia, a cidade de Jericó
será chamada freqüentemente a cidade mais antiga do mundo, mas para os eruditos mais
precavidos, a verdadeira idade da Jericó pré-histórica permanecerá
indeterminada”.Durante a Idade do Bronze Antigo (3000-2100 a.C.), Jericó esteve
protegida por uma série de muros de ladrilhos de barro, mas essa população pereceu
violentamente nas mãos de povos chegados por volta 2300 a.C. Imediatamente depois,
foi levantada uma cidade próspera, de tamanho médio, dentro de um complicado
sistema de defesa de muros de ladrilhos de barro. Entre 1800 e 1759 a.C., seus
habitantes acrescentaram um fosso profundo, recoberto de pedras, com encostas
pendentes e um revestimento de 6 m de altura. Com o passar do tempo, foram
acrescentadas duas encostas em cima da primeira, a última construída de pedra. O muro
exterior da cidade foi erguido sobre ela. Os restos dos povoadores desse período (Idade
do Bronze Médio) acham-se bem preservados, tal como revela o cemitério situado ao pé
das colinas a oeste do tell. No transcurso de cinco temporadas de trabalho, a srta.
Kenyon e seus ajudantes escavaram 59 sepulcros, a maioria dos quais continha tumbas
múltiplas. Encontraram também criptas familiares e tumbas individuais. Em uma das
tumbas, havia sete corpos estendidos em fila, sem que nada desse a entender que um
fosse mais importante que o outro. A maioria dos mortos jazia sobre esteiras de junco.
Apenas um jazia sobre um leito. Era um homem — provavelmente de certa importância,
porque ocupava o centro da tumba, e os membros de sua família estavam dispostos ao
seu redor. A maioria dos corpos tinha um selo de escaravelho sagrado no anel de bronze
que traziam no dedo ou em um colar suspenso no pescoço. No caso das tumbas que
voltavam a ser usadas, eles simplesmente empurravam para trás as sepulturas mais
antigas a fim de dar espaço às mais novas. Os objetos sepultados com o morto tinham o
objetivo de servir ao defunto na outra vida. Baseados nesses achados, os escavadores
puderam obter, em alto grau, a informação adicional proveniente do tell acerca dos
povoadores que viveram nos períodos mais antigos, especialmente durante a época dos
patriarcas. Entre os objetos encontrados nas tumbas estavam vasilhas de cerâmica de
vários tamanhos, camas e tamboretes de madeira, mesas de três e quatro pés, porta-jóias
com incrustações em osso, canastras e esteiras, adagas de metal, alfinetes de bronze,
leques, pentes, escaravelhos sagrados, pequenas taças de madeira e alabastro, romãs,
passas, costelas de cordeiro e até esqueletos completos de ovelhas. Um dos achados
mais impressionantes foi o de um cérebro humano dentro do crânio, com as
protuberâncias ainda visíveis. Em uma das tumbas, havia escaravelhos sagrados de
ametista montados em ouro. Quatro deles estavam completos, com os anéis em perfeitas
condições. O quinto anel trazia apenas a banda circundante e um pequeno bracelete.
Com os móveis e demais objetos encontrados nas tumbas, foi reconstruída e mobiliada
uma habitação. Supõe-se que certos gases produziram uma atmosfera que preservou os
objetos (de outra maneira perecíveis) encontrados nessas tumbas. Não obstante,
numerosas provas científicas têm deixado essa interrogação sem resposta alguma.
Durante essa fase de escavações da srta. Kenyon, alguns daqueles pesquisadores
insatisfeitos com as interpretações de Garstang interrogaram-na quanto à interpretação
dos achados. Em particular, desejavam conhecer o que ela pensava sobre os muros
caídos. Ela declarou-lhes que Garstang havia identificado erroneamente os muros de
Jericó, pois o muro interior correspondia à Idade do Bronze Antigo, cerca de 2300-2200
a.C.Imediatamente, espalhou-se a notícia de que Garstang havia identificado
erroneamente os muros caídos de Jericó e que o método estratigráfico da srta. Kenyon
havia refutado Garstang, pois não fora encontrado nenhum resto da Idade do Bronze
Tardio, e, portanto, não teria existido nenhuma cidade que Josué pudesse capturar. “Os
muros”, citava o informe, “eram pelo menos mil anos mais antigos do que Garstang os
havia datado”. Ou, como indicava um informe característico: “Agora, sabe-se que os
muros caídos que Garstang encontrou são mil anos mais antigos — demasiadamente
antigos para serem associados com o ataque de Josué”. O informe ocupou facilmente
lugar de destaque nos noticiários, nas revistas especializadas e em livros, em diversas
partes do mundo. O informe, todavia, continha apenas uma verdade pela metade.
Kenyon havia indicado unicamente a época em que o sólido muro interior de 3,7 m de
largura de Jericó fora construído. Escavações de outras cidades antigas revelam que os
sólidos muros erguidos nesse período se mantiveram firmes por muitos séculos. Na
realidade, a escavação seguinte da senhorita Kenyon foi realizada na cidade de
Jerusalém, onde se desenterraram os restos de “um muro pesado e de grande tamanho”
que rodeava a cidade dos jebuseus capturada pelo rei Davi no ano 1000 a.C. Após
cuidadosa inspeção, ela chegou à conclusão (com a qual outros arqueólogos
concordaram) de que era um muro da Idade do Bronze Médio, construído por volta de
1800 a.C. O muro, portanto, tinha oitocentos anos quando Davi e Joabe capturaram a
cidade. Davi, Salomão e outros utilizaram esses muros durante duzentos anos ou mais,
quase até os tempos de Neemias. Esses muros, com alguns reparos e extensões,
mantiveram-se de pé durante quase mil anos. Os jebuseus estavam simplesmente
utilizando os sólidos muros de Jericó, utilizados muitos séculos antes. Tinham tanta
confiança na inexpugnabilidade dos muros que provocaram Davi e Joabe com a
surpreendente afirmação de que “os cegos e os aleijados” poderiam defender os muros e
a cidade (2Sm 5:6). Os muros eram realmente sólidos e só foram finalmente derrubados
pelo poder do Deus todo-poderoso (Js 6:1-27). Em uma escavação posterior, a srta.
Kenyon informou que havia encontrado “os fundamentos e a base de um muro de
aproximadamente 1 m2 de piso intacto”, os restos de um edifício denominado edifício
Médio, um forno e um pequeno jarro todos pertencentes à Idade do Bronze Tardio
(1500-1200 a.C.). Sobre esses achados, Kenyon comentou: “Pelo menos demonstram
que existiu uma povoação nesse período [...] Data do século XIV a.C. e
concorda muito bem com as descobertas realizadas nas tumbas e datadas com mais
precisão pelo professor Garstang [...] Parece que o pequeno fragmento de edifício que
encontramos é parte da cozinha de uma mulher cananéia. Pode ser que ela tenha
deixado cair o jarro ao lado do forno para fugir ao soarem as trombetas dos homens de
Josué”.A Jericó do NT Em 10 de janeiro de 1950, o dr. James L. Kelso e seus
associados iniciaram a escavação da Jericó do NT. Encontraram a capital invernal de
Herodes, o Grande, a cidadela, o hipódromo, a piscina, as fontes, os jardins, as quintas e
as ruínas de outras edificações construídas com pedras de cantaria [esquadrejadas]
caracteristicamente herodiana, com o suave calado marginal nos quatro costados. O
número de quintas diminui na direção leste, e pouco mais além vê-se a Jericó moderna,
que o dr. Kelso supunha erguida sobre os setores mais pobres da Jericó do NT.
Palácio de inverno de Herodes (Jericó).

Ruínas dos muros da antiga cidade de Jericó.

Ver tb: Nm 22:1, Nm 26:3, Nm 26:63, Nm 31:12, Nm 33:48, Nm 34:15, Nm 35:1, Nm
36:13, Dt 34:3, Js 2:1, Js 5:13, Js 6:1, Js 6:20, Js 7:2, Js 8:2, Js 9:3, Js 12:9, Js 13:32, Js
16:1, Js 18:12, Js 18:21, Js 20:8, Js 24:11, Jz 3:13, 2Sm 6:16, 1Rs 16:34, 2Rs 2:4, 2Rs
2:18, 2Rs 25:5, 1Cr 19:5, 2Cr 28:15, Ed 2:34, Ne 3:2, Ne 7:36, Jr 39:5, Mt 20:29, Mc
10:46, Lc 10:30, Lc 18:35, Lc 19:1
4433 - JERUSALÉM. Os arqueólogos jamais duvidaram da localização da antiga
Jerusalém e concentram-se em descobrir e identificar seus muros, portas e lugares
sagrados. Todavia, surgiram algumas dificuldades no processo de investigação, já que
Jerusalém foi sitiada, capturada ou destruída, em parte ou totalmente, mais de quarenta
vezes. As ruínas amontoaram-se umas sobre as outras, e os escombros rolaram para os
vales, chegando em alguns lugares a atingir 12 m de altura desde o nível atual do solo
até o nível das ruas sobre as quais Jesus caminhou e 9 m ou mais até o nível sobre o
qual caminharam as personagens do AT. A isso temos de acrescentar o fato de que
quase todas as áreas da Jerusalém antiga estavam cobertas de edifícios e cemitérios
modernos, de forma que a maior parte da cidade era inacessível à escavação. Foram
feitas escavações diretas e abertos túneis subterrâneos sempre que possível. Muitos
homens capazes examinaram o subsolo de Jerusalém: Robinson, Warren, Wilson, Bliss,
Guthe, Schik, Clermont-Ganneau, Parker, Weile, Macalister, Duncan, Crowfoot, Myer,
Sukenik e outros. Muitas descobertas são fruto dos esforços desses homens, embora
algumas delas tenham ocorrido por casualidade. Em 1838, o dr. Edward Robinson
descobriu certa quantidade de pedras arqueadas que formavam a curvatura de um arco
de 13 m de largura e se projetava a partir do ângulo sudoeste do Templo. Algumas das
pedras que compunham o arco mediam até 8 m de extensão e pertenciam à porção
oriental de um dos arcos que sustentavam uma ponte que, nos tempos de Herodes, se
estendia sobre o vale de Tiropeão e ligava a área do Templo sobre o monte Moriá com a
colina ocidental do outro lado do vale. Anos mais tarde, Charles Warren, ao escavar
diretamente o lado oposto do vale, descobriu a base de uma coluna que sustentava o
extremo ocidental dessa mesma ponte, a qual descansava sobre um piso situado 9 m
abaixo da superfície. Em seguida, por debaixo do piso, a uma profundidade de 7 m,
Warren encontrou um antigo aqueduto com 4 m de profundidade e 1 m de largura que
corria paralelo ao vale de Tiropeão. Sir Charles Wilson descobriu outro arco que se
projetava da mesma parede, porém localizado 171 m ao norte do arco de Robinson. Era
semelhante ao arco de Robinson, se bem que incompleto, já que apresentava 25 séries
de pedra, doze de cada lado da pedra angular. Era também a base de uma ponte que
atravessava o vale de Tiropeão. Segundo Josefo, pelo flanco ocidental e ao lado da
cidade, entrava-se no pátio exterior do Templo através de quatro portas as duas portas
principais estavam nos pontos indicados pelos arcos de Robinson e Wilson. Em 1850,
Felicien de Sauley descobriu um enorme sepulcro ao norte de Jerusalém e acreditou que
fosse a tumba dos reis de Judá. Havia uma imponente pedra rolante na entrada e espaço
para sessenta tumbas ou mais no interior. Esse foi o melhor sepulcro até hoje descoberto
na área de Jerusalém. Constatou-se, todavia, que o sepulcro era o mausoléu da rainha
Helena de Adiabene, Mesopotâmia, e de seus descendentes, que se haviam convertido
ao judaísmo e se mudado para Jerusalém no século I d.C.Em 1852, Joseph Barclay
caminhava ao longo do muro norte de Jerusalém, quando seu cão desapareceu por uma
abertura em forma de caverna por debaixo do muro, cerca de 91 m a leste da porta de
Damasco. Ao retirar os escombros em volta da abertura, descobriu que era a entrada
para uma caverna estratificada de pedra calcária que se estendia cerca de 213 m por
baixo da cidade, na direção sul. As marcas ao longo das paredes laterais e do fundo
mostram o tamanho e a forma das pedras de edificação extraídas do lugar, devendo
haver ali ainda dezenas de milhares delas. A rocha é suave e branca, e, a julgar pelos
montões de cascalho e por outros resíduos, muitos acreditam que esse tenha sido o
canteiro de obras onde os homens de Salomão modelavam e adornavam as pedras antes
de levá-las arrastadas ao Templo, já que “não se ouviu no templo nenhum barulho de
martelo, nem de talhadeira, nem de qualquer outra ferramenta de ferro durante a sua
construção” (1Rs 6:7). Em 1865, Warren e Wilson cavaram sete fossos de até 27 m de
profundidade no vale de Tiropeão. Eles inspecionaram as paredes subterrâneas do
Templo e constataram que haviam sido edificadas principalmente com grandes pedras
“belamente trabalhadas, que se encaixavam entre si de maneira assombrosa, sendo
apenas
perceptíveis as uniões”. Essas grandes pedras correspondiam aos tempos de Herodes, o
Grande, ou a uma época anterior. Além disso, encontraram grande quantidade de peças
de alvenaria, muitas lâmpadas e um segundo piso 7 m abaixo do nível do solo atual. E,
por baixo do piso, desenterraram o selo de pedra de “Ageu, filho de Sealtiel”. Esse
profeta menciona um “anel de selar” (Ag 2:23). Eles também cavaram três fossos perto
do ângulo sudeste da parede da área do Templo, um de 27 m, outro de 30 m e um
terceiro, de 38 m de profundidade. A diferentes intervalos, foram escavadas galerias
horizontais até as paredes e realizadas cuidadosas inspeções. A obra de alvenaria havia
sido realizada nas uniões com precisão e delicadeza só ultrapassadas pelos antigos
trabalhos egípcios nas pirâmides. No ângulo sudeste, a mais de 27 m sob o atual nível
do solo, Warren encontrou uma pedra angular de 1,1 m de altura por 4,3 m de
comprimento, que pesava aproximadamente cem toneladas. Muitos acreditam que tenha
sido colocada ali por Salomão. No esforço para traçar os antigos muros da cidade,
Warren escavou numerosos fossos na colina de Ofel e deixou o muro de Davi
descoberto em uma extensão de 122 m. Raymond Weile, Macalister, Duncan, Sukenik e
Moyer, todos realizaram descobertas valiosas ao longo do traçado dos antigos muros e
das torres dos arredores de Ofel, até a “Cidade [ou cidadela] de Davi”. Eles chegaram a
delinear o terceiro muro, construído por Herodes Agripa, que continuava para oeste e
dava a volta até passar novamente através da propriedade das Escolas Americanas de
Investigação Oriental, seguindo em direção ao atual muro da esquina perto do Museu
Arqueológico da Palestina. Em alguns setores, os modernos muros edificados por
Suleiman, o Magnífico, entre 1537 e 1542 foram construídos em cima dos fundamentos
dos muros antigos. Em 1880, alguns estudantes estavam brincando no tanque de Siloé,
quando um deles afastou-se cerca de 6 m por dentro do conduto e descobriu algumas
marcas peculiares no muro oriental de pedra sobre o nível da água que pareciam ser de
escritura. Quando notificaram seu mestre, o professor Conrad Shick, ele e o dr. Sayce
visitaram o lugar e copiaram a inscrição, a qual constava de seis regras escritas em
hebraico antigo, praticamente os mesmos caracteres e o mesmo alfabeto usados na
pedra Moabita. A inscrição dizia: “O túnel foi completamente perfurado. E foi
perfurado da seguinte maneira: Enquanto [os canteiros brandiam suas picaretas], cada
homem em direção ao seu colega [i.e, de extremidades opostas], e enquanto ainda
faltavam 3 côvados [1,35 m] para serem cortados, [escutou-se] a voz de um homem
chamando seu colega [...] E, quando o túnel teve sua conexão feita, os canteiros
cortavam a rocha, cada homem em direção ao seu colega, picareta ao encontro de
picareta. E as águas fluíram da fonte em direção ao tanque, numa distância de 1200
côvados [540 m], e a altura da rocha acima das cabeças dos canteiros era de 100
côvados [45 m]”.Não foi encontrada qualquer explicação com a inscrição, e nenhuma
foi necessária, já que todas as autoridades concordam em que foi escrita por volta de
702 a.C., quando Ezequias, rei de Judá, promoveu a “construção do açude e do túnel
que canalizou água para a cidade” (2Rs 20:20) a fim de garantir as águas do manancial
de Giom (ou manancial da Virgem) para os moradores de Jerusalém, quando estes
foram ameaçados com invasão e fome extrema pelos assírios. O relato bíblico e a
inscrição estão de acordo. Os engenheiros traçaram um plano, e os escavadores
começaram a cavar por ambos os extremos, trabalhando em direção ao centro uma
distância de 540 m. Eles cavaram o túnel a uma altura média de 1,82 m através da sólida
rocha e chegaram “picareta ao encontro de picareta”, proeza notável para a época. A
inscrição proporciona provas inequívocas de uma escritura alfabética hebraica, que
Isaías e outros profetas utilizaram para escrever boa parte da literatura mais eloqüente
do mundo. Em 1871, Clermont-Ganneau recuperou uma inscrição que fizera parte do
templo de Herodes e demarcava os limites mais avançados, além dos quais nenhum
gentio se atreveria passar. A inscrição dizia: “Nenhum estranho há de ultrapassar a
balaustrada ao redor do templo ou entrar no recinto. Quem quer que for flagrado será
responsável perante si mesmo por sua morte imediata”.A inscrição aramaica mais longa
da época de Cristo foi descoberta pelo professor Sukenik em 1931. Dizia: “Para cá
foram trazidos os ossos de Uzias, rei de Judá. Que não seja aberto”. Supõe-se que o
novo enterro fez-se necessário devido ao extenso trabalho de construção realizado por
Agripa II em Jerusalém.
Ver tb: Js 10:1, Js 10:23, Js 15:8, Js 15:63, Js 18:27, Jz 1:7, Jz 1:21, Jz 19:10, 1Sm
17:54, 2Sm 5:6, 2Sm 8:7, 2Sm 11:1, 2Sm 14:28, 2Sm 15:14, 2Sm 20:3, 2Sm 24:8, 1Rs
2:11, 1Rs 2:36, 1Rs 3:1, 1Rs 8:1, 1Rs 9:15, 1Rs 9:19, 1Rs 10:2, 1Rs 10:26, 1Rs 14:21,
1Rs 14:25, 1Rs 22:42, 2Rs 14:13, 2Rs 16:5, 2Rs 18:35, 2Rs 21:13, 2Rs 23:9, 2Rs 23:27,
2Rs 24:10, 2Rs 25:1, 2Rs 25:4, 2Rs 25:10, 1Cr 3:4, 1Cr 8:28, 1Cr 9:34, 1Cr 11:4, 1Cr
20:1, 2Cr 5:2, 2Cr 14:1, 2Cr 24:23, 2Cr 25:23, 2Cr 30:5, 2Cr 30:13, 2Cr 35:24, 2Cr
36:11, 2Cr 36:19, Ed 1:2, Ed 2:1, Ed 4:23, Ed 7:8, Ed 7:13, Ed 8:29, Ne 1:3, Ne 2:13,
Ne 7:3, Sl 80:13, Sl 122:3, Is 1:7, Is 3:1, Is 22:10, Is 27:10, Is 29:1, Is 64:10, Jr 6:1, Jr
6:6, Jr 23:39, Jr 25:2, Jr 25:18, Jr 25:29, Jr 26:6, Jr 32:29, Jr 33:13, Jr 34:1, Jr 34:22, Jr
35:11, Jr 37:10, Jr 38:23, Jr 39:2, Jr 39:8, Jr 44:6, Jr 44:13, Jr 52:7, Lm 1:1, Ez 4:1, Ez
4:7, Ez 5:5, Ez 15:6, Ez 21:2, Ez 21:20, Ez 24:6, Ez 33:21, Dn 1:1, Dn 9:2, Dn 9:12, Dn
9:26, Am 2:5, Mq 1:9, Mq 3:12, Zc 2:2, Zc 7:7, Zc 14:2, Mt 2:1, Mt 5:35, Mt 21:1, Lc
13:4, Lc 17:12, Jo 2:14, Jo 4:21, Jo 5:2, At 1:4, At 2:5, At 8:27, At 9:21, At 9:28, At
15:2, At 15:4, At 25:1, Gl 1:18, Gl 2:1, Gl 4:25
4434 - JEZREEL, cidade que deu seu nome ao vale de Jezreel, está situada sobre o
fundamento de uma colina proeminente ao pé do monte Gilboa. A própria cidade e o
extraordinário panorama do vale de Jezreel oferecem uma vista panorâmica de onde
ocorreram muitos dos mais comoventes e trágicos acontecimentos de todos os tempos.
O palácio real de Acabe e Jezabel sobressaía ousadamente sobre esse montículo no qual
muito dos perversos acontecimentos de sua vida tiveram lugar. Elias, “prendendo a capa
com o cinto”, correu adiante do carro de guerra de Acabe desde o monte Carmelo até
Jezreel, onde a rainha Jezabel jurou matá-lo (1Rs 18:46—19:3). Ali, mediante um ardil,
Jezabel conseguiu que Acabe matasse Nabote e se apoderasse da vinha deste (1Rs 21:1-
16). Mais tarde, Elias apareceu nessa mesma vinha e anunciou que os cães devorariam
Jezabel (1Rs 21:23). Quando Jeú entrou em Jezreel, Jezabel colheu a recompensa de
suas más obras: os eunucos atiraram-na à rua, os cavalos da carruagem de Jeú a
atropelaram e os cães comeram sua carne (2Rs 9:30-36). Nenhuma escavação está
sendo realizada nesse lugar.
Ver tb: Js 17:16, Jz 6:33, 1Rs 18:45, 2Rs 9:30, 2Cr 22:6, Os 1:5
4435 - JOPE, a “porta” da antiga Palestina está edificada sobre uma lombada rochosa
de 35 m de altura que se projeta na direção de um pequeno e formoso cabo. Seu porto
(ou quebra-mar) é formado por um círculo de grandes rochas, em uma das quais,
segundo a mitologia, Andrômeda foi acorrentada para ser devorada por um monstro
marinho, a fim de apaziguar a ira de Poseidon, antes de ser resgatada por Perseu. Esse
foi o porto ao qual foram enviados os cedros do Líbano para a construção do Templo de
Salomão e também o lugar de onde o profeta Jonas partiu para Társis. Sua história é
longa e freqüentemente cheia de contrastes. As escavações, todavia, limitam-se a uma
única área. Não obstante, foram encontradas muitas peças de alvenaria e outros artefatos
que atestam sua antiguidade.
Ver tb: Js 19:46, 2Cr 2:16, Ed 3:7, Jn 1:3, At 9:36, At 9:38, At 10:5, At 11:5, Cl 2:1
4436 - LAGASH, conhecida em épocas modernas como Telloh, está situada cerca de
80 km ao norte de Ur. Foi escavada pelos franceses sob a direção de Ernest de Sarzec,
que iniciou os trabalhos em 1877 e continuou a intervalos até 1900. Alguns objetos
descobertos nas escavações: 1) a magnífica estela de Eannatum (2900 a.C.), conhecida
como a estela dos Abutres, a qual mostra os soldados avançando para a batalha em uma
falange cerrada protegidos por lanças e escudos enquanto os abutres devoram os mortos
das forças inimigas; 2) a estátua de cobre de Gudea, rei de Lagash, datando de cerca de
2600 a.C., da mesma forma que seus registros escritos em argila; 3) uma magnífica
coleção de estátuas de diorito dos primeiros governadores de Lagash com cerca de 40
mil tabuinhas inscritas, as quais contribuíram muito para o nosso conhecimento da
primitiva história econômica da Suméria, da qual Lagash era centro estratégico.
4437 - LAODICÉIA, lugar de uma das sete igrejas do Apocalipse (Ap 1:4,11),
situava-se na antiga estrada que ia de Éfeso, atravessando os vales de Maeander e de
Lico, na direção leste, até a Síria. Colossos está localizada 16 km mais para o leste,
enquanto Hierápolis está 10 km a nordeste de Laodicéia. A cidade foi fundada por volta
de 250 a.C. por Antíoco Epifânio II, que lhe pôs o nome de sua esposa, Laodice, e a
povoou com sírios e judeus trazidos da Babilônia. Laodicéia situava-se em uma meseta
de forma quase quadrada, 30 m acima do nível do vale, e estava rodeada de extensos
campos férteis e bons pastos. O lugar logo tornou-se famoso por sua beleza e sua
riqueza, derivadas em grande parte da criação de ovelhas, cuja lã, lustrosa e negra, era
usada na fabricação de tecidos e tapetes. A cidade tornou-se também um centro bancário
e de outras operações financeiras, realizadas em grande parte por um proeminente e
endinheirado círculo judeu. Laodicéia cunhou as próprias moedas a partir do século II
a.C. Posteriormente, converteu-se na capital secular da Frígia ocidental, a “Metrópole
da Ásia”, e na história cristã primitiva chegou a ser o bispado mais proeminente da
Frígia. Na última metade do século I, quando o livro de Apocalipse foi escrito, a igreja
de Laodicéia parece ter sido influenciada pela atmosfera de opulência reinante no lugar.
Foi repreendida por ser rica em bens materiais, mas fraca nas coisas do espírito. No
conselho de Cristo para que a igreja comprasse dele “ouro refinado no fogo, e você se
tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e
compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar” (Ap 3:18), sir William
Ramsey viu referências à riqueza de Laodicéia, a seus famosos vestidos e talvez ao “pó
frígio” para as enfermidades dos olhos, que provavelmente era preparado ali. Em
conseqüência das guerras dos turcos seljuks, a cidade declinou até ser abandonada
pouco depois do século XIII. O povoado de Denizli, conhecido hoje como Eski Hissar,
teve suas casas construídas próximo às ruínas de Laodicéia. A cidade não foi ainda
escavada, mas é possível traçar as linhas de seus muros e anfiteatros e do estádio de 300
m de comprimento.
Ver tb: Ap 1:11, Ap 3:14
4438 - LÁQUIS (a moderna Tell ed-Duweir) era uma importante cidade fortificada de
localização estratégica no Sefelá, ou terras baixas de Judá, situada 48 km a sudoeste de
Jerusalém. Os invasores israelitas sob as ordens de Josué tomaram Láquis um dia após a
haverem sitiado (Js 10:32). Em seguida, avançaram sem queimar a cidade (Js 11:13).
Mais tarde, o rei Roboão fortificou Láquis e tornou-a “muito forte” (2Cr 11:9-12).
Durante as escavações em Nínive, em 1850, Layard achou que, de todas as 46 cidades
conquistadas por Senaqueribe durante a célebre campanha na Síria e na Palestina no ano
701 a.C., Láquis parece ter sido seu maior motivo de orgulho, porque ao regressar a
Nínive ordenou a seus artistas e escultores que registrassem a tomada da cidade em 13
painéis distribuídos nas paredes do palácio. Quando os painéis foram agrupados,
formaram um dos panoramas de batalha mais extensos e detalhados de todos os tempos.
J. L. Starkey e seus sócios dirigiram as escavações em Láquis de 1932 até janeiro de
1938. Realizaram muitas descobertas importantes, e a principal foram 21 cartas
(conhecidas hoje como “as cartas de Láquis”). Eles acharam as cartas entre as cinzas e
carvões existentes no depósito da guarda, contíguo à porta exterior da cidade. Foram
escritas com tinta de carvão “por um certo Hosaías (v. Ne 12:32; Jr 42:1; 43:2), oficial
subalterno do exército estacionado em um pequeno forte perto de Jerusalém, a Jaós, o
comandante. As curtas mensagens foram escritas durante os últimos anos de Jeremias
(588 a.C.). Refletem o turbulento período pelo qual passava o reino durante o governo
de Zedequias, pouco antes da queda de Láquis, e dois anos antes da queda de Jerusalém.
Evidentemente, as mensagens foram escritas em um espaço de poucos dias ou semanas,
conforme se deduz da semelhança dos fragmentos — cinco deles encaixam-se como
fragmentos da mesma vasilha”. A carta I contém uma lista de nove nomes próprios, e
cinco deles constam no AT. Três aparecem apenas na época de Jeremias. Na carta IV,
Hosaías escreve: “E permita meu senhor saber que estamos esperando os sinais de
Láquis, segundo todas as indicações que meu senhor tem dado, porque não podemos ver
Azeca”. Jeremias menciona os sinais (Jr 6:1) e narra como o rei da Babilônia “lutava
contra Jerusalém e contra as outras cidades de Judá que ainda resistiam, Láquis e Azeca,
pois só restaram essas cidades fortificadas em Judá” (Jr 34:7). A carta II refere-se às
palavras dos príncipes como “debilitando nossas mãos”, e a leitura torna-se interessante
quando comparada com Jeremias Jr 38:4: “Então os líderes disseram ao rei: Este
homem deve morrer. Ele está desencorajando os soldados que restaram nesta cidade,
bem como todo o povo, com as coisas que ele está dizendo”. “Essas cartas refletem a
tensa situação social e política da época em que Jeremias profetizou e foi encarcerado.
Elas também proporcionam evidência direta acerca das ferramentas e da tinta que
Baruque usou para escrever os caracteres hebraicos”: “Perguntaram a Baruque: ‘Diganos,
como você escreveu tudo isso? Foi Jeremias quem o ditou a você?’ ‘Sim’, Baruque
respondeu, ‘ele ditou todas essas palavras, e eu as escrevi com tinta no rolo’”.O
professor Haupert, da Moravian College and Theological Seminary, diz: “A verdadeira
importância das cartas de Láquis dificilmente pode ser exagerada. Nenhuma descoberta
arqueológica até hoje tem relação mais direta com o AT. Os escribas que redigiram as
cartas (porque havia mais de um) fizeram-no com genuíno talento artístico em hebraico
clássico, e temos praticamente uma nova seção de literatura do AT — como
complemento de Jeremias”.O dr. Albright declara: “Nessas cartas, encontramo-nos
exatamente na época de Jeremias, com as condições sociais e políticas em perfeita
harmonia com o livro que leva seu nome”.
Ver tb: Js 10:3, Js 10:31, Js 12:11, Js 15:40, 2Rs 14:19, 2Rs 18:14, 2Rs 18:17, 2Rs 19:8,
Ne 11:30, Is 36:2, Jr 34:7, Mq 1:13
4439 - LIDA, agora chamado Ludd, é um povoado de notável importância situado 18
km a sudeste de Jope. Na época do AT, era conhecido como Lode (1Cr 8:12). No NT,
tornou-se conhecido como o lugar em que Pedro curou o paralítico Enéias (At 9:33,34).
No período das Cruzadas, tornou-se famoso como o cenário tradicional do martírio de
são Jorge, patrono da Inglaterra. As ruínas dos assentamentos mais antigos jazem
sepultadas debaixo da cidade atual. Somente permanecem as impressionantes ruínas da
Igreja de São Jorge, do tempo das Cruzadas.
Ver tb: 1Cr 8:12, Ed 2:33, Ne 11:35, At 9:32, At 26:4
4440 - LISTRA foi o lugar onde Paulo curou um paralítico, e em conseqüência disso a
população da cidade achou que Paulo e a Barnabé eram deuses, chamando a Barnabé
“Zeus”, e a Paulo, “Hermes”. Mais tarde, no entanto, devido ao incitamento dos judeus
de Antioquia, o povo de Listra apedrejou Paulo e abandonou-o, acreditando que
estivesse morto. Sua localização era incerta até 1885, quando J. R. S. Sterrell descobriu
em um montículo situado cerca de 40 km a sudoeste de Icônio um altar romano inscrito,
de 1 m de altura por 15 cm de espessura. Na pedra, via-se escrita em latim a palavra
“listra”, junto com a declaração de que esta se havia convertido em colônia romana no
tempo em que Augusto César era imperador.
MAR MORTO, ROLOS DO (v. Rolos do mar Morto)
Ver tb: At 14:6, At 14:21, At 16:1, 2Tm 3:11
4441 - MARESSA era a cidade do profeta Miquéias e de Eliézer, filho de Dodava.
Eliézer profetizou acerca da ruptura dos navios de Josafá para que não pudessem chegar
a Társis (2Cr 20:37). Roboão fortificou Maressa. E Asa não somente reforçou essas
fortificações como também as utilizou para derrotar as forças etíopes sob o comando de
Zerá (2Cr 14:12). A cidade teve seu fim em 40 a.C., quando foi destruída pelos partos.
O montículo circular de 2,43 ha foi escavado de 1898 a 1900 por Bliss e Macalister, que
desenterraram muros, portas e edifícios do período helenístico (333-63 a.C.), acima do
nível no qual viveu o profeta Miquéias. Em 1902, J. P. Peters descobriu as agora
famosas Tumbas Pintadas de Maressa, centenas de metros ao norte da cidade, que em
beleza e em execução do desenho sobrepujam às demais tumbas conhecidas da
Palestina. Eram as tumbas particulares de imigrantes sidônios que viveram em Maressa
por volta do século III a.C.
Ver tb: Js 15:44, 2Cr 11:8, 2Cr 14:9, 2Cr 20:37
4442 - MARI era uma cidade importante da Antiguidade. Situava-se no vale do
Eufrates e hoje é conhecida como Tell Harari. Sua localização era estratégica, já que
ficava na metade do caminho entre Carquemis e Babilônia. O professor André Parrot
começou as escavações no montículo de 22 ha em 1933. Nas suas muitas campanhas,
encontrou grande quantidade de material que revelava o estilo de vida dos tempos
patriarcais. Desenterrou o palácio real de Zinri-Lim, rei de Mari, que ocupava uma
superfície de 2,8 ha e continha mais de 250 habitações e pátios, além de um grande
salão de audiência, escritórios administrativos e dormitórios para funcionários de outros
países em visita. Duas das habitações eram salas de aula onde os jovens aprendiam a
leitura, a escrita e a aritmética. O propósito era prepará-los para a vida, especialmente
formá-los escribas. No centro do palácio, achava-se a capela particular do rei, que
possuía três pátios abertos. O pátio interior media 33 m de comprimento, com paredes
de 9 m de altura. Na capela, estava a estátua de Istar, deusa da fertilidade. A água fluía
através da estátua por um jarro que a deusa tinha na mão — a mesma deusa que os
hebreus chamavam “Astarote, a deusa dos sidônios” (1Rs 11:33). Nos arquivos do
palácio real, os escavadores descobriram mais de 20 mil tabuinhas, das quais 5 mil eram
cartas dirigidas ao rei por funcionários do distrito do Estado de Mari. Outras eram cartas
diplomáticas de príncipes e governadores de todas as partes da Mesopotâmia e da Síria.
Havia cartas de Hamurábi, rei da Babilônia, sob cujo poder Mari caiu no ano 32 do
reinado de Zinri-Lim. Nas cartas dos funcionários distritais havia freqüentes referências
às cidades de Harã, Naor, Serugue e Pelegue e ao “montículo de Taré”, lugares
mencionados no AT. Nomes de pessoas como Reú, Taré, Naor, Abraão, Isaque, Jacó,
José, Benjamim e Davi são tão comuns nessas cartas que o dr. Albright comentou:
“Abraão, Isaque e Jacó já não parecem figuras isoladas, muito menos reflexo da história
israelita posterior. Eles aparecem agora como autênticos filhos de sua época que usavam
os mesmos nomes, se deslocavam no interior do mesmo território, visitavam os mesmos
povoados (especialmente Harã e Naor) e praticavam os mesmos costumes de seus
contemporâneos”.
4443 - MASSADA é uma das fortificações naturais mais surpreendentes do mundo. É
uma magnífica meseta de 9,3 ha localizada 16 km ao sul de En-Gedi e a 4 km da costa
ocidental do mar Morto. Sua forma é similar à de um grande barco de 610 m de
comprimento por 305 m de largura no meio, afinando-se gradualmente até formar dois
estreitos promontórios nos extremos setentrional e meridional. As partes laterais estão
formadas quase sem exceção por escarpados rochosos, a uma elevação de 305 m sobre o
estéril deserto da Judéia e de 396 m sobre as águas do mar Morto. Como era quase
inacessível e bem retirada das habituais rotas de viagem, foi fortificada originariamente
por “Jonatam, o sumo-sacerdote”, como refúgio real no século II a.C., quando então
passou a ser conhecida como Massada. Em 40 a.C., Herodes fugiu de Jerusalém e
refugiou-se em Massada com a família para escapar de Matatias Antígono, que havia
sido coroado rei pelos partos. Herodes deixou ali a família, seu irmão José e oitocentos
homens para defendê-la de possíveis assédios e viajou a Roma em busca de ajuda. A
fortaleza de rocha demonstrou seu valor nessa ocasião. Assim que regressou de Roma,
Herodes escolheu Massada como seu lugar de retiro e refúgio no caso de um possível
ataque por Cleópatra do Egito e no caso de o povo judeu tentar destroná-lo e restaurar
ao poder a dinastia anterior. Entre 36 e 30 a.C., Herodes rodeou o cume da meseta com
um grande muro de casamata branco, de 1399 m de comprimento, 6 de altura e 4 de
largura, com três portas e trinta torres de defesa. O muro e as torres foram revestidos
com gesso branco. Para a morada real, erigiu o Palácio Ocidental, que era um enorme e
maravilhoso edifício, com uma sala para o trono, salões de recepção e uma casa
suntuosa, com luxuosos banheiros, pisos de mosaicos coloridos e magníficos quartos.
Ao redor do palácio e em outros lugares em torno da meseta, havia pórticos de
colunatas, galerias, corredores, cisternas, arvoredos, jardins e armazéns com armas e
provisões suficientes para alimentar 10 mil homens durante muitos anos. “E assim foi
fortificada a cidadela, pela natureza e pela mão do homem.” Mais tarde, para tornar seu
refúgio duplamente seguro e mais aprazível, Herodes transferiu as atividades
arquitetônicas para o despenhadeiro norte de Massada, onde erigiu seu palácio suspenso
de três níveis, que se constitui em uma das maravilhas arquitetônicas do mundo antigo.
Herodes, no entanto, haveria de utilizar Massada apenas como retiro ocasional de
inverno ou talvez para algumas viagens de descanso. Após sua morte, em 4 a.C., uma
guarnição romana estabeleceu-se em Massada, ocupação prolongada até 66 d.C.,
quando eclodiu em toda a região uma rebelião judaica em grande escala. Os judeus
atacaram Massada repentinamente e expulsaram os romanos. Enquanto a luta
continuava por toda a Palestina, muitos judeus entusiastas dirigiram-se a Massada e
fortaleceram a nova guarnição. Depois da queda de Jerusalém, causada por Tito em 70
d.C., os poucos judeus sobreviventes que conseguiram evitar a captura abriram caminho
através do deserto da Judéia até Massada e uniram-se aos compatriotas determinados em
continuar a luta pela liberdade. No outono de 72 d.C., Flávio Silva, general romano e
comandante da 10.a Legião, suas tropas auxiliares e mil prisioneiros de guerra judeus
sitiaram Massada, na ocasião defendida por Eliézer, líder dos zelotes. Os judeus
defenderam-se durante longos meses, mas depois que os romanos completaram a
construção de uma enorme rampa de terra até o cume, colocaram aríetes contra os
muros e atearam fogo à fortaleza, os sitiados concluíram que não poderiam resistir por
mais tempo. Eliézer pronunciou um discurso no qual expôs o destino que os aguardava
como prisioneiros dos romanos e suplicou que concordassem em suicidar-se para não
cair nas mãos do inimigo. O grupo concordou e, abraçando seus entes queridos, com
adaga e com espada prepararam o golpe mortal. Amontoaram todos os tesouros e os
queimaram. Em seguida, mediante sorteio, selecionaram dez homens como executores
da matança. Quando os dez realizaram a tarefa que lhes havia sido proposta, tiraram
sorte entre si para saber quem mataria os nove restantes, antes de se suicidar. Após
matar os nove companheiros, o último sobrevivente suicidou-se em silêncio, assim
como em silêncio haviam sido mortos os demais judeus, para que o inimigo não
suspeitasse de nada. Desse modo, concretizou-se uma das tragédias mais comoventes da
história da humanidade. No dia seguinte, 15 de abril de 73 d.C., quando os romanos
finalmente entraram na fortaleza que haviam sitiado durante tanto tempo, encontraram
vivos apenas duas mulheres e cinco meninos, que se haviam escondido, e uma multidão
de 960 cadáveres. Um horrível silêncio substituía o clamor que eles esperavam ouvir.
Quando a 10.a Legião levantou acampamento e marchou de volta a Jerusalém, uma
reduzida guarda permaneceu na fortaleza vários anos, após os quais a desolada Massada
caiu gradativamente em ruínas ao longo dos dezenove séculos seguintes. O lugar foi
identificado pela primeira vez nos tempos modernos por Edward Robinson, em 1838, e
mais tarde visitado e descrito por outros exploradores. Todavia, Massada tornou-se foco
de grande interesse em 1853, quando S. Guttman esboçou as sinuosas curvas da “senda
serpenteante”, no lado leste, localizou o sistema de água de Herodes, estabeleceu os
contornos gerais dos edifícios e liderou grupos de pesquisa em árduas marchas por
atalhos até Massada. Guttman insistiu em que se realizassem múltiplas escavações nesse
importante lugar. Nos anos 1955 e 1956, uma expedição israelense composta pelos
arqueólogos M. Avi-Yonah, N. Avigad, I. Dunnayevsky e outros voluntários efetuou
em Massada um cuidadoso estudo arqueológico, seguido de três temporadas de
escavações em grande escala, de 1963 a 1965, lideradas pelo professor Yigael Yadin e
patrocinadas pela Universidade Hebraica, pela Sociedade de Exploração Israelense e
pelo Departamento Israelense de Museus e Antiguidades. Com a ajuda de fundos
privados da Grã-Bretanha, de um pequeno anúncio no jornal Jerusalem Post e de uma
série de brilhantes artigos escritos por Patric O'Donovan no jornal London Observer,foi
possível levantar fundos suficientes para os trabalhos, e centenas de jovens voluntários,
judeus e não-judeus de Israel e de outros 28 países, apresentaram-se para trabalhar.
Ao chegarem a Massada, selecionaram um lugar para o acampamento na parte
ocidental, ao pé da rampa perto da base do antigo acampamento romano. Com a
experiente ajuda do corpo de engenheiros do Exército, o piso foi nivelado e preparado
para o acampamento-base. Construíram edifícios para o escritório e para as reuniões e
levantaram tendas para os membros permanentes da equipe e para os voluntários.
Quando tudo ficou pronto, começou a escavação de um dos sítios arqueológicos mais
importantes do mundo. O aqueduto. Um grupo de voluntários subiu ao longo da ladeira
setentrional mais baixa da grande rocha para inspecionar duas fileiras (uma localizada
em cima da outra) do que pareciam ser covas escuras. Descobriram que se tratava de
doze enormes cisternas quadradas, escavadas em duas filas paralelas. Depois de limpálas,
calculou-se que cada cisterna tinha capacidade para 3967 m3. Juntas, as doze
cisternas podiam conter um total de 39674 m3 de água. Em dois vales, Herodes havia
mandado construir represas que desviavam a água da chuva através de canais abertos
até as cisternas. A água das cisternas era transportada por serventes e asnos até outro
grupo de cisternas no cume da meseta. O muro. Os escavadores constataram que o cume
de Massada era cercado, exceto no extremo setentrional, por um muro de casamata
(duplo, com espaço interior dividido em câmaras). A circunferência era de 1400 m, e
isso concorda exatamente com os sete estádios da descrição de Josefo. O muro tinha
setenta câmaras, trinta torres e quatro portas ornamentadas. O palácio suspenso de três
níveis de Herodes. No extremo setentrional de Massada, no ponto mais alto, e suspensa
na própria borda do precipício, os escavadores encontraram a vila real de três terraços
do rei Herodes. O luxuoso palácio desfrutava um clima muito fresco, das vantagens da
superior defesa natural e da vista mais imponente da região circundante. No terraço
superior,que servia de habitação a Herodes, havia quatro espaçosos aposentos, muito
adornados, vários corredores e uma varanda semicircular que se estendia até a borda do
próprio abismo. Todos os pisos eram ladrilhados de mosaicos negros e brancos,
formando desenhos geométricos. O terraço intermediário,18 m mais abaixo, era um
pavilhão telhado com colunatas, de forma circular, desenhado para proporcionar
repouso e sossego. O panorama que se avistava desse terraço era imponente. O terraço
inferior,15 m abaixo do intermediário, constava de um elaborado apartamento, com
quartos e banheiro privativo, construído em um quadrado de 16 m e rodeado por duas
séries de colunas que formavam uma colunata dupla. As paredes haviam sido
construídas imitando o mármore com incrustações de pedras preciosas. Os esplêndidos
afrescos que adornavam a parede meridional eram tão bem pintados que ainda
conservam sua frescura depois de 2 mil anos. Aqui Herodes podia desfrutar momentos
de ociosidade com seus acompanhantes, refrescar-se na casa de banhos, desfrutar em
seguida de um banquete e, recostado nos pilares e nas paredes adornadas, observar a
impressionante paisagem natural ao longe. Algumas escadarias interiores, “ocultas e
invisíveis”, ligavam os três terraços. Um sólido muro de apoio de 24,4 m de altura fora
construído no barranco, debaixo do terraço inferior da vila suspensa. O palácio
ocidental. Além do palácio de três terraços, Herodes edificou um palácio para
cerimônias oficiais, o Palácio do Rei, na parte ocidental de Massada. Era a maior
edificação do cume. Constituía-se de quatro alas e cobria uma superfície de cerca de
3346 m2. Nela, encontraram aposentos reais edificados em torno de um grande pátio
central e um salão de recepção magnificamente decorado, que conduzia à sala do trono.
Havia instalações administrativas, suntuosos apartamentos, habitações de hóspedes,
luxuosos quartos de banho com banheiras, uma piscina de água fria e quartos de serviço
com uma cozinha provida de enormes fogões grandes o bastante para comportar dez ou
doze panelas ao mesmo tempo. A ala da despensa do palácio media 64 m de
comprimento. Três pequenos palácios ricamente decorados, localizados nas imediações,
alojavam possivelmente membros da família real. Ao norte deles, havia dois edifícios
retangulares, aparentemente um centro administrativo e a residência de altos
funcionários. A casa de banhos. Ao sul da vila do palácio, havia uma grande casa de
banhos com um amplo pátio, para a qual as pessoas podiam se dirigir em passeio, para
filosofar ou simplesmente para passar o tempo. A ante-sala belamente decorada era
destinada à diversão. A maior das salas era um quarto quente (caldarium), ou sauna, sob
o qual havia outro andar. Entre os dois andares, existiam mais de duzentas pequenas
colunas que sustentavam o piso superior e formavam a zona de vapor, onde o calor era
produzido. Próximo estava o quarto tépido (tepidarium), e junto a este, o quarto frio
(frigidarium). Esses salões de banho estavam entre os melhores que se podiam encontrar
em todo o Império Romano. As adegas. O complexo da adega geral, localizado a
sudeste da casa de banhos, consistia de dois grandes edifícios retangulares construídos
com lajes de pedra. O edifício oriental possuía quatro cômodos, e o edifício maior, ao
sul, onze depósitos estreitos, mas surpreendentemente compridos. O milho, o vinho, o
azeite, a farinha e grande variedade de legumes e frutas frescas eram conservados em
uma sala separada, em talhas especiais de armazenamento. Estavam cuidadosamente
preservadas e em bom estado quando os romanos assumiram o comando. Havia ânforas
de vinho com inscrições que mostravam terem sido enviadas a Herodes, rei da Judéia,
no ano 19 a.C. Outras talhas de armazenamento traziam inscrições em hebraico e
aramaico. Muitas vasilhas herodianas foram utilizadas pelos defensores judeus de
Massada. O grande edifício de apartamentos estava localizado ao lado sul das adegas e
apresentava confortáveis moradias idênticas, em grande número, edificadas em torno de
um grande pátio central. Cada moradia consistia de um pátio particular e dois quartos
pequenos. Provavelmente, alojava os principais administradores. Outras edificações
menores, como a sinagoga e o mikve (banheiro cerimonial), ficavam a sudeste, junto ao
muro de casamata. Os restos deixados pelos zelotes. Ainda que Eliézer ben Yair e quase
mil zelotes judeus tenham vivido sete anos em Massada, fizeram muito pouco uso dos
grandes palácios, do complexo de apartamentos, dos quartos de armazenamento, dos
banheiros, das cozinhas, da sinagoga e de outros edifícios secundários. Muitos deles,
todavia, viveram nos 110 espaçosos quartos que estavam dentro dos muros e das torres
de casamata, e em modestas estruturas que eles mesmos erigiram em terreno aberto. Ao
retirar os escombros da área dos banheiros particulares, no terraço inferior do palácio de
lazer de Herodes, os escavadores encontraram restos de três esqueletos que jaziam sobre
os degraus perto da piscina de água fria. Um dos esqueletos era de um homem de cerca
de vinte anos de idade, provavelmente um dos chefes de Massada. Perto dali, havia
centenas de escamas de armadura prateadas, incontável número de pontas de flecha de
ferro, restos de um xale de oração (talith) e um fragmento de cerâmica com letras em
hebraico. “Também sobre os
degraus jazia o esqueleto de uma mulher jovem, com o couro cabeludo intacto devido à
extrema sequidão da atmosfera. Sua cabeleira escura belamente trançada parecia ter sido
penteada naquele momento. Junto a ela, o gesso estava manchado com algo que parecia
ser sangue. Ao lado da jovem havia delicadas sandálias de mulher, feitas de pele, no
estilo tradicional da época. O terceiro esqueleto era de um menino.” Yadin declarou que
“não podia haver dúvida de que o que nossos olhos viam era parte dos restos dos
defensores de Massada [...] Mesmo os veteranos e os mais céticos entre nós
permaneceram imóveis, emudecidos de assombro”.No terraço intermediário da vila do
palácio, foram encontradas centenas de flechas acumuladas em montões. Haviam sido
amontoadas e incendiadas deliberadamente. Também foram encontradas flechas no
palácio ocidental e por toda parte de Massada. Também encontraram grande quantidade
de moedas nos edifícios públicos, tais como nas adegas, na casa de banho, nos
banheiros cerimoniais e nas padarias. A maioria das moedas trazia o desenho de uma
folha de parreira de um lado e a figura de um cálice do outro. A inscrição em hebraico
dizia: “Pela liberdade de Sião”. Em um pequeno saco, sob o piso de uma habitação, os
escavadores encontraram 38 siclos e meio de prata, cunhados no quarto ano da rebelião.
Os restos de um saco de tela haviam aderido às moedas. Perto dali, sob uma grossa
camada de cinzas, descobriram uma caixa de bronze na qual havia seis siclos e seis
meios siclos. Nos dois grandes complexos de armazéns, havia centenas de vasilhas de
barro para armazenamento quebradas. Continham ainda resíduos de comida. Muitas das
vasilhas tinham etiquetas que descreviam seu conteúdo em aramaico ou em hebraico.
Algumas apresentavam inscrições em hebraico, indicando os nomes de seus
proprietários. Várias delas apresentavam a letra tau, que representa a palavra truma
(“deusa sacerdotal”). Isso indica que os defensores de Massada apegavam-se
rigorosamente a mandamentos como a cobrança e o pagamento de dízimos. Muitos dos
pratos nos quais os defensores comiam estavam cheios de pedras semelhantes à das
vasilhas encontradas nas escavações do período recente de Jericó. Em uma das
despensas, havia provisões de estanho e outros metais. Algumas dessas despensas
estavam completamente vazias, sem sinal de vasilhas ou de fogo, o que parece dar
crédito à declaração de Josefo de que algumas provisões foram deixadas
deliberadamente intactas para mostrar aos romanos que os defensores de Massada
haviam morrido por vontade própria, não por inanição. As despensas que aparecem em
perfeito estado na atualidade são possivelmente aquelas em que os zelotes deixaram
alimentos, mais tarde consumidos pelos romanos. Nos 110 quartos ao longo do muro e
em outros lugares habitados pelos zelotes, os escavadores encontraram montes de cinzas
contendo restos de roupa, de sandálias, de lâmpadas, de pentes e de utensílios “que
contavam a história de como, talvez apenas alguns minutos antes do fim, cada família
reuniu seus humildes pertences e os queimou [...] Esses pequenos montes de cinzas
foram talvez as cenas que mais nos comoveram durante as escavações”. O achado mais
emocionante foram os pedaços de catorze rolos de pergaminho, que continham parte
dos livros de Gênesis, Levítico, Deuteronômio, Salmos e Ezequiel e eram idênticos em
texto e ortografia à Bíblia hebraica tradicional. Também encontraram um fragmento da
versão original hebraica do Livro dos jubileus, perdida havia muito tempo, uma cópia
da versão original hebraica do Eclesiástico (a sabedoria de Ben-Siraque), que também
estava perdida, e uma porção de um rolo idêntico a um dos manuscritos do mar Morto.
Este parece indicar que pelo menos alguns dos essênios de Qumran tomaram parte na
rebelião com os zelotes. Dos setecentos óstracos (fragmentos de cerâmica com
inscrições) encontrados, os mais interessantes são onze pequenos fragmentos, cada um
com um nome diferente, mas todos escritos pela mesma mão. Um deles apresenta o
nome “Ben Yair”, provavelmente o valoroso chefe dos zelotes. Na realidade, esses
óstracos podem ser os utilizados pelos últimos dez homens que ficaram com vida para
determinar qual deles haveria de matar os outros antes de suicidar-se. A maior parte de
Massada transformou-se em lugar atrativamente acessível aos turistas modernos,
mediante a instalação de um teleférico que transporta os visitantes desde a margem do
mar Morto até o cume da meseta em questões de minutos. Pode-se desfrutar uma vista
imponente na direção norte ou oeste, ou na direção sul a desolada paisagem do deserto
da Judéia. A leste, acham-se as profundas águas azuis do mar Morto, com a singular
península de el-Lisa, de cor branca acinzentada, e as montanhas de Moabe, ao longe. Os
visitantes podem contemplar as diversas obras e os acampamentos do assédio romano e
também passear pelos palácios do rei Herodes e admirar os banheiros privativos e os
corredores de colunas, os belos pisos de mármore ou de mosaicos e as paredes
multicoloridas. Quem quiser pode sentar-se na sinagoga judaica onde foram
encontrados os fragmentos de rolos bíblicos pertencentes ao século I d.C. ou examinar
os sólidos muros, as portas e outras estruturas da fortaleza. Os visitantes podem reviver
na imaginação a tensa e difícil hora na qual os zelosos defensores judeus, encerrados em
sua montanha-fortaleza, olhavam para baixo e viam os soldados romanos, com os
escravos judeus capturados em Jerusalém no ano 70 d.C., construindo a rampa de barro
que selaria a sentença dos defensores de Massada. Não é difícil sentir-se fascinado por
Massada ou compreender por que ela se tornou uma das principais atrações para os
viajantes e em altar nacional para Israel e porque tem atraído, aos milhares, a juventude
judaica de nossa geração, levando-a, em solene peregrinação, a escalar a fortaleza até o
cume. Nas alturas de Massada, os recrutas das unidades blindadas das Forças Armadas
do Israel moderno fazem seu juramento de lealdade com estas comovedoras palavras:
“Massada não cairá de novo!”.
Massada, Israel. Vista aérea do primeiro plano do palácio do norte, de três níveis,
edificado pelo rei Herodes. No nível inferior, encontra-se o pórtico principal, com
uma galeria de colunas.

4444 - MEDEBA era uma das cidades importantes de Moabe e lar tradicional de Rute
e Orfa. Nesse local, em 1896, foi descoberto um grande mapa em mosaico da Terra
Santa. O mapa mede 12 x 18 m e representa a região desde o Egito até Constantinopla.
Os nomes dos lugares estão escritos em letras gregas, o mar é de cor verde, as planícies
estão em castanho claro, e as montanhas, em castanho escuro. O mar Morto, o rio
Jordão, Jericó e Jerusalém estão bem representados. O grande mapa está atualmente no
piso da igreja grega de Medeba e é mostrado aos milhares de turistas que visitam a
cidade, a qual está situada cerca de 5 km a leste do monte Nebo.
Mapa de Medeba em mosaico.

Ver tb: Nm 21:30, Js 13:9, Js 13:16, 1Cr 19:7, Is 15:2
4445 - MEGIDO era a “cidade dos carros de guerra”, que defendia o caminho da
passagem de Megido. Foi desenterrada entre 1903 e 1905 pelo dr. G. Schumacher, que
cavou uma vala transversal de um extremo a outro do montículo de 5,26 ha. Os achados
de menor importância foram completamente eclipsados pela descoberta de um formoso
selo de jaspe que dizia: “Shema, funcionário de Roboão”. O selo correspondia à época
de Jeroboão I (931-910 a.C.). Era o selo de um de seus funcionários, possivelmente o
governador da cidade. Em Megido, foram realizadas numerosas descobertas, e entre as
primeiras estavam os fragmentos de uma estela que trazia o nome “Shesauk” em
hieróglifos. Esse é o Sisaque que, segundo a narrativa bíblica, utilizou Megido como
base para sua bem-sucedida incursão na Palestina (1Rs 14:25,26). Isso dá notável
realismo ao relato bíblico, tanto que o dr. Breasted, profundamente impressionado,
declarou: “Imaginem minha emoção quando me sentei sobre o montículo e li o nome de
Sisaque naquele monumento quebrado. Recordei vivamente que, ainda menino, havia
estudado na escola dominical acerca desse mesmo Sisaque do Egito, que atacou a
Palestina, levando para si os despojos”.No quarto nível, o da época do rei Salomão, os
escavadores desenterraram estábulos suficientemente grandes
para acomodar 450 cavalos para carros de guerra. Os estábulos estavam ordenados em
seções, de maneira que cada unidade pudesse ter cavalariças individuais para 24
cavalos. Havia doze cavalariças de cada lado, uma em frente da outra, e ao extremo de
cada uma delas havia um pesebre de pedra no qual o cavalo comia forragem ou grão.
Entre as fileiras de estábulos, havia passadiços ou corredores onde os cavalos ficavam
estacionados ou através dos quais se conduziam os carros de guerra. Nas imediações das
cavalariças, havia grandes lotes onde os cavalos se exercitavam, e adjacentes a estes
estavam as moradias dos homens que cuidavam dos animais. Salomão possuía também
4 mil manjedouras para os cavalos usados em seus carros e 12 mil cavaleiros, os quais
mantinha nas cidades dos carros e com o rei em Jerusalém (2Cr 9:25). Durante a
primavera de 1937, foi desenterrado no sétimo nível uma esplêndida coleção de
quatrocentos objetos de marfim talhado, no sótão de um palácio que datava de 1150
a.C., aproximadamente. Havia placas, caixas, tabuleiros de jogos, taças, jarras, colheres,
pentes, contas, anéis, estatuetas e uma variedade de artigos ainda maior que os
encontrados na escavação de Samaria. Em variedade e mão-de-obra, essa coleção
artística foi considerada de muita importância com relação às muitas referências bíblicas
ao marfim.
Caixa esculpida em marfim, de Megido.

Ver tb: Js 12:21, Js 17:11, Jz 1:27, Jz 5:19, 1Rs 4:12, 1Rs 9:15, 2Rs 9:27, 2Rs 23:29
4446 - MEROM. Em suas tentativas de eliminar a resistência judaica, os romanos
destruíram Jerusalém e o Templo em 70 d.C. Também destruíram Massada no ano 73 e
reprimiram o levante final sob Bar Kokhba no ano 135. Depois dessas tragédias, os
líderes judeus, junto com a maior parte da população judaica sobrevivente, fugiram da
Judéia para a Galiléia. No final do século II, a alta Galiléia fervilhava de aldeias
judaicas. Entre as quatro maiores, estava Merom, situada nas colinas orientais ao pé do
monte Merom, a montanha mais alta de Israel (1098 m acima do nível do mar). A chuva
era abundante, e na direção nordeste havia uma vasta faixa de terreno onde o cultivo de
azeitonas, figos e tâmaras era de excelente qualidade. Nos séculos subseqüentes, os
habitantes dispuseram o terreno em terraços, construíram canais, ruas e cisternas e
expandiram os assentamentos até o cume da montanha. Finalmente, erigiram no lugar a
maior sinagoga da Galiléia. Nesse ínterim, o caráter sagrado do lugar aumentou, graças
a vários sábios famosos que se dedicaram, em Merom, a estudar a fundo as Escrituras.
Em cooperação com outros estudiosos, produziram o Talmude palestino, que junto com
o Talmude babilônico constitui a Lei oral, composta de discussões legais que dizem
respeito aos detalhes da vida diária. A tradição judaica afirma que foi nesse lugar que o
rabino Simão ben Yochai recompilou o Zohar [Livro do esplendor], do qual o
misticismo judaico deriva sua inspiração. Merom foi abandonada no ano 360 por razões
desconhecidas. Eric e Carol Myers, catedráticos do Departamento de Religião da Duke
University, realizaram escavações em Merom de 1971 a 1975. Desenterraram a grande
sinagoga do século III sobre o cume do monte Merom. Dois terços da fachada da
sinagoga, construída de pedras ornamentadas, estavam ainda de pé até a altura dos
umbrais. Em outro setor, acharam uma torre retangular ainda de pé até a altura de quase
6 m em alguns lugares. Na área residencial, desenterraram um edifício de indústria
doméstica com muitas salas, uma das quais parecia um escritório ou uma sala de espera.
Em uma sala interior, havia uma mesa de trabalho de pedra e uma plataforma
semicircular com lados curvos, toda de pedra, que parecem haver sido utilizadas para
fabricar barris destinados ao famoso comércio de azeitonas e azeite de oliva de Merom.
Em outra sala, desenterraram dezenove grandes talhas, ainda cheias de seu conteúdo
original de cevada, nozes e grão-de-bico, intacto na sua maioria, mas em estado
carbonizado. Na mesma sala, encontraram uma campânula de latão e duas placas de
vidro muito grandes, de 36 cm de diâmetro, aproximadamente. Em uma tumba com
muitas sepulturas, a oeste da sinagoga, foram encontrados quase cem esqueletos
desarticulados. Em uma tumba do século I d.C., havia um tinteiro de cerâmica, talvez
sepultado com um escriba. Em outra, havia uma grande chave de metal, que alguém
sugeriu ter sido colocada ali para abrir o acesso às “portas do céu”. Em seus melhores
anos, Merom adquiriu caráter sagrado ainda mais nítido, devido ao fato de haver sido
sepultado nessa cidade o rabi Simão ben Yochai, o rabi Eleazar, filho dele, o rabi Akiba
e até mesmo os rabinos Hillel e Shammai — todos grandes eruditos, famosos por suas
interpretações da Lei e do Talmude. Uma vez por ano, no aniversário da morte do rabi
Simão ben Yochai, Merom se converte em centro judeu de peregrinação, sobrepujado
apenas por Jerusalém.
4447 - MÊNFIS foi capital do Egito em épocas mais remotas e a maior de todas as
cidades mercantis egípcias. Estava situada à margem ocidental do Nilo, 22 km ao sul do
Cairo. A cidade foi fundada por Menés, o primeiro governador do Egito unificado.
Nela, viveram Abraão e Sara com seu sobrinho Ló há quase 4 mil anos. Nela, José foi
vendido como escravo e mais tarde governou como primeiro-ministro e administrador
federal de alimentos. Nela, Moisés foi criado, tornando-se versado em toda a sabedoria
do Egito. E foi nessa cidade que ele e seu irmão Arão enfrentaram o faraó e exigiram
que este deixasse partir o povo de Israel. Em Mênfis, “o faraó, todos os seus
conselheiros e todos os egípcios se levantaram. E houve grande pranto no Egito, pois
não havia casa que não tivesse um morto” (Êx 12:30). Como centro principal de
erudição, Mênfis especializou-se na adoração a Ptá e ao touro sagrado Ápis. Ptá,
segundo a crença egípcia, era “a mente do universo”, que criou todos os deuses e todos
os homens ao pensar na existência deles. Ptá era venerado especialmente pelos artistas,
pelos hábeis artesãos e pelos literatos. Osíris era o deus dos vivos e dos mortos. Quase
todas as fases da vida deste mundo e do além eram controladas, de um modo ou de
outro, por Osíris. Para Ápis, o touro sagrado, foi edificado um templo magnífico,
conhecido como “a catedral” do Egito. Os dois grandes templos de Ptá e de Ápis
estavam unidos por uma longa avenida de esfinges.No apogeu de sua prosperidade, a
parte principal da cidade media cerca de 13 km de comprimento e 6 km de largura e
tinha uma população de 500 mil habitantes, aproximadamente. Mênfis foi finalmente
destruída durante a invasão árabe do século VII, e muitas das magníficas ruínas sobre a
superfície foram utilizadas para a construção da nova cidade árabe de Fostate, que está
situada à margem oriental do Nilo. Os únicos vestígios de Mênfis eram estruturas
arruinadas, blocos de granito, obeliscos quebrados, estátuas e suas ruas com colunas de
alabastro, que jazeram sepultadas entre 3 e 6 m na areia movediça até fins do século
XIX. Foi então que os escavadores puderam mostrar a planta da cidade e exibir os
muitos objetos interessantes descobertos depois de terem permanecido 1200 a 2 mil
anos sob as areias do deserto.Os escavadores desenterraram os restos de quatro templos:
o de Ptá, o de Proteus, o de Ísis e o de Ápis, fundado por Psamético. Descobriram os
restos de dois palácios e de uma fortaleza que cobria uma superfície de 1 ha e possuía
um grande pátio de 10 m2. Mais tarde, foi encontrado o gigantesco colosso de
Ramessés II, o colosso menor do mesmo faraó e uma grande e bela esfinge de alabastro
medindo 8 m de comprimento por 4 m de altura e pesando oitenta toneladas. Em 1928,
enquanto o autor deste artigo desfrutava a hospitalidade de Reisner, viu que
desenterravam ruas largas e calçadas, ladeadas por longas fileiras de colunas de
alabastro de grande beleza. Mas de todos os achados, dentro e fora de Mênfis, a grande
necrópole (cemitério) a oeste da cidade foi o mais interessante e o mais revelador. Ao
longo da borda do deserto, longe do alcance das inundações das águas do Nilo e em
harmonia com o conceito egípcio de imortalidade, encontra-se um cemitério de 3 km de
largura por cerca de 96 km de longitude. O cemitério começa nas pirâmides de Abu
Roash, no norte, e termina na pirâmide de Lahum, a sudeste de Faiyum. Como um
gigantesco campo da morte, 27 km dessa “silenciosa cidade dos mortos” acham-se
abarrotados com os restos de 40 ou 50 milhões de corpos de animais, homens, mulheres,
meninos e faraós. Alguns estão simplesmente cobertos pela areia, outros estão em
tumbas cavadas com grande esmero, outros ainda encontram-se em mastabas bem
construídas e finalmente outros jazem no interior de mais de setenta pirâmides. É uma
necrópole fabulosa, na qual os homens da Antiguidade armazenavam o corpo de seus
mortos. Talvez nenhum cemitério do mundo seja tão extenso e nenhum seja tão famoso.
Quão idoneamente exclamou o profeta Oséias: “Mênfis os sepultará”! (Os 9:6). Mênfis
enterrou mortos certamente em uma escala sem precedentes na história da humanidade.
Sob as ruínas da esplêndida catedral de Ápis, o touro sagrado, foi encontrada uma
avenida subterrânea de 96 m de extensão. Escavações posteriores aumentaram sua
longitude para 341 m. Distribuídas nos dois lados dessa avenida, viam-se 64 grandes
câmaras mortuárias. No centro de cada uma dessas câmaras estava um enorme
sarcófago de granito vermelho ou negro de 3,7 m de comprimento, 2,7 de altura e 1,8 de
largura, cada um pesando quase sessenta toneladas. Em cada um deles, haviam
sepultado um touro sagrado. No entanto, os ladrões de tumbas os haviam saqueado e
profanado muitos séculos antes.Ao caminhar de câmara em câmara por essa assombrosa
cidade de touros mortos, Mariette descobriu uma cripta que havia escapado aos ladrões
de tesouros. Ali, na argamassa, estava a marca dos dedos do pedreiro que havia
colocado a última pedra, durante o reinado de Ramessés II, e no pó estavam as pegadas
dos que haviam sido os últimos a caminhar pelo solo da cripta há mais de 3 mil anos.
Ali também estavam as oferendas votivas dedicadas pelos que a visitaram há tantos
séculos. Entre elas, foi encontrada uma tabuinha escrita pelo próprio filho de Ramessés,
que era sumo-sacerdote de Ápis e um dos principais dignitários da época. Não é de
surpreender que o grande explorador, ao entrar na tumba e ver os objetos intactos, tais
como haviam sido colocados 31 séculos antes, se sentisse emocionado e rompesse em
lágrimas.A pompa e o esplendor com que se celebrava o culto do touro Ápis em Mênfis
e em Tebas explicam a apostasia dos israelitas no deserto. Quando, depois de haverem
feito um bezerro de fundição, disseram: “Eis aí os seus deuses, ó Israel, que tiraram
vocês do Egito!”, eles estavam tão acostumados a ver, inclusive, os mais poderosos de
seus capatazes render honras a essa suposta personificação da divindade que no próprio
Sinai se entregaram à adoração que durante tanto tempo haviam observado. Eles “se
corromperam, desviando-se do caminho que o Senhor lhes havia ordenado”.
Ver tb: Is 19:13, Jr 2:16, Jr 44:1, Ez 30:13, Os 9:6
4448 - MISPÁ foi onde Samuel orou por Israel e o julgou (1Sm 7:5,6). É identificada
tradicionalmente com Nebi Samwil, aldeia situada sobre um pico solitário 8 km a
noroeste de Jerusalém. É um dos lugares mais impressionantes da Palestina central, mas
ainda não foi escavado. Todavia, em anos mais recentes, as atenções estão voltadas na
direção de Tell en-Nasbeh, situado sobre uma colina arredondada de pedra calcária
cerca de 13 km ao norte de Jerusalém, na estrada que vai para o norte até Samaria. O dr.
W. F. Bade, auxiliado pelas Escolas Americanas de Investigação Oriental de Jerusalém,
conduziu cinco campanhas no lugar, de 1926 a 1935, e encontrou os muros da cidade,
que mediam em média 5 m de espessura e em certo lugar atingiam a largura de 8 m. Os
escavadores concluíram que era o muro construído por Asa, rei de Judá, como defesa
contra o Reino do Norte (1Rs 15:22). Eles encontraram cerca de oitenta impressões de
selos em jarras com a inscrição “Pertencente ao rei”, o que indica serem propriedade
real, e várias asas de jarra com a palavra “Mispá” estampada em hebraico antigo.
Todavia, a descoberta mais emocionante foi um antigo selo com a figura de uma ave
semelhante a um galo de briga e as palavras “Pertencente a Jaazanias, funcionário do
rei”. Na quarta temporada, encontraram uma porta magnífica voltada para Siló, o ponto
central de adoração durante a época de Samuel.
Ver tb: Gn 31:49, Js 18:26, Jz 10:17, Jz 11:11, Jz 11:34, Jz 20:1, Jz 21:1, 1Sm 7:6, 1Sm
7:16, 1Sm 10:17, 1Rs 15:22, 2Rs 25:23, 2Rs 25:25, 2Cr 16:6, Ne 3:7, Ne 3:19, Jr 40:6
4449 - MONTE HERMOM, o “caudilho das montanhas” da Palestina, mede 8 km de
largura por 32 de comprimento. Possui três picos, o mais alto a 2796 m acima do nível
do mar Mediterrâneo. Durante séculos, antes da época de Abraão, o monte foi venerado
por sua estreita relação com Baal. O culto a Baal era a religião predominante em Canaã.
Na maioria dos picos altos do país, havia altares conhecidos como “lugares altos” —
quanto mais altos, mais sagrados. Nesse lugar, foram plantados pequenos bosques de
árvores e erigidos altares para adoração. Por ser o mais alto da região, o monte Hermom
era considerado o “lugar alto” mais importante, o altar dos altares. Os cananeus
olhavam para o monte Hermom da mesma forma que os muçulmanos olham hoje para
Meca quando oram. Em contraste com esse costume, Davi exclamou: “Levanto os meus
olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem do
Senhor, que fez os céus e a terra” (Sl 121:1,2). No verão de 1934, o dr. J. Stewart
Crawford e o autor deste artigo encabeçamos uma pequena expedição durante a qual
estudamos os antigos altares de Baal que rodeiam o monte Hermom. Localizamos
muitas ruínas, e em cada caso o altar estava orientado de modo que tanto o sacerdote
quanto o devoto teriam de olhar na direção do santuário principal de Baal (Quibla),
localizado sobre o mais alto dos picos do Hermom. Na continuação do trabalho,
escalamos a montanha e achamos as ruínas do templo de Baal, edificado com obra de
alvenaria herodiana, indicando que datava de época imediatamente anterior e
contemporânea do início da era cristã. Em um lugar baixo, perto do extremo noroeste do
templo, escavamos e encontramos montões de cinzas e ossos queimados depositados ali
como restos de sacrifícios. É evidente que esse templo estava em pleno uso quando
ocorreu a transfiguração de Jesus, no cume do sul.
Ver tb: Dt 3:8, Sl 42:6
4450 - MONTE DAS OLIVEIRAS (Jebel et-Tur). É a montanha localizada na parte
oriental de Jerusalém (Ez 11:23). A Cidade Santa está separada do monte sagrado
apenas pelo vale do Cedrom, que tem 800 m de largura. Na realidade, há três pináculos
arredondados, que são demarcados com clareza: o monte Scopus, no norte, o monte da
Ofensa, no sul, e o monte das Oliveiras, no centro. O monte central ergue-se 817 m
acima do nível do mar, e isso quer dizer que está cerca de 61 m acima da área do
Templo. Na parte central do cume, está a chamada Igreja da Ascensão, erguida
originariamente no século IV com recursos fornecidos pelo imperador Constantino. A
curta distância, a oeste do cume e no terreno mais baixo, encontra-se a Igreja do Pai-
Nosso, construída em 1868 para perpetuar a tradição de que nesse lugar Cristo teria
ensinado a famosa oração aos discípulos. Em anos recentes, foi descoberto um cemitério
antigo perto do lugar tradicional da cena em que Jesus chora sobre Jerusalém. P. B.
Bagatti examinou as tumbas, e, segundo seus cálculos, o cemitério estava em uso no
século I e também nos séculos III e IV. Foram encontrados 36 ossários (cofres de
sepultura), que correspondiam ao século I, nos quais estavam escritos nomes como
“Jairo”, “Simão Barjonas”, “Maria”, “Marta” e “Siloé”. Um dos ossários traz a inscrição
“Judá, o prosélito de Tiro”, junto com um símbolo cristão. Outro tem uma cruz
cuidadosamente desenhada, e em outro estão combinadas as letras gregas iota, qui e
beta, que segundo os especialistas podem representar “Jesus Cristo, Rei”. Ninguém
acredita que esse seja o lugar em que Jesus foi sepultado, mas o cemitério
provavelmente pertence a umas das primeiras comunidades cristãs judaicas de
Jerusalém.
Ver tb: 2Sm 15:30, Mt 21:1, Mt 24:3, Mt 26:30, Mc 11:1, Mc 13:3, Lc 19:29, Lc 19:37,
Lc 21:37, At 1:13
4451 - MONTE SIÃO era a colina oriental de menor altura em Jerusalém, conhecida
como Ofel (2Cr 27:3; 33:14). Mais tarde, depois que o monte Moriá se tornou a colina
do Templo e a arca da aliança foi trazida da cidade de Davi
para a Casa de Deus, seu nome foi mudado (1Rs 8:1; 2Cr 5:2). Passou a chamar-se Sião,
o mais importante dos lugares sagrados para os profetas e povos daqueles séculos. A
respeito dele, Isaías disse: “O Senhor criará sobre todo o monte Sião e sobre aqueles
que se reunirem ali uma nuvem de dia e um clarão de fogo de noite. A glória tudo
cobrirá” (Is 4:5). E Jeremias disse: “Vai chegando o dia em que os sentinelas gritarão
nas colinas de Efraim: Venham e subamos a Sião, à presença do Senhor, do nosso
Deus” (Jr 31:6). E, do monte de Sião, Zacarias exclamou: “Assim diz o Senhor dos
Exércitos: Tenho muito ciúme de Sião; estou me consumindo de ciúmes por ela. Assim
diz o Senhor: Estou voltando para Sião e habitarei em Jerusalém. Então Jerusalém será
chamada Cidade da Verdade, e o monte do Senhor dos Exércitos será chamado monte
Sagrado” (Zc 8:2,3). O Livro dos jubileus também se refere à colina de Moriá, onde
estava o Templo, como o monte de Sião (4:26; 18:13). Em certas passagens bíblicas,
Sião é o equivalente de Jerusalém, capital religiosa do povo de Deus (Is 28:16; Rm
9:33).
Ver tb: 2Sm 5:8, 1Rs 8:1, Sl 48:2, Sl 48:12, Sl 51:18, Sl 69:35, Sl 74:2, Sl 76:2, Sl
78:68, Sl 87:2, Is 24:23,Is 28:16, Is 33:20, Is 37:32, Is 40:9, Lm 5:18, Jl 3:17, Jl 3:21,
Hb 12:22, Ap 14:1
4452 - NAZARÉ é a cidade na qual viveram Maria e José e também onde residiu Jesus
até sua revelação como o Messias, na idade de trinta anos. A cidade está parcialmente
isolada nas montanhas, na metade do caminho entre o Mediterrâneo e o mar da Galiléia.
Porém, ficava perto da freqüentada estrada entre o Egito e a Mesopotâmia. Ali, sem
dúvida, Jesus viu passar caravanas de muitas nacionalidades. A Igreja da Anunciação,
que tradicionalmente assinala o lugar onde morava a Virgem Maria, foi edificada sobre
os alicerces de uma igreja erguida pelos cruzados no século XII. Debaixo da nave, há
uma capela, na qual se encontra a inscrição latina “Aqui o Verbo se fez carne” (Jo 1:14).
Ainda são realizadas escavações debaixo da igreja. O lugar mais autêntico de Nazaré
com relação à sagrada família é o poço da Virgem, o único local onde existe água. A
verdadeira fonte de água é um manancial nas ladeiras, quase 1,5 km fora da cidade, do
qual um conduto leva a água a esse poço coberto. Maria provavelmente vinha a esse
poço com o tradicional cântaro de água sobre a cabeça, e o menino Jesus talvez a
acompanhasse algumas vezes.
Ver tb: Pv 21:3, Mt 2:23, Mt 4:13, Mc 1:9, Mc 6:1, Lc 1:26, Lc 2:4, Lc 2:39, Lc 4:16,
Jo 1:46
4453 - NEBO, o monte de cima do qual Moisés contemplou a Terra Prometida, é com
toda probabilidade a atual Jebel Neba — ramificação proeminente da cordilheira de
Abarim, que forma o altiplano moabita. Situa-se 19 km a leste da desembocadura do rio
Jordão e 5 km a oeste de Medeba, a mais de 1220 m acima do nível do mar Morto, e
oferece uma vista esplêndida de grande parte da Palestina imediatamente a oeste do
Jordão. Desde 394 d.C., muitos peregrinos afirmaram a existência de uma igreja nesse
lugar, conhecida entre eles como uma “pequena igreja”. Por volta do século VI, no
entanto, Pedro, o Ibérico, descreveu-a como “um grande templo, cujo nome foi dado em
honra ao profeta [Moisés], com muitos monastérios edificados ao redor”. Continuou-se
a falar dessa igreja ampliada, até que em 1564 um monge português visitou o lugar e
constatou que as edificações sobre o cume estavam abandonadas e em ruínas. Quando o
autor deste artigo visitou o lugar pela primeira vez, em março de 1926, não havia
indícios visíveis de edificação alguma, exceto o que pareciam ser as ruínas de uma
cisterna de pouca profundidade. As escavações realizadas pelos franciscanos a partir de
1933 confirmam a história dos primeiros viajantes, que encontraram uma pequena igreja
no lugar. A igreja foi ampliada no fim do século V e, conforme tudo indica, destruída
por um terremoto no final do século VI e reedificada no ano 597. Na atualidade, o que
se vê sobre o monte Nebo são as ruínas dessa igreja. No piso, há mosaicos, além de
esplêndidas pinturas de animais e de árvores em uma das capelas. As extensas ruínas do
edifício do monastério agrupam-se ao redor da igreja nas direções oeste, norte e sul. Em
dias claros, é possível parar no aterro ao redor e ver nitidamente as torres do monte das
Oliveiras, em Jerusalém.
Ver tb: Nm 33:47, Dt 32:49, Dt 34:1, Is 15:2, Jr 48:1
4454 - NÍNIVE, a famosa capital do antigo Império Assírio, estava localizada 450 km
ao norte da Babilônia, à margem oriental do Tigre e do outro lado do rio da moderna
Mossul. Era chamada a “cidade dos ladrões”, porque seus moradores invadiam e
despojavam outras regiões para enriquecer. Nínive teve uma história cheia de colorido,
ainda que trágica, especialmente a partir do século IX a.C., até a época de sua destruição
final diante do ataque de uma união de forças encabeçada por medos e babilônios em
612 a.C.Henry Austin Layard visitou as ruínas de Nínive em 1845 e calculou que o
circuito total de sua área rodeada de muralhas era de 11 km. Dentro do recinto de 728 ha
de extensão, havia dois montículos. O do sul media 30 m de altura, cobria uma extensão
de 16 ha e era conhecido pelos naturais da região como Nebi Yunis [Profeta Jonas]. O
montículo do norte media 26 m de altura, cobria uma extensão de 40 ha e era chamado
Kuyunjik [Castelo de Nínive]. Layard cavou valas no promontório norte e desenterrou
uma porta flanqueada por dois leões alados e um muro no qual uma inscrição em
caracteres cuneiformes trazia o nome de Senaqueribe. Ao adentrar ainda mais a cidade,
Layard desenterrou o palácio real de Senaqueribe, cuja área de passeio estava ladeada
de gigantescos touros alados que tinham inscritas no corpo as crônicas do rei, em
caracteres cuneiformes. Imensos salões de 12 m de largura por 55 de comprimento
conduziam ao interior do palácio, acerca do qual Layard declarou: “Nesse esplêndido
edifício, desenterrei não menos de 71 salões, câmaras e corredores, cujos muros
estavam cobertos, quase sem exceção, com lajotas de alabastro esculpidas, que
registravam as guerras, os triunfos e as grandes façanhas do rei assírio. Calculando
aproximadamente, apenas nessa parte das edificações exploradas durante minhas
investigações foram desenterrados quase 3 km de baixos-relevos, com 27 portais
formados por colossais touros alados e esfinges de leões”.As crônicas de Senaqueribe
inscritas nos touros alados, que tinham cabeça de homem, uma terracota e um cilindro
cozido proporcionam um relato bastante completo das oito campanhas de Senaqueribe,
“entre elas, a tomada e destruição da cidade de Babilônia”, no ano 689 a.C., e de sua
grande incursão pela costa oriental do Mediterrâneo até o Egito, no ano 701 a.C. O
tratamento às cidades dos filisteus, a invasão da Judéia e o assédio a Jerusalém, nos
quais estiveram envolvidos Ezequias e Isaías, têm merecido consideração especial. O
relato apóia e em alguns casos complementa a narrativa bíblica de 2Reis 18:13-19 e
Isaías Is 36:1 e Is 37:1. O assédio e a captura de Láquis, durante a campanha do rei em
Judá, estão descritos de maneira nítida em um dos muros do palácio. Sob esse painel,
acha-se esta inscrição: “Senaqueribe, rei do universo, rei da Assíria, sentou-se em um
trono e reavaliou o despojo da cidade de Láquis”. Senaqueribe menciona o número de
cidades palestinas que capturou e descreve em detalhes o despojo, mas diz apenas que
prendeu Ezequias “como um pássaro enjaulado” e não dá razão alguma para não haver
capturado Jerusalém. Também não faz menção do desastre que sobreveio ao seu
exército e resultou na sua retirada precipitada, sem ter obtido uma vitória decisiva. O
relato bíblico está de acordo com as crônicas a respeito das cidades capturadas e do
despojo tomado e explica com bastante detalhes como Senaqueribe, enquanto acampava
em Láquis, despachou um destacamento de tropas e um mensageiro com uma carta, na
qual desdenhava a força de Judá, ridicularizando a confiança deste no Egito e
desprezando a fé que esse reino depositava em Jeová. Também conta como a carta foi
aberta perante Jeová e como o rei Ezequias e o profeta Isaías clamaram ao céu e como
“naquela noite o anjo do Senhor saiu e matou cento e oitenta e cinco mil homens no
acampamento assírio. Quando o povo se levantou na manhã seguinte, o lugar estava
repleto de cadáveres! Então Senaqueribe, rei da Assíria, desmontou o acampamento e
foi embora. Voltou para Nínive e lá ficou”. O relato dos últimos dias de Senaqueribe
encontra-se em 2Reis 19:36,37 e é confirmado e complementado por um grande cilindro
hexagonal de barro cozido que Layard e Rassam encontraram no palácio de Esar-
Hadom. Esse palácio foi desenterrado na seção sul de Nínive, agora conhecida como
Nebi Yunis.Na primavera de 1851, enquanto escavavam uma parte do templo de Nebo,
contíguo ao palácio de Senaqueribe, Layard e Rassam retiraram o entulho de dois
grandes quartos que tinham comunicação entre si e encontraram parte da biblioteca real
acumulada por vários reis e dedicada a Nebo, o escriba divino que havia “criado as artes
e as ciências” e entendia “todos os mistérios relacionados com a literatura e a arte de
escrever”. Os milhares de volumes de argila representaram uma contribuição valiosa ao
Museu Britânico. Em 1853, Harmuzd Rassam continuou as escavações de Nínive e
pouco depois desenterrou o palácio do rei Assurbanipal, no qual havia um grande e belo
baixo-relevo que representava o rei de pé em um carro de guerra, dispondo-se a sair em
uma expedição de caça, enquanto seus servos lhe entregavam armas para caçar. Em dois
andares contíguos, de altas cúpulas, foram descobertas, amontoadas no piso, milhares de
preciosas tabuinhas de argila, que se constatou serem uma grande porção da biblioteca
de Assurbanipal. Seus mestres o haviam ensinado a ler e a escrever em vários idiomas,
tal como ele mesmo o expressa em uma das inscrições: “Eu, Assurbanipal, aprendi no
palácio a sabedoria de Nebo, a arte completa de escrever em tabuinhas de argila de
todas as classes. Tornei-me perito em várias classes de escritura [...] li as belas
tabuinhas de argila de Sumer e a escritura acadiana, que é muito difícil de dominar.
Experimentei o prazer de ler inscrições em pedra, pertencente à época anterior ao
Dilúvio”.Era tão grande o interesse de Assurbanipal pela literatura e pela erudição que,
ao subir ao trono, reprimiu rapidamente um levante no Egito, conquistou a Lídia e a
Pérsia e, depois de consolidar seu reino, entregou-se à tarefa da erudição até
transformar-se no monarca mais poderoso e culto de sua época e em um dos maiores
patrocinadores da literatura no mundo. Enviou escribas eruditos a Assur, Babilônia,
Cuta, Nipur, Acade, Ereque e outros centros estratégicos ao longo e ao largo de seu
vasto império, onde foram reunidos e copiados livros (de argila) de astrologia, história,
gramática, geografia, literatura, leis e medicina como também cartas, orações, poemas,
hinos, esconjuros, oráculos, dicionários, crônicas, títulos de venda de terrenos, contratos
comerciais e registros legais, além de uma quantidade de temas de interesse geral e
específico. Todos os livros foram trazidos ao palácio de Assurbanipal em Nínive, onde
ele não só os estudou ou cotejou como também em muitos casos mandou fabricar
tabuinhas novas de argila, nas quais foram gravadas cópias bilíngües em escritura
cuneiforme, mais tarde arquivadas de forma metódica “para a instrução do povo de
Nínive”. Completa, sua biblioteca somava cerca de 100 mil volumes, uma das maiores e
mais preciosas de toda a Antiguidade. As grandes galerias nas quais a biblioteca foi
encontrada, conforme se constatou depois, eram a biblioteca e a galeria de pintura
particulares do rei e
constituíam apenas uma parte do palácio do brilhante monarca. George Smith, enquanto
trabalhava com as tabuinhas no Museu Britânico, encontrou um grande pedaço de uma
delas que falava do Dilúvio. Ao fixar os olhos na frase “a barca descansou sobre as
montanhas de Nisir”, Smith emocionou-se muito, à semelhança do senhor Gladstone, do
decano Stanley e do proprietário do jornal London Daily Telegraph. Smith foi enviado a
Nínive, onde, mediante diligente busca, encontrou o outro pedaço da tabuinha, contendo
as dezessete estrofes que completavam a narração caldaica do Dilúvio. Mais tarde,
encontrou também as tabuinhas da Criação, que publicou em 1876 sob o título
“Narração caldaica do Gênesis”. Havia tanta semelhança com a história bíblica de Noé e
do Dilúvio e tantos acontecimentos duplicados que, na opinião de muitos eruditos, o
relato confirma o acontecimento. Muito pouco do relato caldaico da Criação coincide
com o de Gênesis, mas foi só o primeiro dos muitos que seriam encontrados, alguns
mais próximos da narrativa bíblica.
Senaqueribe, rei da Assíria, narrou neste prisma hexagonal de argila, encontrado
as ruínas de seu palácio em Nínive, os detalhes de suas oito campanhas militares,
entre elas a invasão a Judá, por volta de 686 a.C.

Ver tb: Gn 10:11, 2Rs 19:36, Is 37:37, Jn 1:2, Jn 3:3, Jn 4:11, Na 1:1, Sf 2:13, Mt
12:40, Lc 11:32
4455 - NOBE era uma “cidade de sacerdotes” localizada sobre um montículo a 1,5 km
ao norte de Jerusalém. Depois da captura da arca e da destruição de Siló, os sacerdotes
judeus fugiram para essa cidade com a estola sacerdotal e instalaram um recinto
dedicado à execução das funções sagradas do Tabernáculo. Davi veio a Nobe para ver o
sacerdote Aimeleque depois de haver fugido de Saul e lhe pediu pão. Aimeleque deulhe
dos pães sagrados (ou “pães da Presença”) e a espada de Golias e o despediu (1Sm
21:1-9). Doegue, o edomita, que era “chefe dos pastores de Saul”, informou o rei do
incidente e, por ordem de Saul, exterminou a família de Aimeleque e 85 homens que
vestiam a estola sacerdotal de linho (22:18). Nobe foi a última parada de Senaqueribe
em sua campanha rumo a Jerusalém: “Hoje eles vão parar em Nobe; sacudirão o punho
para o monte da cidade de Sião, para a colina de Jerusalém” (Is 10:32). Os viajantes que
vêm do norte contemplam Jerusalém pela primeira vez a partir de Nobe. Não foi
realizada escavação alguma nesse lugar.
Ver tb: 1Sm 21:1, Is 10:32
4456 - NUZI (a Yorghan Tepe atual) é um montículo situado 241 km aéreos ao norte
de Bagdá. Foi escavado entre 1925 e 1931 por uma expedição conjunta das Escolas
Americanas de Investigação Oriental de Bagdá, da Universidade de Harvard e do
Museu da Universidade da Pensilvânia. O dr. Edward Chiera foi o diretor da expedição.
As sondagens alcançaram solo virgem, mas o nível de ocupação desenterrado datava
dos séculos XV e XIV a.C., quando a cidade era povoada pelos hurrianos — os desde
longo tempo desaparecidos horeus, heveus e jebuseus do AT. Do palácio e das quintas
privadas — casas de gente endinheirada — a equipe de arqueólogos recuperou cerca de
20 mil tabuinhas de argila escritas por escribas hurrianos na língua cuneiforme
babilônica, mas com o emprego ocasional de palavras nativas dos horeus e dos huritas.
As tabuinhas consistem acima de tudo de contas comerciais, contratos, informes e
sentenças judiciais que revelam o estilo de vida de algumas das principais famílias
durante quatro ou cinco gerações. É extraordinária a forma como o paralelo entre as
narrações patriarcais de Gênesis e os costumes e condições sociais desses povos
sustentam a precisão histórica dessa seção da Bíblia. Os patriarcas provinham dessa
região do país, e haviam vivido em Harã (predominantemente hurrita e horéia). Eles
mantiveram-se em contato com o lugar durante muitas gerações subseqüentes e, devido
à falta de leis e costumes próprios (porque ainda não se havia escrito o AT), seguiram
aqueles aos quais estavam acostumados. Vejamos alguns paralelos:
1.Intercâmbio de propriedade. Todas as transações relativas à transferência de
propriedade eram anotadas, testemunhadas, seladas e proclamadas na porta da cidade
(Gn 23:10-18).
2.Contratos matrimoniais. Incluíam a declaração de que se podia presentear a recémcasada
com uma criada, como foi o caso de Lia e Raquel (Gn 29:24,29). O contrato
continha um dispositivo que obrigava a esposa sem filhos a proporcionar ao marido uma
criada que pudesse tê-los, como Sara deu Hagar a Abraão (Gn 16:3) e Raquel deu Bila a
Jacó (Gn 30:3-6).
3. Adoção. Era praticada em Nuzi quando o casal sem filhos adotava um filho para que
este cuidasse deles enquanto vivessem, os sepultasse quando morressem e fosse
herdeiro de seu patrimônio. A lei especificava, porém, que, se chegassem a ter um filho
legítimo, o filho adotivo perderia os direitos de herança. Isso parece explicar a adoção
de Eliézer como herdeiro por parte de Abraão antes do nascimento de Isaque e a
mudança subseqüente quando o Senhor prometeu que lhe nasceria um filho legítimo, e
este seria seu herdeiro (Gn 15:2-4).
4. Direito de primogenitura. Em Nuzi, foi encontrado um contrato no qual um irmão
dava a outro “três ovelhas em troca de sua parte na herança” de uma plantação, que nos
faz lembrar quando Jacó deu a Esaú “pão com ensopado de lentilhas” (Gn 25:30-34).
Também em Nuzi, a “bênção” do pai moribundo ao deixar suas propriedades para um
filho era reconhecida em tribunal, caso houvesse uma testemunha que confirmasse as
palavras do pai (Gn 27:30-33; 49:8-28).
5. A herança. Em Nuzi, uma lei permitia transferir a propriedade e a liderança da família
ao esposo de uma filha se o pai entregasse os ídolos familiares ao genro. Assim, quando
alcançou Jacó, Labão procurou ansiosamente no acampamento os ídolos familiares, mas
não os pôde encontrar porque “Raquel tinha colocado os ídolos dentro da sela do seu
camelo e estava sentada em cima” (Gn 31:30-35).
OLIVEIRAS, MONTE DAS (v. Monte das Oliveiras)
4457 - PÉRGAMO foi a terceira igreja a que João dirigiu uma carta no livro de
Apocalipse. Está localizada a cerca de 24 km do mar Egeu e 96 km ao norte de Esmirna.
O moderno povoado de Bérgamo (corrupção turca do nome antigo) situa-se na planície
a um nível mais baixo que a cidade antiga. Pérgamo foi centro de quatro cultos pagãos
(a Zeus, Atenéia, Dionísio e Esculápio) e da adoração blasfema ao imperador. João,
portanto, fala da cidade como o lugar “onde está o trono de Satanás” e “onde Satanás
habita” (Ap 2:13). Escavações realizadas em 1878 pelo Museu de Berlim revelaram um
espetacular complexo de edifícios, com um formoso anfiteatro helenístico no centro. Os
edifícios sagrados e os reais estendiam-se em semicírculo e constavam do grande altar,
do altar de Atenéia, do templo de Trajano e de Adriano, dos palácios reais e de outras
magníficas estruturas. O grande altar, com o relevo da batalha dos deuses e dos
gigantes, foi o monumento artístico mais importante desenterrado em Pérgamo.
Ninguém sabe se esse era “o trono de Satanás” ou se a referência é ao templo onde se
adorava o imperador.
O teatro de Asclépio (ou Esculápio) em Pérgamo.

Ver tb: Ap 1:11, Ap 2:12
4458 - PERSÉPOLIS. No ano 520 a.C., Dario, o Grande, levou seus arquitetos,
artesãos e operários 64 km ao sul de Pasárgada. Sobre a ramificação baixa e rochosa de
três níveis, localizada na base da montanha da Misericórdia e que domina a formosa
planície das Aves Aquáticas, Dario mandou edificar uma enorme plataforma retangular
que havia de servir como a sólida base de sua fascinante cidade-palácio de Persépolis.
Uma gigantesca escadaria conduzia à grande plataforma. Sobre esta, criativos arquitetos
levantaram uma série de palácios e outras edificações, os quais, depois de rodeados por
airosos muros, constituíram o coração de uma das cidades mais famosas da
Antiguidade. Nesse lugar, a cultura e a civilização persas alcançaram sua máxima
expressão. Os monarcas da dinastia Aquemênida passavam ali os meses do outono e da
primavera — no verão, iam para Ecbatana, e no inverno, para Susã. Eram realizados em
Persépolis os grandes festins do equinócio primaveril, a celebração do ano-novo persa.
Ester deve ter passado breves períodos em Persépolis com seu marido, o rei, já que ela
foi a rainha de Xerxes (Assuero) por 13 anos. A vida dessa poderosa cidade, um
verdadeiro monumento à cultura persa, foi no entanto relativamente efêmera. No ano
330 a.C., quando Persépolis contava menos de duzentos anos de existência, Alexandre
Magno saqueou e destruiu a cidade, incendiando-a, ato qualificado como “um
deplorável acidente de guerra”. Segundo os antigos historiadores, porém, foi uma ação
deliberada de vingança contra a Pérsia, por conta da invasão à Grécia e do incêndio que
destruiu Atenas, atos praticados por Xerxes. No que concerne ao saque ao tesouro de
Persépolis, Plutarco, escritor da Antiguidade, escreveu que Alexandre empregou 10 mil
mulas e 5 mil camelos para transportar os despojos a Ecbatana. A arruinada cidade foi
então abandonada e permaneceu desmoronada e sepultada, misturando-se com as areias
e com a terra da planície até meados do século XIX, quando orientalistas e arqueólogos
começaram a investigar o montículo que a cobria. As escavações científicas começaram
em 1931, quando o professor Ernst Herzfeld, do Instituto Oriental da Universidade de
Chicago, iniciou os trabalhos. Herzfeld foi seguido por Erich Schmidt, que trabalhou de
1935 até o começo da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Descobriu-se que a totalidade
da plataforma fora ocupada por edifícios reais erguidos por Dario I (522-486 a.C.), por
Xerxes (486-465) e por Artaxerxes I (465-423). O acesso à plataforma dava-se por uma
escadaria de pouca altura, similar a uma rampa, que contava 110 degraus e estava
localizada no ângulo noroeste da plataforma. A porta de Xerxes, cujos portais eram
guardados por dois colossais touros de pedra, erguia-se além da escadaria. Ao sul, sobre
uma plataforma mais alta, estava a arruinada Apadana (sala de audiências), construída
por Dario e Xerxes. Chegava-se a ela pelos lados norte e leste subindo a Grande
Escadaria, dentre as obras desse tipo, uma das mais ornamentadas já descobertas até
hoje nos países do Oriente Médio. A grande sala de audiências, que comportava 10 mil
pessoas, era de construção hipostila: o teto sustentava-se por enormes vigas de cedrodo-
líbano. A sala central possuía 26 colunas de pedra maciça que, incluindo as bases e
os capitéis, mediam 20 m de altura. Em três dos quatro lados havia vestíbulos laterais,
cada um com doze colunas de igual altura. Das 72 colunas, só treze sobreviveram e
ainda permanecem de pé. Na entrada oriental da grande sala, encontra-se em fina
escultura de relevo a representação de Dario I sobre o trono. Xerxes, o príncipe
herdeiro, está em pé atrás de Dario, e, acima deles, está a figura alada de Ahura Mazda,
o grande deus da religião zoroástrica e o “autor de todo o bem”. Dario e seus sucessores
imediatos foram seguidores de Zoroastro, e isso provavelmente oferece “uma
explicação para as sábias medidas do governo persa”. A sala de audiências dava acesso
ao Tachara (palácio) de Dario, com suas paredes adornadas de relevos e numerosas
inscrições, uma das quais diz: “Disse Dario, o rei: Este reino da Pérsia, Ahura Mazda
tem-me dado [...] e Dario, o rei, não teme a nenhum outro. Disse Dario, o rei: Assim me
ajude Ahura Mazda [...] e proteja este reino de inimigos, de grande fome e de falsidade,
isto peço como dádiva de Ahura Mazda. Eu sou Dario, grande rei, rei de reis, rei de
muitos reinos, filho de Histaspes, um aquemênida [...] que edificou este palácio”.O
esplêndido palácio era abastecido com água que corria por um encanamento de pedra,
transportada desde o trecho de Apadana e desde as montanhas próximas. Um extenso
sistema de canais facilitava a drenagem. Mais ao sul, para além do palácio, ficavam os
apartamentos da rainha, com sua sala central e seu pátio. A leste da Apadana, estava o
Salão de Cem Colunas, chamado assim porque seu magnífico teto de cedro-do-líbano
era sustentado por cem colunas talhadas e estriadas. Nenhum outro edifício antigo —
exceto o templo de Carnaque, no Egito — o supera em magnificência e em superfície.
Mais além, havia outras estruturas, entre elas a tesouraria real e um forte de vigilância.
Ao redor de todos esses magníficos edifícios havia jardins, nos quais as flores se
agrupavam em torno de tanques e de fontes. Em 1951, o Instituto Arqueológico de
Persépolis começou a realizar escavações fora da grande plataforma e encontrou as
ruínas de outro palácio, que compreendia uma sala de pedra sólida com um pórtico,
recintos adicionais e um grande depósito de pedra. Outros achados de interesse no
montículo foram milhares de fragmentos de jarros de pedra dura, uma tabuinha de ouro
comemorativa de Dario I, com uma inscrição trilíngüe e inscrições de Xerxes, marido
da rainha Ester. Essas inscrições enumeravam as muitas nações sobre as quais Xerxes
reinou, entre elas Elão, Média, Armênia, Pártia, Babilônia, Assíria, Sardes e Egito. No
declive do monte da Misericórdia, a sudeste de Persépolis, estão as tumbas de dois dos
últimos reis aquemênidas. Em Naqsh-i-Rustam, a 6 km de Persépolis, encontram-se as
imponentes tumbas de Dario, o Grande, de Xerxes, de Artaxerxes I e Dario II, lavradas
na pedregosa ladeira. Somente a tumba de Dario, o Grande, contém uma inscrição.
4459 - PETRA, conhecida nos tempos bíblicos como Selá [a Rocha], está localizada ao
sul e um pouco a leste do mar Morto, em um dos lugares mais inacessíveis da terra. A
cidade foi construída em um profundo vale no alto das montanhas e está rodeada por
todos os lados de penhascos de quartzo e de granito de cores brilhantes. A cidade parece
um verdadeiro anfiteatro, e sua atração principal é talvez seu isolamento.O único acesso
à cidade é mediante o Siq — estreito desfiladeiro de 1,5 km de comprimento entre os
elevados penhascos de granito vermelho. Em alguns lugares, o desfiladeiro é
simplesmente o leito de um rio de 3,7 m de largura que mais adiante se abre na direção
de um vale mais largo, o uádi Musa, o qual desce gradualmente até a zona ocupada pela
“cidade rosada que tem metade da idade do próprio tempo”. A primeira estrutura que
aparece é el-Khazne, a tesouraria, uma combinação de tumba e templo real lavrado na
parede rochosa, medindo 46 m de altura e adornado com numerosas colunas finamente
talhadas em estilo coríntio. No vértice, há uma urna maciça, artisticamente desenhada,
na qual, segundo os árabes, deviam estar “os tesouros do faraó”. Na parte interior do
templo, há um sepulcro de tamanho moderado, sem ornamentação alguma. Ninguém
sabe a quem pertenceu o templo-sepultura, mas há quem creia ser a tumba de um rei
nabateu helenístico, talvez Aretas, o Filhellene (87-62 a.C.). Dentro da cidade, em
qualquer direção por quase 1,5 km, encontram-se foros, teatros, templos, palácios,
moradas e tumbas talhadas nos penhascos de quartzo núbio multicoloridos, que se
erguem entre 60 e 120 m no ar. Uma tumba nebatéia em forma de templo, situada perto
da entrada, possui quatro obeliscos piramidais que se elevam por cima da entrada. Um
pouco ao norte da cidadela, sobre uma saliência que se eleva muito acima da cidade, há
um “lugar alto”. Mede cerca de 14 m de comprimento por 7 m de largura. Chega-se a
ele por um lanço de degraus lavrados na rocha. No final da escada, no lugar alto, há um
altar de 2,7 m de comprimento, 1,82 m de largura e 1 m de altura. Em cima do altar, há
uma cavidade parecida com uma caçarola, destinada ao fogo. Um pouco ao sul do altar,
está o local onde os animais eram mortos para o sacrifício. Nesse lugar, os nebateus
adoravam o deus Dushara, cujo símbolo era uma pedra negra. Em 1934, o magnífico
lugar alto foi escavado pela expedição Marchett, em colaboração com o dr. Albright.
Em anos mais recentes, foram realizados estudos e escavações adicionais em Petra.
“Ainda em seu estado atual de ruinosa elegância”, comenta o dr. Nelson Glueck, “Petra
continua sendo um monumento inesquecível ao engenho criativo dos antigos edomitas e
mais tarde aos nebateus”. Estes vieram da Arábia e estabeleceram um reino que durou
três séculos, até o ano 106 d.C. Um de seus reis, Aretas IV, é mencionado em
2Coríntios 11:32.O desfiladeiro de pedra vermelha de Petra.

O templo de rocha esculpida está à direita.

O templo de rocha esculpida de el-Khazne, em Petra.
4460 - O POÇO DE JACÓ situa-se 800 m ao sul de Sicar, na estrada alta de
Jerusalém, onde o caminho faz uma curva para entrar no vale situado entre os montes
Gerizim e Ebal. Fica próximo da tumba de José, no terreno adquirido por Jacó, e é um
dos lugares mais autênticos de todo o mundo bíblico. Samaritanos, judeus, cristãos e
muçulmanos veneram-no como o poço que Jacó cavou e à beira do qual Jesus se sentou
quando conversou com a mulher samaritana que viera tirar água. A tradição samaritana
remonta a mais de 23 séculos e está refletida no comentário da mulher samaritana: “O
nosso pai Jacó [...] nos deu este poço” (Jo 4.12). A tradição cristã data do ano 333,
quando o Peregrino de Bordeaux visitou o poço, e ali foi construída uma igreja cristã no
século IV. Os cruzados encontraram-na em ruínas e a reedificaram, mas ela foi
destruída no século XII. Suas ruínas jazem como um “montão de pedras pardas”, sobre
o poço. Em 1838, Robinson achou a entrada da boca do poço, e ao medi-lo descobriu
que tinha a profundidade de 32 m. Em 1881, o dr. C. A. Barclay realizou escavações ao
redor do poço, descobrindo que os escombros que haviam caído ou sido lançados nele
reduziram sua profundidade para 20 m apenas. Mais tarde, limparam o poço até o fundo
(32 m). Devido aos muitos turistas, porém, que empurravam ou lançavam pedras no
poço a fim de escutar quanto tempo demorava para chegar à água, a profundidade foi
novamente reduzida, chegando a 23 m. Por essa época, a Igreja Ortodoxa Grega
adquiriu o lugar e depois de muitos anos concluiu a construção de uma igreja sobre o
local. A antiga borda do poço está muitos metros abaixo do nível atual e mostra
profundas fendas, produzidas pelas cordas com as quais eram puxados os odres ou
vasilhas de água. O poço mede 2,3 m de circunferência. A parte superior está revestida
com obra de alvenaria, mas a inferior foi cavada na pedra calcária. A água é fria e
refrescante, já que “o poço é profundo”. Não é apenas uma cisterna, mas também um
manancial, ou seja, alimenta-se tanto de água da superfície quanto de uma fonte
subterrânea. As memórias evocadas pelo poço transportam-nos a épocas passadas, de
cenas pastoris e costumes patriarcais. Recordam-nos o início do ministério de Jesus,
quando nesse poço, que ficava ao lado do caminho, ele revelou sua natureza divina à
admirada samaritana e pronunciou a profunda verdade que permanecerá através dos
tempos: “Quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água
que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:14).
PILAR DE ABSALÃO (v. Absalão, Monumento de)
4461 - QUEDES DE NAFTALI anteriormente uma cidade real cananéia. Capturada
por Josué (Js 12:22), tornou-se uma das seis cidades de refúgio (Js 20:7). Foi o lar de
Baraque, onde ele e Débora reuniram as forças de Naftali e Zebulom para a guerra
contra Sísera (Jz 4:6-11) e onde foram sepultados o próprio Baraque, Débora e Jael.
Tiglate-Pileser III conquistou a cidade em 734 a.C. e desterrou seus habitantes para a
Assíria (2Rs 15:29). Nessa cidade, Jônatas Macabeu derrotou o exército sírio
comandado por Demétrio (1Macabeus 11:63). Atualmente, é conhecida como Tell-
Kades e está parcialmente ocupada por uma aldeia árabe, localizada a noroeste do lago
Huleh, na borda de uma saliência que domina a fértil planície de Kadesh. As sondagens
e os achados na superfície mostram que a cidade esteve povoada nos períodos Antigo e
Tardio da Idade do Bronze.
Ver tb: Js 12:22, Js 20:7, Jz 4:9, 2Rs 15:29
4462 - QUIRIATE-JEARIM, atualmente conhecida como Abu Ghosh, situa-se 14 km
a oeste de Jerusalém, no caminho que conduz a Tel Aviv e Jope. A arca da aliança
permaneceu vinte anos nesse lugar, entre a época em que os filisteus a devolveram a
Israel e o reinado de Davi, que a trouxe a Jerusalém (1Cr 13:5-8). Em 1928, os padres
beneditinos desenterraram implementos de quartzo e vasilhas de pedra em um lugar
próximo da igreja dos cruzados, localizada em um setor da cidade. R. Newville cavou
fossos exploratórios, os quais deram pouco resultado. Nas escavações realizadas em
1950 e 1967, foram encontradas casas com pisos de gesso e chaminé e doze esqueletos
humanos, dois dos quais estavam sepultados debaixo do piso. Em 1944, os beneditinos
escavaram tumbas e os restos de uma grande represa, atribuída à 10.a Legião romana,
que havia estado no lugar. Na entrada de uma das tumbas, havia uma pedra redonda,
parecida com a que foi colocada à entrada do túmulo de Jesus.
Ver tb: 1Cr 13:5, 2Cr 1:4
4463 - QUIRIATE-SEFER,“a cidade do escriba”, é identificada com Tell Beit Mirsim,
18 km a sudoeste de Hebrom. Durante certo tempo, foi conhecida como Debir. O
montículo foi parcialmente escavado em quatro campanhas pelos drs. Kyle e Albright
(1926-1932). Acredita-se que a cidade foi fundada por volta de 2200 a.C. Várias cidades
ergueram-se e caíram no montículo. No século VIII a.C., parece ter alcançado seu ápice
de prosperidade, como centro de uma indústria de tinturas para tecidos. Foi finalmente
queimada e destruída por Nabucodonosor em 586 a.C. Nesse nível, encontraram o selo
de Eliaquim, que data de 597 a.C.
4464 - RABÁ (Rabá-Amom) foi a capital do antigo reino dos amonitas. Hoje chama-se
Amã e é a capital da Jordânia. Acredita-se que tenha sido edificada pelos filhos de
Amom (filho de Ló), que lhe deram o nome do pai (Dt 3:11). Joabe teve de sitiá-la dois
anos antes de poder tomá-la. A morte de Urias, o heteu, ocorreu devido à ordem indireta
de Davi de que o pusessem diante dos muros de Rabá (2Sm 11:16,17). Durante séculos,
Amom foi praticamente “um campo de ruínas”, e hoje subsistem algumas ruínas
romanas no povoado. A mais importante é o anfiteatro, cortado na encosta escarpada de
uma rocha e que podia acomodar aproximadamente 6 mil pessoas. Os assentos ainda
estão no lugar, mas faltam a plataforma e a platéia. Dentro da atual cidade, vêem-se
ainda algumas colunas, em diferentes lugares, e locais de banho dos tempos romanos,
mas as principais ruínas estão na elevada colina da cidadela que domina a cidade atual.
Estão na superfície e foram escavadas parcialmente. Pertencem ao período romano, e a
principal delas é um templo. Nada foi encontrado ainda dos amonitas da época de Davi,
exceto parte do muro da cidade, descoberto na esquina noroeste, que data da Idade do
Ferro e possivelmente pertence ao período do grande rei.
Ver tb: Dt 3:11, Js 13:25, 2Sm 11:1, 2Sm 12:26, 1Rs 12:30, 1Cr 20:1, Jr 49:2, Ez 21:20,
Ez 25:5, Am 1:14
4465 - RAS SHAMRA foi a antiga cidade de Ugarite. Hoje é conhecida como Ras
Sahmra. Era um grande centro comercial e religioso situado na costa 64 km a sudoeste
de Antioquia e diante da ilha de Chipre. Uma descoberta fortuita realizada por um sírio
enquanto lavrava seu campo atraiu as atenções para o grande montículo. As escavações
foram iniciadas por Claude F. A. Schaeffer em 1929, continuadas até 1939 e
imediatamente prosseguidas em anos posteriores. Havia cinco níveis principais de
ocupação, mas o datado do século XIV a.C. foi o que produziu os achados mais
importantes. Em um cemitério, foram desenterradas jarras magníficas, semelhantes às
encontradas nos palácios cretenses. Encontraram também grandes talhas de
armazenagem, similares às utilizadas nos tempos de Cristo, “uma baixela completa, de
3400 anos de idade, um jogo completo de peças que variavam de uma mina egípcia (437
g) até pequenas frações desse peso, uma bem preservada figura de bronze do deusfalcão
Hórus, uma figura de bronze de um deus sentado, uma figura muito bem
conservada de Reshef (deus fenício do clima e da guerra), uma estátua
dourada da deusa fenícia Astarote e uma estela de Baal, uma das poucas representações
que se conhece desse deus. Ao pé da escada de um sótão, foi encontrado um amontoado
composto de 74 armas e ferramentas em ótimo estado de conservação. Havia quatro
grandes espadas de bronze de quase 1 m de comprimento, onze lanças de diversas
formas, 27 machados planos, catorze grandes enxadas, duas belas adagas com
incrustações na empunhadura, quatro foices, nove cinzéis e brocas e um gracioso tripé
com campainhas em forma de romãs penduradas. Essas peças poderiam ter sido
confundidas facilmente com ferramentas acabadas de sair das mãos do ferreiro, se não
estivessem cobertas por uma crosta de fino mofo verdoso que se acumula sobre o cobre
velho quando este fica exposto ao ar ou sobre a terra”. O achado mais importante,
porém, foi o da biblioteca do templo, situada em um edifício localizado entre os templos
de Baal e de Dagom. Centenas de tabuinhas revelavam não só a cultura da Fenícia,
como também a dos países vizinhos. Muitas delas estavam inscritas em caracteres
cuneiformes comuns, porém mais de seiscentas apresentavam uma escrita semelhante à
cuneiforme, mas que não podia ser decifrada pelos especialistas. Com o tempo,
descobriu-se que se tratava de uma escrita alfabética, composta de trinta sinais
cuneiformes — uma nova linguagem semítica estreitamente relacionada com o hebraico
e com outros dialetos semíticos falados em Canaã. Constatou-se que a maioria das
tabuinhas eram textos religiosos em forma poética — grande quantidade de material que
descrevia em detalhes a natureza das crenças e práticas religiosas cananéias. Elas
fornecem um panorama completo das religiões de Canaã no tempo da chegada dos
judeus e das influências religiosas a que estes estiveram expostos pouco depois de se
instalarem no país. Certos ritos cerimoniais, tais como a oferenda pelos pecados, a
oferenda de paz, a oferenda movida, o holocausto e a oferenda das primícias eram tão
similares aos dos hebreus que levaram muitos a perguntar se imigrantes midianitas não
os teriam trazido a Ugarite enquanto os hebreus peregrinavam no deserto. Nas crenças e
nas práticas, não obstante, havia enormes diferenças. Na cabeça do panteão cananeu,
estava El, o criador e pai de tudo que existe. Em seu sistema de crença, porém, El tinha
uma consorte, Aserá (Astarote), a deusa da fertilidade, a qual os israelitas rejeitavam
sistematicamente em razão da retidão moral e de sua lealdade a Deus (Jz 2:12-15; 1Sm
12:10). Os outros deuses eram Baal, Dagom, Reshef e Hadade, todos representados
como imorais. Conforme refere a Bíblia, havia práticas licenciosas e vergonhosas
associadas com a adoração a esses deuses.
4466 - ROLOS DO MAR MORTO é o nome dado a uma coleção de manuscritos (e
alguns fragmentos de manuscritos) muito antigos, escritos em hebraico, aramaico e
grego. Esses pergaminhos foram encontrados em várias cavernas das estéreis colinas do
deserto da Judéia, a oeste do mar Morto e representam a descoberta arqueológica mais
sensacional e importante de nossa época. Mais da terça parte constitui-se de livros do
AT, pelo menos mil anos mais antigos que os primeiros manuscritos do at até agora
conhecidos. Incontáveis livros e milhares de artigos têm sido escritos por especialistas
sobre esses manuscritos guardados em forma de rolo, embora muitos não tenham sido
ainda estudados ou traduzidos. A descoberta dos pergaminhos deu-se em 1947, quando
um jovem pastor árabe sentiu falta de uma de suas cabras e foi procurá-la em um dos
escarpados vales dos arredores. Lançando uma pedra dentro de uma das cavernas da
ladeira, ouviu o que lhe pareceu o som de vasilhas de barro se quebrando. O jovem
pastor chamou seu ajudante, e os dois entraram na caverna, onde encontraram alguns
jarros de cerâmica de 63 a 74 cm de altura e aproximadamente 25 cm de largura. Dentro
das vasilhas, encontraram objetos que pareciam múmias em miniatura — que eram na
realidade rolos de couro envolvidos em pedaços quadrados de tela de linho e cobertos
com uma substância resinosa semelhante ao breu, possivelmente procedente do mar
Morto. Com a vaga idéia de que haviam descoberto antikas, algo que poderia renderlhes
dinheiro, dividiram entre si o achado e partiram para Belém, onde localizaram um
negociante de antiguidades e lhe ofereceram os rolos por trinta libras esterlinas. O
negociante não quis comprá-los. Então, dirigiram-se a Jerusalém, onde, após regatearem
por várias semanas, venderam quatro rolos a Athanásio Samuel, arcebispo do Mosteiro
Sírio Ortodoxo de São Marcos, e três a E. L. Sukenik, professor de arqueologia da
Universidade Hebraica de Jerusalém. O arcebispo Samuel mostrou os pergaminhos a
várias autoridades, mas ninguém pôde decifrar o conteúdo ou o valor deles. Finalmente,
os pergaminhos foram levados ao dr. John C. Trever, diretor interino das Escolas
Americanas de Investigação Oriental (Jerusalém), que fotografou e estudou alguns
deles, enviando cópias ao dr. W. F. Albright, da Universidade Johns Hopkins. Essa
reconhecida autoridade estimou-lhes a data em “aproximadamente 100 a.C.” e declarou
serem “uma descoberta assombrosa”. Os pastores árabes revelaram a localização da
caverna onde haviam encontrado os pergaminhos, mas a guerra entre árabes e judeus
impossibilitou a investigação científica até fevereiro de 1949, quando o dr. Laukester
Harding, do Departamento Jordaniano de Antiguidades, e Pere R. de Vaux, da Escola
Dominicana da Bíblia, cuidadosamente escavaram o subsolo. No transcurso de três
semanas, encontraram cerca de oitocentos fragmentos pertencentes a 75 diferentes rolos,
aproximadamente. Encontraram também fragmentos de rolos de papiro, porções do
linho que envolvia os rolos, lâmpadas romanas e partes de jarros e cacos de cinqüenta
diferentes cântaros. Tudo indicava que cerca de duzentos rolos haviam sido escondidos
na caverna. Diz-se que Orígenes, pai alexandrino que viveu no século III, utilizou
alguns manuscritos que encontrou dentro “de um cântaro perto de Jericó”. Também
Timóteo, patriarca de Bagdá, escreveu uma carta a Sérgio, arcebispo de Elam, por volta
do ano 800, na qual lhe dizia que certa pessoa de Jerusalém lhe contara acerca do cão de
um caçador que havia entrado em uma caverna perto de Jericó. Como o animal não
regressasse, depois de algum tempo o dono entrou na caverna à sua procura e encontrou
uma pequena “casa na rocha”, na qual havia muitos manuscritos. O caçador informou o
achado a alguns eruditos judeus em Jerusalém, e estes vieram, entraram na caverna e
levaram muitos rolos que, segundo afirmaram, eram livros do AT e outras obras
hebraicas. Enquanto escavavam o solo da caverna, Harding e de Vaux observaram uma
ruína sobre um terraço esbranquiçado nas proximidades, que os árabes chamavam
Khirbet Qumran. Presumindo que havia uma relação entre os rolos e a ruína,
regressaram em 1951 e começaram a escavar. Nas cinco campanhas seguintes,
desenterraram as ruínas de um complexo grupo central de edificações, cujo piso
principal ocupava uma superfície de mais de 1400 m2. Era um centro comunitário, ou
mosteiro, com uma sólida torre de defesa, um extenso departamento culinário, um
grande salão de reunião e refeições, uma despensa, uma lavanderia, adegas e amplos
pátios. Havia também um sistema hidráulico impressionante, que trazia água de uma
cascata situada nas colinas ocidentais através de canais lavrados na rocha até grandes e
numerosas cisternas. Perto dali, encontraram estábulos para cavalos, uma oficina de
alvenaria para a comunidade, amplos tanques para banho e para batismo e três
cemitérios, um dos quais continha mais de mil tumbas. O que mais impressionou os
escavadores foi o lugar em que se copiavam os manuscritos — ou sala para escrever —,
de 13 x 4 m. Ali estavam as ruínas de uma mesa estreita de alvenaria de 5 m de
comprimento e duas mesas menores, bem como um banco comprido, aderido à parede.
Nos escombros espalhados pelo piso, havia três tinteiros, dois de terracota e um de
bronze. Um dos tinteiros continha um resíduo de tinta seca, feita de carvão e goma.
Havia também uma bacia dupla para lavar as mãos, possivelmente usada para lavagens
cerimoniais, antes e depois do trabalho com os manuscritos sagrados. Os muitos
achados em Qumran (entre eles, mais de setecentas moedas que representavam uma
seqüência ininterrupta de mais de duzentos anos) tornaram possível a reconstrução do
estilo de vida da semimonástica comunidade judaica que viveu ali desde cerca de 110
a.C. até 68 d.C. O lugar onde copiavam os manuscritos, a fábrica de olaria, um jarro
idêntico ao encontrado em uma das cavernas, os muitos fragmentos de rolos, o estilo da
escritura e o modo de vida não somente vinculavam essa gente aos rolos encontrados na
caverna próxima, como também os identificavam como “as pessoas dos rolos” — os
essênios. Os essênios são o povo que Josefo, Fílon e Plínio, o Velho, descreveram como
os que se haviam separado do judaísmo ortodoxo de Jerusalém e “das maldades e
injustiças que aumentavam nas cidades” para viver em colônias agrícolas nessa região
do país e na direção sul até En-Gedi. Segundo seus escritos, eles consideravam-se
chamados “para ir ao deserto e preparar ali mesmo o caminho do Senhor, de acordo com
o que estava escrito: “No deserto preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto
um caminho reto para o nosso Deus”. Eram pessoas tranqüilas, de vida extremamente
simples e casta. Oravam a cada manhã ao nascer do sol e trabalhavam até a hora quinta.
Em seguida, banhavam-se com água fria, vestiam roupas brancas e tomavam uma
refeição em comunidade, precedida e seguida por ações de graças. Depois, colocavam a
roupa de trabalho e trabalhavam ou exerciam seus talentos (entre eles a escritura, a
elaboração dos manuscritos) até a noite. Regressavam à ceia do mesmo modo. Nas
horas da noite, dedicavam-se à oração e ao estudo de suas leis, principalmente os livros
do AT e os apócrifos.A vida na comunidade de Qumran foi interrompida por um
terremoto que, segundo Flávio Josefo, sacudiu a Judéia na primavera de 31 a.C. Depois
da catástrofe, o lugar ficou despovoado mais de trinta anos. Por volta de 4 a.C., a
comunidade regressou. Os edifícios foram reparados, e a torre e as debilitadas paredes,
reforçadas. Edificaram-se novas habitações, e novos fornos industriais foram
construídos. Dali em diante, a vida retirada de oração e estudo em Qumran foi retomada
em escala ainda maior. Sua fé, seu propósito e sua missão na vida devem ter recebido
grande estímulo, ainda que em pequena medida de
confirmação, com a pregação de João Batista e o advento de Jesus Cristo. Eles
ensinavam o arrependimento como requisito para receber o batismo, da mesma forma
que João. Seu Manual de disciplina dizia: “Eles não se apartarão de nenhum conselho
da Lei [...] até que venha um profeta e o Messias de Arão e Israel”. Eram constantes no
ensino de que a “época da consumação” se aproximava, que Deus estava pronto para
atuar e que o Messias estava prestes a aparecer, “trazendo uma espada”. Todavia, não
sabemos quantos essênios teriam seguido João e subseqüentemente a Jesus. Nem João
nem Jesus, pelo que se sabe, portavam espada. Os essênios acreditavam que a salvação
era somente para os membros de sua seita, que eram os eleitos de Deus. Eram
governados “classe sobre classe”, até culminar em uma hierarquia genuína. Portanto, a
comunidade não chegou a ser cristã. A comunidade seguiu sua rotina disciplinada e
chegou a um final abrupto em 68 d.C., quando Qumran foi destruída e incendiada pela
10.a Legião romana, que viera à Palestina com a missão de sitiar Jerusalém e conter a
primeira revolta judaica. Na véspera do assalto, os membros da comunidade fugiram,
deixando a maioria de seus preciosos manuscritos escondidos nas cavernas existentes
nas imediações. O pelotão de soldados romanos que acampou sobre os escombros
aplainados dividiu os quartos arruinados maiores em quartéis e construiu um tosco
aqueduto em substituição ao complicado sistema de água dos essênios. Depois de certo
tempo, os soldados romanos partiram, e o lugar permaneceu desocupado até a segunda
revolta judaica (132-135 d.C.), quando as ruínas foram usadas temporariamente como
fortaleza ou como esconderijo. Mais tarde, o deserto tomou posse do lugar — até o
pastor árabe encontrar os primeiros rolos e os arqueólogos resgatarem os tesouros
literários. Foram inspecionadas 37 cavernas de Qumran em 1952, as quais continham
vasilhas de barro. Onze delas continham também material manuscrito. Na caverna II,
foram encontrados fragmentos bíblicos e apócrifos, entre eles uma porção do Livro dos
jubileus e um documento em aramaico que descrevia a nova Jerusalém. Na caverna III,
foram encontradas 274 porções de manuscritos e dois rolos de cobre, originariamente
confeccionados de três tiras de cobre unidas com rebite, medindo quase 3 m de
comprimento. Na caverna IV, foram encontrados mais de quatrocentos manuscritos e
quase 100 mil fragmentos, que variavam em tamanho desde o de uma unha do polegar
até o de uma folha de papel ofício. Em conjunto, foram encontrados nessas onze covas
os restos de mais de quinhentos diferentes manuscritos, grandes porções e milhares de
fragmentos. Quase um terço dos manuscritos constituem-se de livros do AT. Os demais
são comentários de alguns livros do AT, livros apócrifos, livros sapienciais, hinos e
salmos, liturgias, obras teológicas e obras relacionadas com as pessoas que viveram em
Qumran e copiaram os rolos. Há manuscritos e fragmentos de todos os livros do AT,
exceto Ester. Deduz-se pela quantidade de cópias encontradas de cada livro que os mais
populares eram Isaías, Salmos, Deuteronômio e Gênesis. Esses livros estavam escritos
em rolos de couro cuidadosamente marcados com raias para guiar os escribas. Alguns
foram escritos em papiro, e um deles em cobre. Os manuscritos mais importantes e mais
bem preservados foram os encontrados pelos jovens pastores na caverna I.
Os quatro adquiridos pelo Mosteiro de São Marcos foram:
1. O Rolo de Isaías, conhecido como o Rolo de Isaías de São Marcos, escrito em
dezessete folhas de pergaminho unidas mediante costura em seus extremos, formando
um rolo de 7,5 m de comprimento por 26 cm de altura. É o maior e mais bem
conservado de todos os rolos. Foi escrito com caracteres quadrados primitivos, o que,
segundo o dr. Albright, o situa no século II a.C. Esse detalhe torna-o o manuscrito
hebraico completo mais antigo que qualquer outro livro bíblico e está de acordo, em
quase todos os sentidos, com os textos hebraicos tradicionais.
2. O Manual de disciplina, escrito em cinco folhas de couro de cor creme cosidas umas
às outras, formando um rolo de 1,82 m de comprimento por 24 cm de altura. Contém
não somente regras detalhadas acerca de todos os procedimentos e cerimoniais da seita,
como também descreve de maneira extensa “os dois caminhos” — o bem e o mal, a luz
e a escuridão — que Deus coloca diante do homem.
3. O Comentário de Habacuque, escrito em duas folhas de couro castanho cosidas uma a
outra, formando um rolo de 1,5 m de comprimento por menos de 20 cm de altura. É o
texto hebraico do livro de Habacuque, cujos dois primeiros capítulos apresentam um
comentário. O rolo fala do “espírito da verdade e do espírito do erro”, e no comentário
sobre Habacuque 1:13 diz: “Na mão de seu escolhido, Deus entregará o julgamento de
todas as nações”.
4. O Gênesis apócrifo, rolo de couro de quase 3 m de comprimento por 30 cm de altura.
Trata-se de uma versão em aramaico de vários capítulos de Gênesis, com histórias
adicionais de Lameque, Enoque, Noé e Abraão. Os três rolos da caverna I, adquiridos
pelo professor E. L. Sukenik para a Universidade Hebraica, são:
1. Um segundo rolo do livro de Isaías, do qual os 37 primeiros capítulos estão
gravemente desintegrados, mas os capítulos de 38 a 66 estão em condições aceitáveis.
2. A Guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas,que contém dezenove colunas
de escritura e mede 3 m de comprimento por 15 cm de altura. Trata-se de um manual
militar com instruções para a condução de uma guerra santa entre os “filhos da luz” e os
inimigos que tentarão oprimir o povo de Deus nos últimos tempos.
3. Os Salmos de ação de graças, hinos compostos e reunidos pela comunidade dos
essênios. Era seu hinário oficial. O governo israelense, por meio do general Yigael
Yadin, comprou os quatro rolos do Mosteiro de São Marcos diretamente do arcebispo
Samuel por 250 mil dólares e construiu uma sala especial na Universidade Hebraica de
Jerusalém, a qual chamaram Altar do Livro. A sala agora contém os sete rolos originais
da caverna I, que o governo israelense considera “os maiores tesouros históricos do
mundo”. Os outros rolos, com algumas das jarras originais da mesma caverna, as
vasilhas de barro da escavação de Qumran e os milhares de fragmentos de rolos, estão
conservados no Museu Arqueológico da Palestina, em Jerusalém. Uma comissão
internacional de eruditos limpou e restaurou as vasilhas de barro, uniu os pedaços e
traduziu os fragmentos, reunindo também os outros objetos encontrados durante as
escavações nas cavernas de Qumran. Achados na área do uádi Murabbáat
Em 1952, árabes da tribo Táamireh informaram acerca de fecundas cavernas na área do
uádi Murabbáat, 18 km ao sul de Qumran e 3 km a oeste do mar Morto. As escavações
que se seguiram (de 21 de janeiro a 3 de março de 1952) revelaram que as quatro
cavernas, lavradas até a profundidade de 46 m no lado norte do precipício, haviam sido
utilizadas por refugiados e bandos de guerrilheiros muito antes de Davi e seus homens
acamparem ali ou em cavernas semelhantes, quando fugiam de Saul, há 3 mil anos. Em
duas das covas, foi encontrada boa quantidade de material escrito, destacando-se uma
tabuinha de pergaminho que continha uma lista de nomes e números escritos em
caracteres manuscritos hebraicos do século VII ou VIII a.C., fragmentos de quatro rolos
de couro: um de Gênesis, dois de Êxodo e um de Deuteronômio, um “magnífico rolo”
dos profetas menores e algumas cartas e contratos em hebraico que correspondiam ao
período em que as cavernas estavam ocupadas por um posto avançado do exército de
Bar Kokhba, líder da segunda revolta judaica contra Roma (132-135 d.C.). Duas das
cartas estavam assinadas por Bar Kokhba, “o príncipe de Israel”, e as outras eram
dirigidas a ele. Em 1959, o dr. Yigael Yadin organizou uma expedição arqueológica que
viajou em helicópteros sobre o território israelita mais ao sul, ao longo da costa
ocidental do mar Morto. Eles localizaram e exploraram outras cavernas usadas por
contingentes do exército de Bar Kokhba. Encontraram moedas e documentos escritos,
entre eles um fragmento do rolo de Êxodo (13:1-16) e outro que continha partes do
salmo 15. Achados em Khirbet MirdEm 1950, alguns membros da tribo de beduínos
Táamireh acharam material manuscrito de grande interesse em Khirbet Mird, mosteiro
cristão em ruínas sobre o cume cônico localizado 4 km a noroeste do mar de Sabá. Uma
expedição belga realizou buscas posteriores em fevereiro e março de 1953. Na
totalidade, os achados incluem fragmentos de papiro de cartas confidenciais em árabe,
um fragmento da Andrômaca de Eurípides e vários textos bíblicos em grego e siríaco.
Os textos gregos incluem fragmentos de Marcos, João e Atos dos Apóstolos. Entre os
escritos em siríaco estão fragmentos de Josué, Lucas, João, Atos dos Apóstolos e
Colossenses. Todos datam dos séculos VII e VIII da era cristã.
Ver tb: Js 12:3, Js 15:2, Js 15:5, Js 18:19
4467 - ROMA, capital do Império Romano e uma das cidades mais famosas do mundo,
foi fundada às margens do rio Tibre no ano 753 a.C. Em breve espaço de tempo,
estendeu-se até cobrir sete colinas: a Capitolino, a Palatino, a Aventino, a Célio, a
Esquilino, a Viminal e a Quirinal. O Foro romano estava localizado entre as colinas
Palatino e a Capitolino, e era o centro de interesse comercial, cívico e cultural dos
romanos. Os melhores templos, palácios, circos, balneários, monumentos, anfiteatros e
edifícios do governo estavam nos arredores do Foro. Toda a vida romana centralizavase
ali, e todas as ruas saíam do marco dourado localizado no Foro. Paulo, Lucas, Pedro
e outros grandes cristãos devem ter visitado o Foro com freqüência. É provável que
nesse local Paulo tenha sido sentenciado à morte. Mas as guerras, os terremotos, os
incêndios e a passagem do tempo converteram em ruínas essas antigas estruturas, e o pó
dos séculos cobriu-as. No ano 357 d.C., Marcelino Amiano descreveu de maneira vívida
o então intacto esplendor de Roma, e afortunadamente essa descrição foi preservada
para a posteridade. Já no século XVI, foram efetuadas escavações em Roma, e nos
séculos XVII e XVIII, mais escavações foram realizadas. Biondi começou seu trabalho
em 1817, e De Rossi, em 1853. A Comissão Pontificial de Arqueologia Sagrada tomou
para si a tarefa e a tem continuado até o presente. Quem hoje visita Roma tem apenas
uma pálida idéia da suntuosidade original da Cidade Eterna, mas o Foro e as ruínas de
seus principais edifícios, monumentos e demais lugares importantes encontram-se à
vista e são fáceis de estudar.O Foro (73 x 210 m), com toda sua tradição histórica, foi
testemunha do julgamento e morte de Júlio César e do discurso de Marco Antônio. O
Coliseu, que cobre uma extensão de 2,5 ha, é a estrutura onde 50 a 60 mil espectadores
assistiam aos cristãos serem lançados às feras. Na colina Palatino, estavam os palácios
dos imperadores e o ruinoso templo de Júpiter. Pode-se observar os contornos do Circo
Máximo, onde 250 mil pessoas assistiam às corridas. O arco de Tito exibe a vívida
escultura em relevo desse general e seus soldados transportando as vasilhas sagradas
quando regressavam de Jerusalém. O arco de Constantino relata o grande acontecimento
de 313 d.C., quando Constantino proclamou o cristianismo religião oficial do império.
Muitos outros lugares são hoje de sumo interesse, entre eles o antigo relógio de água
utilizado para marcar as horas e os dias em que Paulo esteve em Roma. Em 1941,
durante as escavações em Óstia, o porto de Roma, foi encontrada na desembocadura do
Tibre uma inscrição, indicando que, no princípio do reinado de Tibério, em 14 d.C.,
Roma contava com uma população de 4100000 habitantes. A evidência tradicional e
literária proveniente de líderes e escritores eclesiásticos de 95 a 326 d.C. e as muitas
pinturas e inscrições em tumbas cristãs indicando que Pedro e Paulo foram mártires têm
levado muitos arqueólogos e especialistas a concluir que os dois grandes apóstolos
sofreram martírio em Roma durante o reinado de Nero. De todas as descobertas dentro e
nos arredores de Roma, a mais interessante para cristãos e judeus foi a das catacumbas,
situadas junto aos caminhos na periferia da cidade, mas nenhuma delas está a mais de 5
km distante dos muros da cidade. A origem das catacumbas representa uma das fases
mais singulares e misteriosas da história. Para começar, as catacumbas eram canteiros
de extração de areia, utilizadas pelos que procuravam areia para construção. O solo, em
uma extensão de muitos quilômetros ao redor de Roma, é composto de pedra calcária,
formada de cinzas vulcânicas e de areia suficientemente derretida para tornar possível às
partículas unirem-se entre si. Quando se descobriu que esse material era excelente para
construção, foram cavados muitos túneis subterrâneos para obtê-lo. Não demorou para
surgir o conflito entre a nova igreja e o antigo Império Romano. O Império Romano era
o mais vasto e poderoso da época de Cristo. Geralmente, o império tolerava todas as
religiões, mas a obstinação dos cristãos em não querer jurar lealdade ao imperador
trouxe como conseqüência perseguições e mais perseguições. Os cristãos foram
acusados de ser insociáveis e excêntricos e passaram a ser odiados e considerados
inimigos da sociedade. Todavia, eram modestos e simples no vestir e rigidamente
morais em sua conduta e negavam-se a assistir aos jogos e festividades. Alguns cristãos
inclusive censuravam os que vendiam alimentos para os animais que seriam sacrificados
aos deuses pagãos. O povo chegou a temê-los, já que não queriam que a ira dos
deuses se acendesse devido ao fato de os cristãos se negarem a render-lhes sacrifícios.
Se as colheitas fracassavam, o rio Tibre transbordasse ou houvesse epidemias, o povo
gritava: “Aos leões com os cristãos!”. Estes, porém, eram bondosos com todos os que
tinham problemas e cuidavam dos enfermos quando havia epidemia, enquanto os
demais fugiam. Para provar a lealdade dos homens, o governo romano exigia que todos
se apresentassem em certos lugares públicos para queimar incenso em honra do
imperador. Os cristãos consideravam isso um ato de adoração ao imperador e negavamse
a fazê-lo. As autoridades começaram a observar essa atitude e passaram a castigá-los,
inclusive com a morte. Os cristãos buscaram refúgio nas cavidades secretas dos túneis
subterrâneos dos canteiros de areia. Ali ampliaram os túneis e construíram habitações,
capelas e sepulturas. As catacumbas imediatamente converteram-se no único refúgio
seguro para eles. Ali viviam, adoravam a Deus e eram enterrados. Seus cânticos,
orações e cultos santificaram as catacumbas, que se converteram no berço do
cristianismo ocidental. Elas foram descobertas e começaram a ser escavadas no século
XVI, porém mais intensamente a partir de 1950. Nossos conhecimentos sobre essas
cidades subterrâneas é incompleto, devido ao fato de existirem muitas delas e de serem
muito extensas. Todavia, tem-se acumulado, graças a elas, uma grande quantidade de
informações. Cerca de 6 milhões de pessoas estão enterradas em sessenta catacumbas,
aproximadamente, sendo 54 cristãs e seis judias. Cada uma delas tem uma entrada
muito bem escondida, da qual parte uma escada que desce até os túneis e galerias
subterrâneas. Estas ramificam-se em ângulos retos umas com as outras, criando uma
rede de túneis e ruas com uma capela em alguns lugares. Algumas têm até quatro níveis,
cada um conectado aos demais por uma escada. Em cada um desses níveis há um
imenso labirinto de estreitos túneis, tantos que, se todos os túneis de todas as
catacumbas fossem emendados em linha reta, se estenderiam por cerca de 940 km. Ao
longo das paredes das galerias ou em túneis sem saída, há cristãos enterrados em
sepulturas nas paredes (nichos). Cada tumba está fechada com ladrilhos ou com uma
lousa de mármore, na qual aparece o nome do defunto. Muitas vezes, as paredes e o teto
dos cubículos estão adornados com pinturas de personagens ou cenas bíblicas, tais como
Moisés golpeando a rocha, Davi, Daniel, os três jovens hebreus, Noé e Jonas. Cada caso
representa um livramento mediante a intercessão miraculosa de Deus. Em alguns casos,
vê-se o retrato da pessoa falecida. Em 1853, De Rossi encontrou um cubículo fechado
por uma lousa de mármore, sobre a qual estavam gravadas estas palavras: “Marco
Antônio Rastuto fez este sepulcro para si mesmo e para os seus que confiam no
Senhor”.
Arco de Tito em Roma.

A prisão Mamertina, no Fórum (Roma).

Ver tb: At 2:10, At 18:2, At 19:21, At 23:11, At 28:16, Rm 1:7, 2Tm 1:17
4468 - SAFADE, ou Zefate, era uma das quatro “cidades santas” dos judeus,
supostamente a cidade à qual Cristo se referiu quando disse: “Não se pode esconder
uma cidade construída sobre um monte” (Mt 5:14). Safade ergue-se orgulhosamente ao
redor do cume do monte Safade, 36 km a noroeste de Tiberíades e 1037 metros acima
do mar da Galiléia. Dentro da cidade, há ruas estreitas, empinados trechos de escadarias,
casas branqueadas com varandas extensas e sinagogas nas quais aparecem misteriosos
sinais cabalísticos. O lugar está rodeado de extensos olivais e vinhas frutíferas. Em dias
claros, é possível contemplar da cidade, na altiplanície, grande parte da alta e da baixa
Galiléia e o mar da Galiléia. Nos dias de glória dos reinos de Israel e Judá, a cidade
tornou-se conhecida como Isafete ou Zefate, que quer dizer o “lugar de atalaia”, já que
nela acendiam um farol para anunciar a saída da lua nova. O acontecimento era
proclamado primeiro em Jerusalém, no monte das Oliveiras, e em seguida se repetia de
ponto alto a ponto alto, até o farol de Safade servir de sinal a todo o norte da Palestina.
Safade provoca uma atitude de reverência no coração dos judeus. A cidade foi um dos
refúgios dos antigos rabinos depois da queda de Jerusalém e da amarga derrota de Bar
Kokhba em Bittier, no ano 132 d.C. Como refúgio de eruditos, a cidade converteu-se no
centro de uma grande escola talmúdica e em reduto de saber judaico e cabalístico. É
inclusive provável que o famoso Midrash ha zohar, o Livro do esplendor (a bíblia da
cabala), atribuído a Simão ben Yochai, tenha sido compilado nesse lugar por um rabino
espanhol em torno de 160 d.C. Também foi o lugar de residência de Joseph Caro, autor
do Ahulchan aruch, a última codificação da lei judaica. Seu aluno, o rabi Jacob Berov,
tratou de restabelecer a Palestina como centro da ordenação rabínica. A poesia judaica
viu seu renascimento em Safade, onde Alkabetz escreveu o famoso hino para a véspera
do dia de repouso: Vem, meu amigo, conhecer a desposada, uma canção sobre a
reconstrução de Sião. Safade foi fortificada pelos cruzados no século XII, mas foi
retomada dos cruzados por Saladino em 1118. Mais tarde, os templários a recapturaram
e a retiveram durante 26 anos. No século XVI, Safade converteu-se no centro da
imigração judaica proveniente da Espanha e em ponto de reunião para o estudo da
cabala. Em 1578, os rabinos instalaram ali a primeira imprensa da Palestina. Em 1607,
calcula-se que havia em Safade trezentos rabinos, dezoito universidades rabínicas e 21
sinagogas. Devido ao fato de abrigar essas grandes escolas rabínicas, Safade alcançou
entre os judeus a alta distinção de converter-se em uma das quatro cidades santas de
Israel. Em certa época, os místicos judeus de Safade foram especialmente proeminentes.
E seu livro sagrado, o Zohar, estabelecia que o Messias apareceria primeiro na alta
Galiléia. Isaque Lúria destaca-se como gigante e gênio de todos eles, talvez a figura de
maior destaque da lenda de Safade. Foi o sonho desses místicos que tornou possível o
movimento messiânico, que teve seu estranho cumprimento no Shabbathae Zevi.
Também produziu seus frutos em anos mais recentes, quando o moderno sonho de
regressar à Palestina começou a agitar o coração dos judeus. Em 1765, houve um
terremoto em Safade, no qual pereceu a maioria de seus habitantes. Mais tarde, a
população foi restabelecida, e em princípio do século XIX a cidade abrigava 4 mil
judeus. Infelizmente, ocorreu em 1836 outro desastroso terremoto, que mais uma vez
acabou com a vida de parte da comunidade. Desde essa catástrofe, o povoado caiu de
seu orgulhoso pedestal judaico, e só em décadas recentes começou a florescer outra vez
sob o governo israelense.
4469 - SAMARIA, capital do Reino do Norte (Israel), estava localizada em uma colina
de 91 m de altura, 67 km ao norte de Jerusalém. O lugar foi escavado nos anos de 1908
a 1910 pelos drs. G. A. Reisner e Clarence S. Fisher, da Universidade de Harvard, e
outra vez de 1931 a 1933 e em 1935 por J. W. Crowfoot. O primeiro nível de ocupação
importante (I e II) pertencia à época do rei Onri e de seu filho Acabe. Onri havia
adquirido a colina e edificou nela sua capital (1Rs 16:24). Acabe edificou um palácio
ainda mais grandioso para sua nova esposa, Jezabel, e para si mesmo. Os escavadores
desenterraram os fundamentos do palácio de Onri e os fundamentos e as ruínas ainda
maiores do palácio de Acabe, no cume da colina de Samaria. Na parte interior do muro
norte do palácio, foram encontrados milhares de fragmentos de marfim, muitos deles
arruinados pelo fogo. Cerca de trinta ou quarenta desses marfins foram recuperados em
excelente estado de conservação. Em alguns, estavam representados o loto, os leões, as
esfinges e os deuses Ísis e Hórus, o que indica a forte influência do Egito sobre Israel
nessa época. A coleção de marfins incluía peças talhadas de grande variedade, tanto em
tamanho quanto em estilo. Algumas eram torneadas, outras eram placas em baixorelevo,
outras ainda eram silhuetas ou “trabalhos de perfuração”. Algumas peças haviam
sido lavradas para receber incrustações em cores. Outras foram recobertas de ouro ou
apresentavam incrustações de lápis-lazúli. Essas peças, segundo deduziram os
escavadores, estavam originariamente incrustadas no trono, nas camas, nos divãs, nas
mesas, nos armários e talvez nas paredes entre as colunas e no teto do palácio. Esses
achados dão solidez ao relato de 1Reis 22:39, que menciona a casa de marfim
construída por Acabe — residência que edificou para si mesmo e sua fastidiosa rainha
— como uma das proezas desse rei. Também confirmam o sermão do profeta Amós,
que diz: “Ai de vocês que vivem tranqüilos em Sião, e que se sentem seguros no monte
de Samaria [...] Vocês se deitam em camas de marfim e se espreguiçam em seus sofás
[...] as casas enfeitadas de marfim serão destruídas, e as mansões desaparecerão, declara
o Senhor” (Am 6:1,4; 3:15). No extremo norte do pátio do palácio de Acabe, os
escavadores encontraram um tanque de água feito de cimento, provavelmente, segundo
dedução dos escavadores, o “açude [ou tanque] de Samaria” no qual foi lavado o
ensangüentado carro de guerra de Acabe (1Rs 22:38). Dentro de um dos armazéns do
palácio, foram recuperados os famosos óstracos de Samaria, que consistiam de várias
centenas de restos de cerâmica inscritos com tinta. Sessenta e três deles continham
escritura bastante legível em hebraico antigo, e todos são apontamentos referentes a
pagamentos de impostos em azeite e vinho enviados por indivíduos às despensas do
palácio real. Alguns desses mordomos tinham nome bíblico, como Acaz, Sabá, Nimshi,
Abinoão e Gômer.
Ver tb: 1Rs 16:24, 1Rs 16:29, 1Rs 20:1, 1Rs 20:17, 1Rs 22:37, 2Rs 1:2, 2Rs 6:19, 2Rs
10:12, 2Rs 10:36, 2Rs 14:14, 2Rs 14:23, 2Rs 15:17, 2Rs 15:23, 2Rs 17:1, 2Rs 17:5, 2Rs
17:24, 2Rs 17:26, 2Rs 18:9, 2Cr 22:9, 2Cr 25:24, 2Cr 28:8, Ed 4:10, Ed 4:17, Is 7:9, Is
8:4, Is 36:19, Jr 41:5, Ez 16:46, Ob 1:19, Mq 1:6, Lc 17:12, Jo 4:4, At 8:1, At 8:5, At
8:14, At 9:31, At 15:3
4470 - SARDES é uma das sete cidades às quais o livro de Apocalipse foi dirigido. Era
a capital do famoso reino da Lídia. Situava-se cerca de 80 km a leste de Esmirna, no
lado sul do fértil vale do Hermus, onde o rio Pactolus sai das montanhas Tmolus. Seus
vastos pomares, suas indústrias, suas fábricas de jóias e a grande riqueza derivada do
ouro extraído das areias do rio Pactolus transformaram-na em uma das cidades mais
ricas e poderosas do mundo antigo. Afirma-se que em Sardes foram cunhadas as
primeiras moedas do mundo. Creso, seu célebre governador do século VI a.C., era tão
fabulosamente rico que o povo costumava dizer: “Tão rico quanto Creso”. Sardes foi
capturada por Ciro em 546 e por Alexandre, o Grande, em 334 a.C. Mais tarde, foi
destruída por um terremoto. Os romanos a reconstruíram, e no século I d.C. foi
convertida ao cristianismo. A cidade sobreviveu até que Tamerlão arrasou o país, em
1402, e destruiu quase completamente o lugar. Só uma pequena aldeia chamada Sart
permanece, próximo do local da antiga cidade. As escavações em Sardes começaram
pela Universidade de Princeton, sob a direção do professor H. C. Butler, em 1909 e
continuaram por cinco temporadas até serem interrompidas pela Primeira Guerra
Mundial. Foram reiniciadas em 1958 pelas Universidades de Cornell e Harvard, em
cooperação com as Escolas Americanas de Investigação Oriental, sob a direção dos
professores Haufman e Detwiler. Até o momento, os achados incluem muros, portas,
estátuas, inscrições, moedas, frascos de ungüento, muita alvenaria, candeeiros e cabeças
de leão de bronze, um ginásio, dois cemitérios, a acrópole e edifícios bastante
impressionantes. Um deles foi uma sinagoga de 18 m de largura por 83 m de
comprimento. O mais impressionante dos edifícios, porém, é o templo de Artemis, a
deusa símbolo da natureza frutífera e irmã gêmea de Apolo. Na região, era chamada
algumas vezes Cibele. Esse templo em sua honra foi reconstruído no século IV a.C. e
deve ter tido uma estrutura esplêndida, de 50 x 100 m. A “via sagrada”, que conduzia à
entrada, era flanqueada por leões agachados.Muitos habitantes de Sardes converteramse
ao cristianismo no século I, e uma igreja florescente desenvolveu-se na cidade. Foi
censurada, ou pelo menos recebeu de Jesus Cristo vários conselhos construtivos muito
diretos, por meio de João, o Teólogo: “Conheço as suas obras; você tem fama de estar
vivo, mas está morto. Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer...”
(Ap 3:1-6). O conselho deve ter sido bem recebido, porque os escavadores encontraram
o sinal da cruz talhado em muitos lugares do templo, indicando que os cristãos haviam
assumido o controle deste e o convertido em igreja cristã, conforme faziam
freqüentemente com templos do Egito e de outros lugares. Por volta do século IV, o
templo-igreja caiu em desuso, e os cristãos edificaram uma pequena estrutura para a
igreja cristã no ângulo sudeste do templo. Era uma estrutura de ladrilho ainda em
esplêndido estado de conservação quando a desenterraram. Só o teto havia
desaparecido. O altar permanecia no lugar. Entrava-se na igreja pela plataforma do
templo.
Complexo do ginásio de Sardes.

Ver tb: Ap 1:11, Ap 3:2
4471 - SAREPTA situa-se 13 km ao sul de Sidom, em uma pequena mas agradável
planície próxima da praia. Seu nome significa “casas de fundição”, indicando que era
um lugar de fornos, um importante centro fenício de fabricação de objetos de cristal.
Suas ruínas, tais como colunas quebradas, montes de escória e fragmentos espalhados
de edifícios, estendem-se por 1,5 km ou mais ao longo da costa. Deve ter sido uma
cidade bastante próspera nos tempos de glória, mas agora está desabitada. Há uma nova
aldeia chamada Sarepta 3 km terra adentro, resguardada pelas colinas.
Ver tb: 1Rs 17:9, Ob 1:20, Lc 4:26
4472 - SIDOM foi a primeira cidade fundada pelos fenícios, conhecida durante muito
tempo pela beleza de sua paisagem, pela fertilidade de sua planície e pela qualidade e
variedade de seus frutos. Por ser muito antiga, possui muitas ruínas, porém apenas
algumas foram escavadas. Em 1855, foram descobertas várias tumbas, e algumas
continham sarcófagos, um deles o belo sarcófago de basalto negro de Esmunanar, “rei
dos sidônios” no século V a.C. O sarcófago media mais de 2,5 m de comprimento e
tinha 990 palavras escritas na tampa. A inscrição, no idioma fenício, consistia na maior
parte de informações sobre o rei e sobre o fato de que não havia ouro em seu “leito
fúnebre”. Portanto, cairia uma maldição sobre quem, rei ou plebeu, ousasse abri-lo. Por
último, a inscrição dizia que o rei e sua família haviam erguido templos a deuses como
Astarté (Astarote), Esmúm (Dagom), Baal e Sidom. O mais famoso achado da tumba
foi um enorme e belo sarcófago de mármore, no qual estavam esculpidas duas cenas da
vida de Alexandre Magno. Uma delas é uma caça ao leão da qual Alexandre toma parte.
A outra é uma cena de batalha. Nela, os cavalos, os ginetes e os lacaios são retratados
em cor semitransparente. Foi bem esculpida, não ocultando o brilho do mármore
natural. Tanto a escultura quanto a pintura são obras-primas gregas, e o sarcófago é
considerado um dos melhores até hoje descobertos, sendo chamado “o grande sarcófago
de mármore de Alexandre”, apesar de provavelmente conter o corpo de um alto
funcionário de Alexandre ou de um governador ou mandatário de Sidom. Todavia, o
principal interesse arqueológico de Sidom concentra-se nos fragmentos de mosaicos no
norte, na colina de milhões de conchas quebradas de múrice (das quais se extraía a
púrpura) no sudoeste, no famoso cemitério da planície, na direção sudeste, e nas
enormes ruínas de um castelo dos cruzados. Ernest Renan, erudito francês, fez
escavações em 1860, porém fez pouco mais que “traçar um mapa da cidade dos
mortos”, desenterrar velhas moedas e efetuar outras descobertas de menor importância.
Renan manifestou a suspeita de haver chegado “cinqüenta anos atrasado”.
Ver tb: Gn 10:19, Gn 49:13, Js 13:6, Js 19:28, Jz 1:31, Jz 10:6, Jz 18:28, 1Rs 17:10, Is
23:2, Is 23:4, Is 23:12, Jr 25:22, Jr 27:3, Jr 47:4, Ez 27:8, Ez 28:22, Jl 3:4, Zc 9:2, Mt
11:21, Lc 6:18, At 27:3
4473 - SILÓ, hoje chamada Seilum, situa-se 16 km ao norte de Betel, e “a leste da
estrada que vai de Betel a Siquém” (Jz 21:19). Foi onde Israel montou o Tabernáculo
pouco depois de entrar em Canaã e onde o jovem Samuel ministrou diante do Senhor,
tornando-se o primeiro de uma longa linha de profetas hebreus. “Em confirmação à sua
profecia, os filisteus derrotaram a Israel por volta de 1050 a.C., capturaram a arca da
aliança e deixaram o povoado sumir na insignificância. Finalmente, um incêndio
reduziu-o à cena de desolação descrita por Jeremias” quase 450 anos mais tarde: “Vão
agora a Siló, o meu lugar de adoração, onde primeiro fiz uma habitação em honra ao
meu nome, e vejam o que eu lhe fiz por causa da impiedade de Israel, o meu povo” (Jr
7:12).As escavações dinamarquesas em Siló (1922, 1926, 1929 e 1931), sob a direção
do dr. Aage Smith, revelaram restos que datam dos séculos XII a XI a.C., mas nada se
achou do período entre 1050 e 300 a.C. Isso está de acordo com o registro bíblico,
segundo o qual Siló foi destruída pelos filisteus após a batalha de Ebenézer e a captura
da arca (1Sm 4:10,11). No extremo norte do montículo, foi encontrado um quadrângulo
lavrado em pedra, de 22 x 122 m. Concluiu-se que era seguramente o local do antigo
Tabernáculo, onde Samuel dormia quando escutou a voz do Senhor chamá-lo. Mais
tarde, porém, descobriu-se que as ruínas correspondiam ao período bizantino (323-636
d.C.), e a conclusão foi que os cristãos haviam edificado uma grande igreja no local em
que fora erguido o Tabernáculo e o santuário dos hebreus. Os eruditos palestinos estão
convencidos de que “tudo que foi encontrado pelos dinamarqueses em Siló concorda
exatamente com o que está registrado no AT”. Escavações futuras poderão revelar o
local exato e os fundamentos do santuário e do Tabernáculo — se é que a estrutura
cristã não foi edificada sobre eles.
Ver tb: Js 18:1, Js 18:8, Js 18:9, Js 19:51, Js 21:2, Js 22:9, Js 22:12, Jz 18:31, Jz 21:12,
Jz 21:19, Jz 21:21, 1Sm 1:3, 1Sm 1:9, 1Sm 2:14, 1Sm 3:21, 1Sm 4:3, 1Rs 2:27, 1Rs
14:2, 1Rs 14:4, Sl 78:61, Jr 7:12, Jr 26:6
4474 - SILOÉ. O tanque de Siloé, para onde Jesus enviou o cego a fim de que este
fosse curado, está localizado no vale de Tiropeão, no extremo inferior do canal
subterrâneo de Ezequias (túnel de Siloé). O canal trazia água até a cidade desde o
manancial de Giom (ou da Virgem). “As águas de Siloé, que fluem mansamente” (Is
8:6) é uma referência a essas águas, que corriam através do túnel de 530 m até o tanque
chamado Siloé, do outro lado do Cedrom. O tanque era utilizado com muita freqüência
pelos habitantes de Jerusalém, que o consideravam sagrado. O Fundo de Exploração
Palestina empreendeu escavações no lugar em 1896 e 1897 e delineou 34 degraus que
desciam até o tanque. A parte principal da escada foi construída de pedras duras e bem
ajustadas, postas sobre um leito de lascas de pedra e de argamassa de cal, mas a outra
porção dos degraus estava cortada em rocha natural, e as marcas estavam “bem gastas
pela passagem de muitos pés”. O contorno do antigo tanque demonstra que era duas
vezes maior que o atual. Os escavadores também encontraram as bem conservadas
ruínas do edifício abobadado de uma igreja construída ali pela imperatriz Eudóxia no
século V e de um mosteiro edificado no século XI. A torre de Siloé que ruiu e matou
dezoito pessoas ficava nessa área (Lc 13:4), mas não foram encontrados vestígios
definitivos dela.
Inscrição nas paredes do túnel do rei Ezequias (Siloé).

O poço de Siloé.

Ver tb: Ne 3:15, Lc 13:4, Jo 9:11
4475 - SIQUÉM situa-se perto da moderna aldeia de Balata, ao norte da estrada, no
formoso vale situado entre os montes Ebal e Gerizim. Foi o primeiro lugar que Abraão
visitou na Palestina (Gn 12:6,7). Jacó e sua família vieram a Siquém, ergueram um altar
e cavaram um poço (Gn 33:18-20). Os irmãos de José apascentaram ali seus rebanhos, e
os ossos de José foram enterrados nesse lugar (Js 24:32). Em Siquém, Josué reuniu as
tribos de Israel, Roboão foi coroado, a monarquia foi dividida e Jeroboão estabeleceu
sua residência real (1Rs 12:1). Carl Watzinger conduziu escavações no lugar pela
primeira vez no período de 1907 a 1909, e mais tarde Ernest Sellin deu prosseguimento
a elas, em 1913 e 1934. A partir de 1956, o trabalho de escavação vem sendo realizado
pela Expedição Arqueológica Drew-McConnick, sob a direção do dr. G. Ernest Wright,
e por outros. Muitos recursos têm sido empregados na escavação da cidade, e muitos
jovens arqueólogos recebem treinamento nesse lugar. Muitos arqueólogos veteranos,
como o dr. O. R. Sellers, o dr. Bull e outros, ajudaram o dr. Wright. Foram encontrados
templos, portas e um grande número de peças de alvenaria, ferramentas, moedas e
objetos menores. E grande parte da história — secular e bíblica — vem sendo
confirmada. Os escavadores encontraram restos de um grande muro da Idade do Bronze
Médio (época de Abraão e Jacó) e nele uma porta, com toda probabilidade a mesma
para onde Hamor e seu filho Siquém se dirigiram a fim de consultar os principais
homens da cidade acerca das relações com Jacó e o povo deles (Gn 34:20-24). Dentro
da cidade, havia um sólido edifício com paredes de 5 m de espessura que cercavam uma
superfície de 10 x 12 m. Duas fileiras de colunas sustentavam o teto e possivelmente um
segundo piso. A entrada dava para o sudeste, e tudo indica que era flanqueada por duas
torres providas de torrezinhas. A estrutura foi edificada durante a Idade do Bronze
Tardio e ainda existia no período dos juízes. Era sem dúvida a “torre de Siquém”, que
Abimeleque queimou com “cerca de mil homens e mulheres” da cidade, que se haviam
refugiado ali (Jz 9:46-49). Perto de Siquém foi desenterrado um grande templo,
identificado como o de Baal-Berite.
Ver tb: Gn 12:6, Gn 33:18, Gn 37:12, Js 20:7, Js 24:1, Js 24:25, Js 24:32, Jz 9:23, Jz
9:41, Jz 21:19, 1Rs 12:1, 1Rs 12:25, 1Cr 7:28, 2Cr 10:1, Sl 60:6, Sl 108:7, Jr 41:5, Jo
4:6, At 7:16
4476 - SODOMA E GOMORRA. A maioria dos peritos acredita que as ruínas dessas
cidades, se é que existe alguma, estão submersas nas águas opacas e pouco profundas do
mar Morto, ao sul da península de Lisam. Todas as tradições locais preservadas pelos
naturais do país favorecem essa localização. Josefo declara que o mar Morto se estendia
de Jericó a Zoar (Guerras dos judeus, IV. viii.4). Eusébio, historiador cristão do século
IV, confirma a declaração de Josefo e acrescenta que havia uma guarnição romana no
lugar. Também o mapa de mosaicos encontrado na igreja grega de Medeba, que data do
século V ou VI, situa Zoar no ângulo sudeste do mar Morto. Em 1924, uma expedição
conjunta do Seminário Teológico Pittsburgh-Xenia e das Escolas Americanas de
Investigação Oriental, liderada pelos drs. Albright e Kyle, explorou o território no
extremo sul do mar Morto, para determinar a localização de Sodoma, Gomorra e Zoar.
A expedição encontrou as ruínas de uma Zoar dos períodos árabe e bizantino. Os
membros da expedição, porém, deduziram que o local ocupado pela Zoar mais antiga
havia submergido em razão da subida constante do mar Morto. Jebel Usdum (monte
Sodoma), elevação de sal cristalino de 8 km de comprimento e 91 m de altura ao longo
da costa sudoeste do mar Morto, é denominada assim com base na crença de que
Sodoma ficava perto dali. Acerca das ruínas de Sodoma e Gomorra, o dr. George Adam
Smith comenta: “Aqui ocorreu a cena do julgamento mais terrível do pecado humano. O
resplendor de Sodoma e Gomorra reflete-se ao longo da história das Escrituras. É a
pauta popular do juízo do pecado. A história é contada em Gênesis e aplicada em
Deuteronômio e em Lamentações, bem como por Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel e
Sofonias. Nosso Senhor emprega-a mais de uma vez como ilustração do castigo com
que ameaçava as cidade em que a Palavra era pregada em vão, e sentimos que a chama
queima nossas faces (Mt 10:15; 11:24; Lc 10:12; 17:29). Paulo, Pedro e Judas fazem
menção desse acontecimento. No Apocalipse, a “grande cidade” é chamada
espiritualmente Sodoma. Mesmo que o fulgor da catástrofe ainda queime, as ruínas
deixadas por ela desapareceram”.
Ver tb: Gn 10:19, Gn 13:13, Gn 14:2, Gn 14:8, Gn 14:11, Gn 14:17, Gn 18:20, Gn
19:24, Gn 19:28, Dt 32:32, Is 1:9, Is 3:9, Is 13:19, Jr 20:16, Jr 23:14, Jr 49:18, Jr 50:40,
Lm 4:6, Ez 16:46, Am 4:11, Sf 2:9, Mt 10:15, Mt 11:23, Mc 6:11, Lc 10:12, Lc 17:29,
Rm 9:29, 2Pe 2:6
4477 - SUSÃ, situada 320 km a leste da Babilônia, era a capital do antigo Elão
(Susiana), e mais tarde foi a capital de inverno dos reis persas. Destacou-se como
cenário de muitos acontecimentos bíblicos nos tempos de Daniel, de Neemias, da rainha
Ester e do rei Assuero (Xerxes). Os franceses começaram as escavações em 1852, sob a
direção de W. K. Loftus. Reiniciaram-nas em 1884, com M. Dieulafoy, e a tarefa
continua, sob a direção de Jaques Morgan e outros. As ruínas estão divididas em quatro
seções e cobrem uma superfície de cerca de 1985 ha — portanto, talvez nunca seja
completamente escavada.Dieulafoy, ajudado pela esposa, descobriu a fortaleza do
palácio que o autor do livro de Ester chama “a cidadela de Susã”, que cobria uma
superfície de 50 ha e fora levantada à grande altura por sobre a cidade circundante. Era
constituída da sala do trono, do “palácio real” e do “harém”, junto com os pátios interior
e exterior, o jardim do palácio, pilares, escadas, terraços e várias passagens abobadadas.
A sala do trono era um grande salão hipostilo que cobria quase 0,5 ha de terreno. A sala
possuía 36 colunas — seis fileiras de seis colunas cada uma — com capitéis talhados
em forma de touros ajoelhados, espáduas com espáduas, e compridas vigas de cedro-dolíbano
que atravessavam a grande distância entre os maciços suportes. Para esse local
vinha o rei quando “reinava em seu trono”, e ali eram celebrados os banquetes e
acontecimentos sociais do Estado, tais como o prolongado banquete descrito no
primeiro capítulo do livro de Ester. O piso da sala do trono era “de mosaicos de pórfiro,
mármore, madrepérola e outras pedras preciosas”, tal como descrito no livro de Ester.
Sobre essa superfície de mármore caminhou a formosa rainha Ester quando, arriscando
a própria vida, se aproximou do trono de reposteiro carmesim e parou justamente diante
do tapete sobre o qual somente os pés do rei podiam caminhar, para interceder pela vida
de seu povo.Diante da grande sala do trono sustentada por colunas, estavam os jardins
do palácio por onde o rei caminhou enquanto refletia sobre as perversas obras de Hamã.
Perto dali, localizavam-se as ruínas do “palácio do rei” e do “harém” ou “casa das
mulheres”. Eram casas separadas, porém contíguas. Mais à frente, ficava a “porta do
palácio real”, onde se sentava Mardoqueu, o judeu. E, entre os escombros, Dieulafoy
encontrou um prisma (dado) quadrangular sobre o qual estavam gravados os números
um, dois, cinco e seis. Com esse “dado” (pur) eles lançavam sortes. “Lançaram o pur”
explica para os judeus como Hamã lançou sortes a fim de fixar a data da destruição dos
judeus.Todas essas descobertas causaram impressão tão profunda em Dieulafoy que ele
fabricou um modelo em escala do grande palácio que fora palco de muitos
acontecimentos do livro de Ester e o colocou no Museu do Louvre, em Paris. Com a
reconstituição, qualquer pessoa pode localizar com facilidade a “porta do palácio real”,
onde Mardoqueu se sentava, o “pátio interno do palácio”, onde Ester compareceu sem
ser convidada pelo rei, o “pátio externo do palácio”, onde Hamã veio pedir ao rei que
Mardoqueu fosse enforcado, e o “jardim do palácio”, onde o rei foi meditar e tentar
aplacar sua ira contra Hamã. Assim, foi possível restaurar os contornos estruturais do
palácio e obter um conhecimento mais preciso dos muitos fatos ocorridos ali, além de
apreciar a maravilhosa exatidão do livro de Ester.Em 1901, os homens de Morgan
desenterraram três fragmentos de diorito negro “que, reunidos, formaram uma
impressionante estela de 2,26 m de altura, redonda na parte de cima. Constatou-se que
se tratava das leis de Hamurábi. No extremo superior do monumento, há um baixorelevo
que mostra Shamash, o deus-sol, no ato de entregar as leis ao rei Hamurábi.
Abaixo da escultura, aparece o longo código inscrito em cuneiforme, comportando
cerca de 282 estatutos escritos em 3 mil linhas. Desses estatutos, 248 permanecem em
muito bom estado de conservação. Porém, cinco a sete colunas no final da parte da
frente foram apagadas em algum momento anterior à sua descoberta. Pere Jean Vincent
Scheil, brilhante assiriólogo francês, traduziu e publicou o código em três meses,
imediatamente reconhecido como um dos documentos jurídicos mais importantes da
Antiguidade que chegaram até nós.As leis são precedidas por um longo prólogo, no qual
Hamurábi honra os deuses do país. Hamurábi representava a si mesmo como pastor e
“um príncipe piedoso e temente a deus”, que mandou a estela ser gravada e colocada em
lugar público “para que o forte não oprimisse o débil” e para que a justiça “prevalecesse
no reino”. As leis de Hamurábi eram válidas para todos os povos de seus domínios, para
o homem comum e para os juízes que tinham de decidir os casos pela lei. Observe-se a
tranqüilizadora súplica no prólogo: “Que qualquer homem oprimido que tenha causa
justificada venha à presença de minha estátua, o rei de justiça, e então leia
cuidadosamente minha estela inscrita, e preste atenção às minhas preciosas palavras, e
possa minha estela esclarecer seu caso, para que possa ele compreender sua causa e
aliviar sua preocupação”.No código que se segue está a legislação que rege quase todos
os aspectos da vida diária, com exceção do que era considerado religioso.A descoberta
do cilindro foi de extraordinária importância para toda a humanidade, mas
especialmente para os estudiosos da Bíblia. Em primeiro lugar, o código era a evidência
que apoiava a autenticidade da Lei de Moisés. Alguns críticos haviam afirmado que a
arte da escritura e a ciência da lei eram desconhecidos nesse período recuado da
história. Mas agora era apresentada a evidência indiscutível de que elas eram bem
conhecidas muitos séculos antes de Moisés. Em segundo lugar, há semelhanças e
paralelos surpreendentes entre os estatutos de Hamurábi e os de Moisés no Livro da
Aliança. Por exemplo, ao citar a lei por danos pessoais, o estatuto 206 de Hamurábi diz:
“Se um homem fere outro acidentalmente em uma briga com uma pedra ou com seu
punho e este não morrer, mas cair de cama [...] aquele que o feriu o indenizará pelos
dias que ficou sem poder trabalhar e providenciará sua cura”. A Lei de Moisés para a
mesma ofensa diz: “Se dois homens brigarem e um deles ferir o outro com uma pedra
ou com o punho e o outro não morrer, mas cair de cama, aquele que o feriu será
absolvido, se o outro se levantar e caminhar com o auxílio de uma bengala; todavia, ele
terá que indenizar o homem ferido pelo tempo que este perdeu e responsabilizar-se por
sua completa recuperação (Êx 21:18,19)”.A semelhança entre esse e vários outros
estatutos deixou o caminho aberto para que alguns críticos eruditos propusessem a
teoria de que as leis de Moisés foram em sua maioria derivadas do código de Hamurábi.
Todavia, após um exame mais cuidadoso, os eruditos em geral abandonam essa idéia.
Constataram também, pelo resultado de outras pesquisas, que em tempos antigos havia
códigos de leis em vários países, alguns até mais antigos que o de Hamurábi. A
consciência universal dentro do homem têm-lhe dito há muito tempo que existe o
correto e o incorreto e que a justiça é o critério apropriado para o tratamento
humanitário.A Lei de Moisés é muito superior ao código de Hamurábi ou a qualquer
outro antigo sistema de leis, devido aos seus critérios morais, à insistência no motivo do
amor a Deus e aos homens, à exigência de tratamento mais humano para os escravos, à
valorização da vida humana e à maior consideração para com a condição da mulher.
Basicamente, porém, a Lei de Moisés é superior porque se move em um alto plano
moral e espiritual infinitamente superior aos demais códigos. Moisés ensinou sobre a
realidade do pecado na vida do homem e mostrou a responsabilidade do homem perante
Deus quanto a esse pecado. Esse é um fato que Hamurábi e os outros legisladores não
compreendiam em absoluto. O código de Hamurábi era exclusivamente civil e criminal,
enquanto a Lei de Moisés era cerimonial, religiosa e profundamente espiritual,
chegando a ser sem igual sem igual nesses aspectos entre os códigos de leis de todos os
tempos.
Vista aérea do montículo da antiga Susã, cidade da rainha Ester e do rei Assuero.
Estela do código de Hamurábi, rei da Babilônia, com 282 leis inscritas. Tem 203
cm de altura, e na parte superior há uma escultura que mostra Hamurábi
recebendo os símbolos de autoridade do deus Marduque.
Ver tb: Ne 1:1, Et 1:2, Et 2:8, Et 3:15, Et 4:8, Et 8:14, Et 9:6, Et 9:11, Dn 8:2
4478 - TAANAQUE situa-se à margem do vale do Armagedom, na metade do
caminho entre Megido e Jenim. Foi escavada entre 1901 e 1904 pelo professor Ernst
Sellin, que traçou quatro níveis do montículo. O nível mais antigo data de 2500 a 1700
a.C., aproximadamente, e mostra que era uma cidade de certa importância quando
Abraão veio para Canaã. Depois de regressar do Egito, os hebreus chegaram a apoderarse
de Taanaque (Jz 1:27), que foi uma das cidades de abastecimento durante os reinados
de Davi e Salomão (1Rs 4:12). Parece que Salomão colocou parte de seus cavalos e
carros de guerra nessa cidade, pois os escavadores encontraram fileiras de postes de
pedra com orifícios de amarração, mais tarde identificados como estábulos de cavalos.
Esses estábulos eram semelhantes aos encontrados em Megido, Gezer, Hazor e outras
cidades estratégicas da Palestina. Taanaque consta nos registros das paredes do templo
de Amom, em Tebas, como uma das cidades atacadas pelo rei Sisaque (Sheshonk I)
durante a invasão à Palestina, em 922 a.C.

TANQUE DE BETESDA (v. Betesda, Tanque de)

Ver tb: Js 12:21, Js 17:11, Jz 1:27, Jz 5:19, 1Rs 4:12
4479 - TADMOR, chamada Palmira pelos romanos, situa-se no deserto da Síria, em
um fértil oásis, 92 km a noroeste de Damasco. Foi edificada — ou mais provavelmente
reedificada — pelo rei Salomão para servir de posto avançado para o comércio e a
defesa (2Cr 8:4). Tornou-se famosa como rica alfândega através da qual passavam e
pagavam os direitos a maioria das caravanas provenientes da Mesopotâmia. Alcançou
seu apogeu de riqueza, esplendor e poder sob o governo do rei Odenathus (255-267
d.C.) e de sua esposa e sucessora, a rainha Zenóbia. Um dos relatos mais vívidos da
história é o que conta como Roma se viu tentada pela espetacular riqueza de Tadmor e
lutou pela posse da cidade, mas não pôde conquistá-la até 273 d.C.Os mais de 1,5 km de
suas magníficas ruínas de terra maravilharam os visitantes no século XIX. As mais
proeminentes eram os restos dos muros, uma coluna de pilares de pedra calcária brancorosada,
um aqueduto e o famoso templo do Sol.
Ver tb: 1Sm 16:4, 1Rs 9:18, 2Cr 8:4, Mt 2:1
4480 - TAFNES, hoje chamada Tell Defneh, situa-se no delta egípcio, perto do lago
Manzale e 14 km a oeste do canal de Suez. Após a destruição de Jerusalém, em 586
a.C., Nabucodonosor nomeou Gedalias governador do que restou de Judá. Gedalias, no
entanto, foi assassinado, e Joanã, um dos líderes do povo, temendo as represálias de
Nabucodonosor, fugiu para Tafnes com os sobreviventes do massacre, entre eles o
profeta Jeremias (Jr 40:5; 41:1-3; 43:5,7). Pouco depois, veio a palavra do Senhor a
Jeremias em Tafnes, predizendo a queda do Egito (Jr 43:8-11). Alguns críticos negaram
por muito tempo que tanto essa profecia de Jeremias quanto outras similares
pronunciadas pelo profeta Ezequiel (Ez 29:19; Ez 30:10) se tenham cumprido, já que
não se conhecia qualquer registro secular de uma invasão ao Egito por Nabucodonosor.
Essa posição mudou com a descoberta de uma tabuinha cuneiforme fragmentada, hoje
exposta no Museu Britânico. Ela declara que o rei Nabucodonosor realizou uma
campanha militar contra o Egito no trigésimo sétimo ano de seu reinado (568 a.C.).
Ainda que a maior parte da tabuinha esteja perdida — e com ela o desfecho da
campanha —, não há dúvida alguma de que a investida militar de Nabucodonosor foi
coroada de êxito, cumprindo-se assim as predições do profeta. Tafnes, mencionada na
profecia de Jeremias, foi escavada por Flinders Petrie em 1886, no montículo conhecido
pelos árabes da localidade como Palácio da Filha do Judeu. Petrie descobriu um
conjunto de plataformas em frente às ruínas de um castelo similar a uma guarnição, que
identificou como os restos da “casa do faraó”. Perto dali, alguns árabes encontraram três
inscrições cuneiformes de Nabucodonosor, mas as pedras que Jeremias escondeu ainda
não foram encontradas.
Ver tb: Jr 2:16, Jr 43:9, Ez 30:18
4481 - TEBAS, capital do alto Egito, está situada cerca 670 km ao sul da atual cidade
do Cairo. Os egípcios conheciam o lugar como Nô-Amom, ou “cidade de Amom”
porque para eles era antes de tudo o lugar de adoração a Amom, Mut, a deusa-mãe, e
Khonsu, o deus-lua. Esses três compunham a tríade tebana. O poder de Amom
aumentou quando o identificaram com o antigo deus-sol Rá, sob o nome de Amom-Rá,
o deus dos deuses. Para o mundo antigo, Tebas era o símbolo do esplendor, e hoje em
dia constitui-se no conjunto de ruínas mais grandioso e extenso que se conhece. À
semelhança da antiga Babilônia, era dividida por um grande rio, o Nilo. Na margem
oriental, estava a cidade metropolitana, a terra dos vivos — um vale amplo e fértil, com
quilômetros de ruas cheias de gente e de carruagens. Essas vias públicas estavam
repletas de moradias correspondentes ao nível social de cada família. Havia quintas da
nobreza e palácios de reis, cada qual rodeado de jardins cercados. Havia casas
comerciais e edifícios de transporte perto dos ancoradouros, aos quais subiam
mercadorias vindas da Ásia, da Grécia e do mar Egeu. Os templos, contudo,
destacavam-se entre todas as edificações. Os maiores eram o templo de Amom e o
templo de Luxor. Os dois templos estavam ligados por uma avenida calçada de 23 m de
largura e 2 km de extensão, conhecida como avenida das Esfinges. De cada lado da
avenida, havia palmeiras e belos jardins de flores e arbustos. A própria margem da
avenida estava ladeada por quase mil esfinges de cabeça humana ou de carneiro, cerca
de quinhentas de cada lado. O templo de Amom (conhecido atualmente como templo de
Carnaque) media 103 m de largura e 366 m de comprimento, o maior dentre os que
foram construídos até hoje. A edificação cobria uma superfície de 81 ha e era rodeada
por um muro de pedra que, segundo afirmam, media 24 m de altura. O templo de Luxor,
localizado no extremo sul da avenida das Esfinges, era dedicado a Amom, Mut e
Khonsu. A entrada é formada por uma parede de pilone de base larga, com 24 m de
altura e 61 m de largura, cuja fachada está coberta por “animadas cenas de batalha”, que
descrevem uma guerra ocorrida em tempos antigos. A largura total do templo era de 260
m, e no ângulo sul estava o lugar santíssimo, onde eram realizados os freqüentes e
estranhos rituais que caracterizavam a adoração a Amom, Nut e Khonsu, bem como a
outros deuses. Tebas ocidental, situada na margem oposta do Nilo, era, na maior parte, a
Cidade dos Mortos. Como a maioria dos vivos morava na Tebas oriental, quando
alguém morria era transportado em uma barca através do Nilo, onde o corpo era
preparado. Os corpos eram sepultados em tumbas, mastabas, pirâmides ou nos sepulcros
das ladeiras. A região, que é semelhante a um parque, estende-se por 5 km como um
gigantesco tapete até as proximidades dos escarpados penhascos líbios, que se erguem à
altura de várias centenas de metros. Essa necrópole, pelo espaço de muitos quilômetros,
era ocupada pelas tumbas dos nobres e dos cidadãos particulares de muitos séculos. Em
dois lugares, a Cidade dos Mortos desdobrava-se através das estreitas passagens das
montanhas, na direção das Tumbas das Rainhas, no sul, e do vale das Tumbas dos Reis,
no norte. Aqui, durante dois séculos, os arqueólogos desenterraram tumbas e profundas
fossas lavradas nos escarpados. Das tumbas encontradas, a mais rasa mede 16 m,
enquanto o túnel que conduz à tumba de Seti I adentra 143 m a ladeira da montanha.
Essa tumba tem muitas salas, e as paredes estão cobertas com impressionantes cenas
pintadas e esculpidas. Das tumbas dos reis (faraós) encontradas até o momento, a tumba
do rei Tut (Tutancâmon) mostrou-se a mais rica e proveitosa. Sua sepultura era uma
série de quatro aposentos, dois deles repletos de carruagens, finos móveis, curiosas
caixas e arcas artisticamente pintadas, cofres com incrustações, cheios de finos linhos e
sedas, e inumeráveis e ricas mudas de roupa de todo tipo conhecidas pela realeza na
época. Um manto de complicados adornos continha quase 50 mil lantejoulas, e toda a
superfície das sandálias que os sentinelas da entrada usavam era coberta com dourações
de ouro puro. Carter passou três semanas inspecionando, recondicionando e cuidando
com esmero dos muitos objetos que se achavam apenas em uma dessas belas arcas de
madeira pintada, cujo exterior, segundo ele, “sobrepujava em muito qualquer coisa
desse tipo que o Egito houvesse produzido”. Por quase toda parte, havia arcas de jóias e
de pedras preciosas, finos trabalhos de bronze e placas de pérola e de ouro. O terceiro
aposento era o “quarto do tesouro”, cuja entrada era guardada por uma figura de ébano e
ouro do deus-chacal Anúbis, agachado em cima de um belo altar. Por trás da estátua,
havia caixas, relicários, barcas-modelo, outra carruagem e uma fileira de cofres de
madeira ornados de ouro e com incrustações de louça fina. O achado mais importante
desse aposento, contudo, foi uma grande arca em forma de relicário montada em um
trenó de madeira. Por cima do relicário, havia uma cornija de cobras sagradas com
incrustações de ouro. Em cada uma das quatro esquinas, via-se uma deusa, cujos braços
estirados rodeavam o relicário em atitude protetora. Quando este foi desmontado,
encontrou-se um trenó menor, coberto com um pano mortuário de linho. Debaixo do
pano, havia uma arca de alabastro transparente e dentro da arca quatro féretros de ouro
em miniatura, com incrustações, contendo as vísceras do rei. Esse relicário canópico
não só representava a máxima expressão da ourivesaria e da joalheria egípcias, como
fazia lembrar a ornamentada arca da aliança, fabricada havia mais de um século, no
monte Sinai, por Moisés e outros artesãos hebreus. O aposento da tumba era ainda mais
formoso. Continha quatro relicários, um dentro do outro, cada um “semelhante em
desenho e de brilhante mão-de-obra”. Quando Carter rompeu o selo e abriu os ferrolhos
da última porta, viu “um enorme sarcófago amarelo de quartzita, ainda intacto, tal como
mãos piedosas ali o haviam deixado”. O sarcófago estava cheio de inscrições e pinturas
religiosas e coberto com uma bela tampa de granito rosa. Nas quatro esquinas do
sarcófago, em baixo-relevo, viam-se quatro deusas: Ísis, Neftis, Neith e Selket, que
estendiam braços e asas em atitude protetora, “como para barrar” qualquer intruso que
tentasse perturbar o rei que descansava em seu interior. Sob a tampa de 1150 kg e
debaixo de um sudário de linho, havia uma magnífica efígie de ouro do jovem rei, que
enchia o interior do sarcófago. Os braços estavam cruzados sobre o peito, e as mãos
sustentavam o malho e o cetro (vara e báculo), ambos de ouro e adornados com lápislazúli.
Na fronte, ao redor dos emblemas reais, havia uma pequena coroa de flores,
oferenda de despedida da jovem rainha viúva para o esposo. O magnífico ataúde
encerrava outro, também mumiforme e de beleza semelhante à do primeiro. Dentro do
segundo féretro, havia um terceiro e último, de ouro sólido e adornado com jóias. Esse
ataúde em forma de múmia pesava cerca de 828 kg, e é quase impossível determinar seu
valor monetário. Sob a última tampa, estava a múmia do rei. Sobre seu rosto, estava seu
retrato em ouro, e ao redor do corpo mumificado havia 143 objetos, na maioria de ouro
ou de pedras preciosas.
Ataúde de ouro maciço do rei Tutancâmon, que pesa cerca de 828 kg. Ajusta-se à
forma do corpo, e sua fabricação é tão perfeita que é considerado um dos achados
mais primorosos do Egito.

Ver tb: Jr 46:25, Ez 30:14
4482 - TESSALÔNICA foi a segunda cidade européia a escutar a pregação de Paulo e
provavelmente a primeira igreja a receber uma de suas epístolas. Hoje é conhecida
como Salônica. Por estar situada na grande estrada militar do norte, que ia da Itália até o
Oriente (conhecida como a via Inaciana), era um estratégico centro militar e comercial
nos dias de Paulo.
Conta-nos Lucas, na versão grega original de Atos 17:6,8, que os magistrados e
funcionários oficiais da cidade eram chamados politarcas. Durante muitos anos, os
críticos afirmaram que esse nome ou título não aparecia em nenhum outro documento
grego e que, portanto, Lucas havia cometido um erro ao empregá-lo. Tempos depois, no
entanto, o título foi encontrado escrito em diversas ruínas de Tessalônica. As inscrições
mais importantes estavam no arco da porta de Vardar, que se estendia sobre a via
Inaciana, na entrada ocidental da cidade. A inscrição, em parte, diz: “No tempo dos
politarcas, Sosípatros, filho de Cleópatra, e Lúcio Pontio Públio Flávio Sabino,
Demétrio, filho de Fausto, Demétrio de Nicópolis, Zoilo, filho de Parmênio, e Menisco
Gaia Agileu Poteito...”.A inscrição menciona os seis funcionários da cidade que
encabeçavam a “assembléia do povo”. Sem dúvida, Paulo e Lucas passaram por essa
porta e notaram a inscrição. Lucas referiu-se aos magistrados de maneira correta, dandolhes
o título aparentemente utilizado apenas nessa parte do país. O arco foi derrubado
durante um motim em 1876. Depois disso, a inscrição foi adquirida pelos ingleses e
hoje encontra-se no Museu Britânico.
Fórum romano em Tessalônica.

Ver tb: At 17:1, At 17:11, At 27:2, Fp 4:16, 2Tm 4:10
4483 - TIRO, o porto marítimo mais famoso das antigas terras bíblicas, situava-se 32
km ao sul de Sidom, em uma ilha a 1 km da terra firme. A cidade contava com dois
portos, um no norte e outro no sul. Os muros eram de grande altura, especialmente no
lado que dava para a terra firme. Os artesãos fabricavam artigos e diferentes produtos
artísticos de bronze e de prata e preparavam a tinta púrpura que tornou Tiro famosa. Os
mercadores comerciavam com as muitas terras do Mediterrâneo, inclusive com as
distantes ilhas Britânicas. Tiro tornou-se uma “bem povoada e afamada cidade”. Mas o
profeta assegura que a cidade pereceu: “Como você está destruída, ó cidade de renome,
povoada por homens do mar! Você era um poder nos mares, você e os seus cidadãos;
você impunha pavor a todos os que ali vivem” (Ez 26:17). Reis e militares de muitos
países sitiaram Tiro, mas não puderam apoderar-se da cidade. Em 333 a.C., Alexandre
Magno tomou-a, após sete meses de assédio. Tiro, no entanto, reergueu-se pouco a
pouco até se tornar centro de comércio na época do Império Romano. Em séculos
recentes, porém, o lugar foi reduzido em tamanho. Os portos estão cheios de ruínas e
são pouco mais que “um local propício para estender redes de pesca” (Ez 26:14).
Ver tb: Js 19:29, 2Sm 5:11, 2Sm 24:7, 1Rs 7:13, 1Rs 9:11, Sl 45:12, Sl 87:4, Is 23:1, Is
23:5, Is 23:15, Ez 26:2, Ez 26:15, Ez 27:3, Ez 27:8, Ez 27:32, Jl 3:4, Am 1:9, Zc 9:3, Mt
11:21, Mt 15:21, Mc 7:24, Mc 7:31, Lc 6:18, Lc 10:14, At 12:20, At 21:3
4484 - TIRZA, atualmente identificada com o grande Tell el-Farah, situa-se 11 km a
noroeste de Nablus. Algum tempo depois da divisão da monarquia, Jeroboão fez da
cidade a capital de seu reino (1Rs 14:17). Após a morte desse rei, no entanto, a cidade
padeceu muitos anos de turbulenta história. Onri assediou-a e a tomou em 884 a.C.
Governou ali seis anos, antes de mudar a capital para Samaria. Pere de Vaux, do
Colégio Bíblico Dominicano de Jerusalém, escavou o montículo ao longo de várias
temporadas depois de 1949 e descobriu quatro períodos que correspondem à história
bíblica da cidade. O período I (terceiro nível no tell) finalizou de maneira súbita mais ou
menos na época em que Onri tomou o lugar. Na época de Onri, as casas eram de
construção sólida e possuíam pátios. Cada casa era a morada de uma família israelita.
Começaram a construir também grandes edifícios administrativos, mas estes nunca
foram terminados. Segundo o responsável pela escavação, isso representa as condições
da cidade no momento em que Onri a abandonou e mudou a capital para Samaria. O
nível seguinte da cidade corresponde à época de Amós e Oséias. Há um grande
contraste entre as casas. Muitas eram pobres, enquanto outras davam sinais de ter sido
ricas e luxuosas. Amós assim se referiu a essa geração: “Vocês oprimem o pobre e o
forçam a dar-lhes o trigo. Por isso, embora vocês tenham construído mansões de pedra,
nelas não morarão; embora tenham plantado vinhas verdejantes, não beberão do seu
vinho” (Am 5:11). Oséias disse: “Israel esqueceu o seu Criador e construiu palácios;
Judá fortificou muitas cidades. Mas sobre as suas cidades enviarei fogo que consumirá
suas fortalezas” (Os 8:14). Pere situa essa destruição no ano 723 a.C., quando Tirza foi
capturada, e o povoado, desmantelado pelos assírios. Outro povoado levantou-se sobre
as ruínas, mas seus moradores nunca mais conheceram o antigo nível de prosperidade.
Ver tb: Js 12:24, 1Rs 14:17, 1Rs 15:21, 1Rs 15:33, 1Rs 16:6, 1Rs 16:15, 1Rs 16:23, 2Rs
15:14
4485 - TRÔADE é a cidade onde Paulo teve a visão noturna na qual viu um
macedônio que lhe dizia: “Passe à Macedônia e ajude-nos” (At 16:8-11). Situa-se a
pouca distância a sudoeste da antiga Tróia da Ilíada e da Odisséia de Homero. As ruínas
de Trôade foram saqueadas para ser usadas em construções, mas ainda ficaram muitos
vestígios dos muros, do anfiteatro, do templo e do ginásio, que comprovam a
importância da cidade, mas nada foi descoberto que indique onde Paulo teve a visão.
Ver tb: At 16:8, At 16:11, At 20:5, 2Co 2:12
4486 - UR (dos caldeus), atualmente conhecida como Tell Mugheir [Montículo de
Betume], situa-se 224 km ao sul do local da antiga Babilônia e 240 km a noroeste do
golfo Pérsico. As ruínas principais, que cobrem uma superfície de 61 ha, foram
escavadas por J. E. Taylor (1854), H. R. Hall (1919) e C. Leonard Woolley (1922-
1934).Taylor desenterrou porções de uma grande torre-templo ou zigurate, que ascendia
em três pisos à altura de 21 m. Em cada uma de suas quatro esquinas, havia um nicho
com cilindros inscritos (registros dos fundamentos) que traziam o nome da cidade, de
seu fundador e dos que trabalharam nas reconstruções periódicas do zigurate. Na sala de
um templo próximo, entre o lixo acumulado, havia uma coleção de tabuinhas
cuneiformes. Em uma delas, o rei Nabonido (556-536 a.C.) faz referência à edificação e
aos reparos periódicos do grande zigurate. Há também uma oração a Nannar, o deus-lua,
a favor do próprio rei e de seu filho Belsazar, para que fosse “guardado do pecado” e
“estivesse satisfeito com a abundância da vida”. Essas e outras inscrições confirmam o
relato bíblico sobre Belsazar. Hall explorou o lado sudoeste do imponente zigurate e
deixou ainda mais exposta a área do templo. Woolley completou as escavações em
torno do grande zigurate e dos templos, na área sagrada, prosseguindo até deixar
expostos 10 km2 da cidade do tempo de Abraão. O arqueólogo encontrou largos
desembocadouros, muitos edifícios comerciais e numerosas casas de dois pisos, com
pátios, fontes, chaminés e sistema sanitário. Havia capelas de adoração espalhadas por
toda a área residencial, bem como edifícios escolares com livros de argila, indicando
que os caldeus ensinavam leitura, escritura, aritmética, gramática e história. Um grande
arquivo de registros do templo revelava que a religião, inclusive os serviços do templo,
eram sustentados com ofertas do povo e pelo comércio. Foram realizadas sensacionais
descobertas nos cemitérios. As tumbas reais continham em abundância objetos de ouro,
prata, lápis-lazúli e materiais de menor valor. Algumas tumbas guardavam até 68
esqueletos de pessoas que faziam parte da comitiva: guardas, músicos e criados que
haviam marchado ao fosso da morte, em sacrifício, para acompanharem seu rei ou sua
rainha na outra vida. Para os estudiosos da Bíblia, a descoberta mais importante foi um
estrato de argila e areia limpas, depositado pelas águas, de 2,5 m de espessura, com
indícios de ocupação em cima e em baixo, mostrando “uma ruptura definitiva na
continuidade da cultura local”. Segundo o arqueólogo, “nenhuma subida comum dos
rios deixaria atrás de si algo que sequer se aproximasse do volume dessa terraplenagem
de argila [...] A inundação que depositou esses restos deve ter sido de magnitude sem
paralelo na história local [...] Não há dúvida de que essa inundação foi o dilúvio das
histórias e lendas sumérias, no qual se baseia a história de Noé”.
VALE DO CEDROM (v. Cedrom, Vale do)
A estela de Ur-Nammu, encontrada no piso do Palácio da Justiça de Ur.

Ruínas do grande zigurate de Ur.

Ver tb: Gn 11:28, Gn 11:31, Gn 15:7, Ne 9:7, At 7:4
4487 - ZOÃ, conforme menciona a Bíblia, foi edificada sete anos depois de Hebrom
(Nm 13:22), era uma cidade real egípcia de abastecimento. Situava-se 29 km a sudeste
de Damieta, perto da desembocadura do braço oriental do rio Nilo. Os gregos a
chamavam Tânis, e tudo indica que tenha sido chamada Avaris pelos reis hicsos, que a
transformaram em sua capital até ela ser capturada por Amósis I, em 1580 a.C.O local
onde está Zoã, agora chamada San el-Hagar, foi escavado por Mariette em 1860, por
Petrie em 1884 e por P. Montet em 1929. Eles encontraram muitas estátuas, algumas
esfinges e as extensas ruínas de um enorme templo. Nesse templo, havia uma estela
com o nome de Ramessés II (1290-1224 a.C.). O faraó havia ampliado e embelezado o
templo e a cidade, mas, em harmonia com seus habituais alardes de grandeza, declarou
que havia “edificado” o lugar e o chamara Per Ramessés [Casa de Ramessés]. Também
foi encontrado um colosso de granito que Ramessés mandou construir, representando
ele mesmo. Partindo das medidas dos fragmentos, o dr. Petrie calculou que a estátua
media 28 m de altura, sendo a de maior altura e tamanho já construída para representar
um indivíduo até hoje.
Ver tb: Gn 47:11, Êx 1:11, Êx 12:37, Nm 13:22, Nm 33:3, Is 19:11, Ez 30:14
4488 - ZORÁ, a cidade de Sansão, o homem forte (Jz 13:2,25; 16:31), é agora
chamada Suráh e está situada 24 km a oeste de Jerusalém, sobre uma elevada colina ao
norte do vale de Soreque. Os muçulmanos têm nela um sólido altar de pedra em
memória de Sansão. Ela é conhecida geralmente como “o lar de Sansão”. Perto do local
da cidade, há um extraordinário altar de pedra, construído segundo modelo do altar
edificado pelos judeus no tempo dos juízes. Muitos especialistas acreditam que bem
poderia ser o altar em que Manoá ofereceu holocausto e em cuja chama o Anjo do
Senhor subiu para o céu (Jz 13:19,20)
Ver tb: Js 19:41, Jz 13:2, Jz 13:25, Jz 16:31, Jz 18:2, 2Cr 11:10, Ne 11:29